23 de outubro de 2024

Baixista que perdeu quatro dedos da mão em acidente de buggy se apresenta em show: ‘Recomeço’; VÍDEO

Guilherme Goes perdeu os dedos da mão direita em um acidente de buggy em Campos do Jordão (SP). Ele subiu ao palco e tocou algumas músicas no show de lançamento do álbum ‘Pouso’ da banda Zimbra. Baixista que perdeu quatro dedos da mão em acidente de buggy sobe ao palco para tocar
O baixista da banda Zimbra que perdeu quatro dedos da mão direita após sofrer um acidente de buggy durante uma viagem a Campos do Jordão (SP) subiu em um palco pela primeira vez três meses depois do ocorrido. Ao g1, Guilherme Goes, de 29 anos, considerou o “recomeço” como um dia para lembrar para o “resto da vida” (assista acima).
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O músico sofreu o acidente em 20 de julho. Ao g1, ele revelou que estava habituado a tocar instrumentos usando apenas um dedo mesmo antes do ocorrido. “Quando eu vi que estava com meu dedão, só consegui agradecer”, disse ele.
A volta aos palcos aconteceu exatos três meses depois do acidente. Guilherme se apresentou durante o lançamento do disco ‘Pouso’, da banda Zimbra, no Cine Joia, no bairro Liberdade, em São Paulo.
Ao g1, o artista contou ter tocado o contrabaixo pela primeira vez após o acidente no dia do último ensaio antes do show. “Consegui reproduzir, tocar e tirei um peso gigante das minhas costas, vi que ia ser possível”, disse ele.
De acordo com Guilherme, o dedão ainda está “sensível” por ter ficado sem tocar os instrumentos. Apesar disso, o jovem conseguiu usar o membro para se apresentar, apostando também em uma palheta que, segundo ele, também deixou o som “interessante”.
Baixista que perdeu quatro dedos da mão em acidente de buggy sobe ao palco para tocar com a banda Zimbra
Redes Sociais
Volta aos palcos
O baixista contou que, durante o ensaio na sexta-feira (18), o grupo combinou que ele participaria do show de duas formas: em uma introdução com a leitura de um texto e, em seguida, cantando a música ‘Viva’ junto com os companheiros de banda.
Apesar disso, os membros do grupo decidiram ensaiar outra música juntos, com Guilherme no contrabaixo, e então decidiram que ele tocaria o instrumento na canção ‘Eu vi tudo’.
“Foi emocionante. Escondi essa informação [que tocaria contrabaixo] de todo mundo. [A] minha esposa, meus amigos, minha mãe, que foram no show ficaram surpresos e emocionados”, disse ele.
Baixista que perdeu quatro dedos da mão em acidente de buggy sobe ao palco para tocar com a banda Zimbra
Redes Sociais e Reprodução
O artista disse que se sentiu sem um “peso nas costas” após perceber que conseguiria tocar o contrabaixo. “Tu afirmar que vai conseguir é uma coisa, o trabalho mental é super importante, mas você sentar e conseguir concretizar é outra […]. Para mim foi muito emocionante”.
Guilherme contou que, a princípio, não irá voltar aos palcos de imediato, pois ainda é necessário que a mão cicatrize. No momento, ele pretende focar na fisioterapia para retornar, de fato, o mais breve possível. “[Foi] um dia que vou lembrar para o resto da minha vida, e para mim marca já um recomeço”.
Nas redes sociais, ele disse que ainda estava assimilando a situação. “A vida é incrível […] Fizeram três meses exatos do meu acidente, e eu pude subir no palco com meus irmãos, falar, cantar e, principalmente, tocar uma música no baixo em cima de um palco novamente”.
Ao g1, o vocalista Rafael Costa, conhecido como Bola, disse que foi difícil segurar o choro ao ver Guilherme tocando com a banda no palco. “Tanto que eu mesmo nem consegui [segurar] muito. Enfim, o início de um recomeço, né? Foi demais. Inesquecível”.
Tocando com o dedão
Na semana passada, Guilherme publicou um vídeo tocando violão apenas com o dedão. Ele apareceu tocando a música “Eu vi tudo”, da banda Zimbra, no violão. A canção faz parte do álbum recém-lançado ‘Pouso’. Na publicação, o artista deixou o recado: ‘De grão em grão’ (assista abaixo).
“Comprei aquelas palhetas de dedal para colocar no dedo e já comecei a pegar o violão, assim para praticar. O baixo ainda não peguei, mas vou pegar essa semana agora para meio que começar aos pouquinhos”, explicou ele, sobre a adaptação após o acidente.
Guilherme acrescentou que voltou a tocar violão “aos poucos”, uma vez que ainda tem pontos na mão. “Deu uma ‘saudadinha’ de tocar, mas agora tirando os pontos de vez, vou focar bastante nisso”.
Baixista da banda Zimbra que perdeu quatro dedos posta vídeo tocando violão com o dedão
O baixista disse também ter recebido uma “boa notícia” sobre o enxerto de pele feito na mão. “Agora é só esperar mesmo as coisas melhorarem. Já tirei quase todos os pontos”, explicou o músico.
Após a retirada dos pontos, prevista para 17 de outubro, Guilherme deve começar a temporada de fisioterapia, terapia ocupacional e a readequação para tocar contrabaixo. “Mas já está dando para dar uma ‘arranhada’ no violão com essa palheta”, comemorou.
Guilherme Goes, baixista da Zimbra, que perdeu quatro dedos e recebeu alta após dois meses posta vídeo tocando violão
Reprodução
Alta do hospital
Guilherme teve alta em 20 de setembro, após um período de 62 dias internado na Santa Casa de Santos. Pouco depois de ser liberado, ele contou ao g1 que estava feliz em voltar para casa e ficar perto da filha, esposa e demais familiares. Além disso, o músico afirmou que estava cheio de energia.
Guilherme contou que passou por acompanhamento psicológico no hospital e que muitas pessoas se surpreenderam com a forma que ele conduziu a situação com paciência. “Muita gente não aceita o tipo de lesão que eu tive. É uma coisa muito séria, um luto”, disse à época.
Encarar a situação com paciência foi escolha do músico. “Vou lamentar e ficar em depressão ou vou tocar a minha vida. Estou lidando mais como livramento o que aconteceu comigo. Ainda tenho meu dedo aqui. Poderia ter acontecido coisa muito pior, foi um tempo de internação longo, mas foi bom para ressignificar muita coisa na minha vida”.
Guilherme, baixista da banda Zimbra, teve alta após 62 dias internado, em Santos (SP)
Reprodução
Período de internação
Guilherme explicou, logo após o acidente, ter previsão de alta nas primeiras semanas de internação. Apesar disso, a parte de cima da mão começou a necrosar.
O longo período de internação foi necessário para delimitar a área necrosada, que precisou ser removida em cirurgia, seguida de um enxerto de pele.
Guilherme realizou 30 sessões na câmara hiperbárica, que ajudaram a delimitar a necrose e aceleraram a cicatrização da parte inferior da mão. Após a remoção da área necrosada, não foi possível fazer o enxerto de pele imediatamente devido à presença de secreção.
O músico recebeu antibióticos e passou por uma coleta para análise, que identificou duas bactérias. Guilherme precisou tomar medicação por mais 15 dias antes do enxerto.
O baixista relatou que essa fase final no hospital foi a mais difícil, marcada por reações ao antibiótico e por múltiplas tentativas de encontrar uma veia para as infusões.
“Foi bem desgastante nessa reta final, mas fui contribuído com uma cirurgia que deu certo e no pós-operatório já tive alta. Estou mega feliz, já estou com minha família, minha filha, minha esposa. Agora é a hora do recomeço”, disse.
Lançamento do ‘Pouso’
Banda Zimbra
Reprodução
A banda Zimbra lançou o disco ‘Pouso’ em 30 de agosto nas plataformas digitais. Na ocasião, Guilherme ainda estava internado. Para ele, foi difícil já que o grupo tinha planos em relação ao lançamento de conteúdo e clipes.
O baixista afirmou à época que o tanto o single ‘O que era certo’ e o álbum ‘Pouso’ seguiram o planejamento e foram lançados nas datas que já haviam sido combinadas. Do hospital, ele acompanhou a repercussão nas redes sociais.
“Mesmo estando lá internado, de lá tive muito tempo para ficar na internet, e acompanhei bem de perto a recepção do público com o disco. Fazia bastante tempo que não tinha uma recepção tão boa de um trabalho lançado. Foi muito gratificante”, disse.
O acidente
Baixista da banda Zimbra perde quatro dedos após acidente de buggy
De acordo com o baixista, uma amiga o levou imediatamente até um hospital em Campos do Jordão (SP), mas, como não era possível implantar os dedos, após os primeiros socorros, foi transferido à Santa Casa de Santos (SP), onde passou por cirurgia e permanece internado.
“No momento em que ele [buggy] capotou, vi que tinha sofrido esse acidente e perdido os dedos. Eu não apaguei, fiquei super consciente, fiquei até muito sóbrio pela gravidade do acidente”, relembrou Guilherme.
Guilherme contou que ficou em choque no momento do acidente e que traumatizado nos primeiros dias hospitalizado. No entanto, faz questão de agradecer por estar vivo e não ter perdido o polegar.
Guilherme Goes, baixista da banda Zimbra, perdeu quatro dedos da mão direita em acidente de buggy
Reprodução/Redes Sociais
Em agosto, o médico que acompanha o caso, que também é diretor técnico da Santa Casa de Santos, Alex Macedo, disse ao g1 que Guilherme pode voltar aos palcos tocando o contrabaixo com apenas o polegar.
“O polegar é extremamente ágil. Então, acho que com pouco grau de treinamento ele conseguirá voltar a tocar o contrabaixo com um dedo só. […] É possível que ele volte. Vai depender do treinamento, da dedicação dele, mas é possível voltar a tocar o contrabaixo com apenas um dedo”, disse Macedo.
No caso de Guilherme, o médico explicou que ele perdeu os dedos: indicador, médio, anelar e o mindinho. “Ele já chegou para a gente com os dedos amputados […]. Nós não temos os detalhes de como chegou [após o acidente] para saber da possibilidade do implante ou não”.
Banda Zimbra
Com estilo de pop rock, a banda Zimbra foi formada em 2011, pelos músicos santistas Rafael Costa (vocal), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria), e ficou conhecida com um repertório autoral, que gerou diversos CDs, singles, clipes e álbuns. A música ‘Me Mude’, inclusive, chegou a ser trilha sonora da série ‘Shippados’, da Globoplay.
O grupo se apresenta por todo o país e já dividiu palco com artistas como Nasi (Ira!), Teatro Mágico, NX Zero, Natiruts, Capital Inicial, Fresno, Supercombo e Scalene. Além disso, o grupo já participou de importantes festivais, como Lollapalooza (2015) e Rock in Rio (2019).
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