13 de outubro de 2024

Banco diz que contas citadas em processo que derrubou ex-prefeito de Sorocaba por pagamento de falso voluntariado não existem

g1 teve acesso ao documento relatando que contas não estão no sistema de instituição financeira. Caso do falso voluntariado, que é de 2019, derrubou então prefeito José Crespo, que foi cassado pela Câmara de Sorocaba. Galeria comemorou cassação de Crespo em Sorocaba (SP), em 2019
Carlos Dias/G1
As contas bancárias citadas em uma denúncia de falso voluntariado que derrubou o ex-prefeito de Sorocaba (SP), José Crespo, em 2019, não existem. Na época, Tatiane Polis foi flagrada trabalhando em um evento oficial, supostamente como voluntária, após ser o estopim de uma crise política (relembre o caso abaixo).
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De acordo com o processo, ao qual o g1 teve acesso, as contas – da pessoa que teria enviado os valores e da pessoa que teria recebido -, não existem. As informações são da instituição financeira onde as contas estariam cadastradas.
O documento relata informações sobre o cumprimento do mandado judicial sobre o caso. Foram feitas pesquisas das contas atuais e das contas inativas do banco, todas com resultado negativo.
O banco ainda informou que as contas apresentadas diferem dos padrões numéricos das contas existentes na agência. Outra informação é de que a pessoa que teria enviado valores para Tatiane Regina Goes Polis, então voluntária da Prefeitura de Sorocaba, tem e sempre teve apenas uma conta na instituição e que o número não é o informado na ação.
Tatiane Regina Goes Polis, ainda conforme o banco, tinha outra conta na instituição bancária, com número diferente do que consta na ação judicial, mas que essa conta teve a última movimentação em janeiro de 2019.
O jurídico do banco onde deveriam constar as contas informou na ação que essas contas indicadas são inválidas no sistema do banco. Os dados foram apresentados em setembro deste ano à Justiça.
É importante ressaltar que, até o momento, ainda não há nenhuma decisão sobre o caso. Outra informação importante é de que esse não é o único elemento da denúncia. A ação tramita sob sigilo.
Sessão extraordinária que cassou mandato de José Crespo em Sorocaba
Carlos Dias/G1
Citados na ação
A advogada Elaine Gaidukas, que defende Tatiane Polis, afirmou que foi pedido, de maneira conclusiva, um laudo sobre a veracidade do extrato. “E foi feito isso junto à agência, foi confirmado, voltou o resultado que nem a conta do funcionário da prefeitura nem a conta que seria da senhora Tatiana Polis existe, é inexistente”, afirma.
“Então, o que se levou a crer e comprovar, que o comprovante bancário, ele é falso, ele não tem veracidade. Nós, como defesa, estamos bem confiantes nessa defesa de absolvição da Sra. Tatiana Polis. O processo já se encontra no final da instrução e agora segue para alegações finais e sentença.”
O advogado Marcio Leme, que representa José Crespo na ação, afirmou que, desde a época da CPI, e das investigações policiais, o ex-prefeito abriu suas contas bancárias e “pediu que viessem aos autos os extratos bancários de servidores comissionados citados, que estariam repassando parcela de seu salário para Tatiane”.
“Agora, veio aos autos documento do banco e a declaração da gerente que esclarece expressamente que referida transferência nunca existiu e que o documento usado pela CPI contém informações que não existem nos cadastros do banco, sequer os dados bancários correspondem as pessoas investigadas. Ao que parece, houve a montagem de um documento falso, de um TED, para gerar um escândalo político para justificar a perseguição do Prefeito. A Defesa pretende adotar as medidas para esclarecer qual a origem e quem foi o responsável por essa montagem.”
Entenda o caso
A ex-servidora da Prefeitura de Sorocaba, em fevereiro de 2019, foi flagrada atuando em um programa que atendia bairros no município. À época, a prefeitura afirmou que o trabalho era voluntário. Faltava, entretanto, documentos para comprar a situação.
No meio de toda a questão, a prefeitura chegou a informar que a ex-assessora “era voluntária informal, uma colaboradora esporádica”, desde que havia pedido exoneração do cargo, em julho de 2017. Mais tarde, houve a denúncia de que ele recebia R$ 11 mil por mês para exercer as atividades, que deveriam ser voluntárias.
Uma CPI foi aberta para investigar o caso. Após isso, o então prefeito foi alvo de uma Comissão Processante, que culminou em sua cassação, em 2 de agosto de 2019.
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