21 de setembro de 2024

Bar no Centro de São Paulo ajuda a preservar a memória do cinema brasileiro

O visitante encontra diversos objetos e cartazes originais da chamada Época de Ouro, além da exibição de filmes em projetor 16 mm. Bar no Centro de São Paulo ajuda a preservar a memória do cinema brasileiro
Um bar no Centro de São Paulo, que agora também é um museu, está ajudando a preservar a memória do cinema brasileiro.
À primeira vista, é o rolo de um filme. Mas pode ser também uma veia do coração de São Paulo. A reunião de amigos é simbólica: o endereço abrigou por muitos anos o bar Soberano, ponto de encontro de diretores, roteiristas e atores do cinema independente conhecido como Boca do Lixo.
“Tem uma história que eu adoro do Soberano que é: não tinha telefone celular, onde se encontravam? Cadê o José Mojica Marins? Cadê o Oswaldo Candeias? Onde estão essas pessoas? Ligava-se no Soberano para encontrar essas pessoas, e quem atendia era o Seu Serafim, o dono do Soberano. Então é uma história viva”, conta a jornalista Renata Forato.
Nas décadas de 1960, 1970 e 1980, a chamada Época de Ouro, mais de mil filmes foram produzidos na região: da pornochanchada ao terror, da comédia ao faroeste.
“Essa já foi a esquina mais famosa do cinema brasileiro. Aqui, onde a Rua do Triunfo encontra a Rua Vitória, na região conhecida como Boca do Lixo, existiam os escritórios das maiores empresas distribuidoras e produtoras de cinema”, disse Rubens Ewald Filho em janeiro de 1990.
“Só de revisitar a memória e estimular as próximas gerações a respeitar esse território e fazerem cinema, eu acho que é importante para o cinema brasileiro, para cultura, para o centro histórico. Eu acho que o centro histórico tem que voltar a ser visitado, frequentado”, diz o cineasta e produtor Marcelo Colaiácovo.
Graças a um projeto independente, liderado pelo Marcelo e pela Renata, o espaço foi transformado de novo para preservar a memória da produção cinematográfica no Brasil e resgatar a essência do Centro de São Paulo. O visitante encontra diversos objetos e cartazes originais da época, além da exibição de filmes em projetor 16 mm.
O cineasta Vírgilio Roveda foi um dos profissionais mais atuantes daquele tempo. Colaborou com mais de 50 longas-metragens.
“Aprendi fazer cinema, distribuir filmes e exibir filmes. Quer dizer, todo o ciclo fechei aqui na boca do cinema paulista”, diz.
Como atriz, a Débora Munhyz participou de cerca de 75 filmes.
“Eu cheguei a participar de três, quatro produções simultâneas. Então, isso aqui era uma fábrica de cinema”, afirma.
Detrás das cortinas existe uma exposição inédita que busca explorar as diversas faces de um dos grandes ícones do cinema no Brasil. As relíquias vão além, muito além do Zé do Caixão.
“A gente mostrando essas colagens inéditas, mostra como ele é criativo e diverso na temática e experimental. Ele não é só cineasta, ator. Ele é um multiartista”, diz Marcelo Colaiácovo.

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