Embarcação com corpos foi achada por pescadores na cidade de Bragança, no nordeste do Pará, no dia 13 de abril. Corpos foram enterrados em Belém, na quinta-feira (25), em cerimônia que contou com a presença de agentes que participaram das investigações e perícias. Covas foram abertas para receber os corpos durante a cerimônia.
Reprodução / Redes sociais
A Polícia Federal informou que é improvável que os corpos encontrados no barco à deriva no litoral do Pará sejam repatriados devido aos custos que isso requer. Neste sábado (27), o caso completa duas semanas e as vítimas seguem sem identificação.
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As investigações apontam que o barco deixou a Mauritânia em janeiro deste ano rumo às Ilhas Canárias, em uma rota migratória da África para a Europa. A suspeita é que a embarcação tenha ficado à deriva e vindo parar no litoral paraense.
Os nove mortos são todos homens adultos de países da África. De acordo com a PF, faltam mais duas etapas do protocolo da Interpol para concluir o trabalho de identificação dos corpos.
Barco foi encontrado à deriva no Pará com corpos no fundo da embarcação em estado de decomposição
Reprodução
Veja abaixo a cronologia do caso
13 de abril
Os corpos foram achados por pescadores na cidade de Bragança, no nordeste do Pará. Ao verificarem que havia corpos, avisaram as autoridades.
A embarcação com cerca de 15 metros de comprimento, por 2 metros de largura, estava na Baía do Maiaú, próximo a ilha de Canelas.
Polícia Federal abriu inquérito para apurar a nacionalidade das vítimas e as circunstâncias da morte.
Ministério Público Federal (MPF) abriu duas investigações sobre o caso, uma na área criminal e outra civil.
Dois agentes da PF estiveram no local para avaliar o barco e viram os corpos amontoados em estado de decomposição.
Uma equipe de peritos e papiloscopistas de Brasília foi acionada para vir ao Pará e analisar o caso.
14 de abril
Autoridades federais, estaduais e municipais participaram do resgate do barco encontrado à deriva com corpos;
As equipes avaliaram que a melhor opção era rebocar a embarcação para o Porto na comunidade ‘Vila do Castelo’, na cidade de Bragança.
A área tinha muitos bancos de areia e só foi possível chegar lá só com a alta da maré.
O reboque da embarcação do mar até terra firme foi acompanhado por uma aeronave durante o dia. O barco só chegou à terra firme para o início da perícia na noite.
15 de abril
Por volta da 1h os agentes começaram a tentar içar o barco com auxílio de uma máquina retroescavadeira, para retirá-lo da margem do porto e colocá-lo em um caminhão.
O barco foi colocado em um caminhão prancha e transportado até o IML, em Bragança. O transporte levou cerca de três horas.
No IML foram feitos os trabalhos de necropsia, exames cadavéricos, tanto da Polícia Federal quanto da Polícia Científica do Estado.
16 de abril
A PF informou que nove corpos foram encontrados. Do total, oito estavam dentro da embarcação e um próximo a ela, em circunstâncias que sugerem que ele fazia parte do mesmo grupo de vítimas.
Documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali.
Para estabelecer a identidade dos corpos, foram adotados protocolos de identificação de vítimas de desastres da Interpol (DVI).
Segundo a Marinha do Brasil, o barco foi fabricado com fibra de vidro e está sem motores ou quaisquer sistemas de propulsão e direção.
Um caminhão frigorífico transportou os corpos de Bragança até o Instituto Médico Legal (IML) de Belém.
Caminhão frigorífico chega a Belém com corpos achados em barco no litoral de Bragança, PA
17 de abril
A embarcação saiu às 9h do IML de Bragança, em cima de um caminhão, e chegou às 14h na Base Naval da capital paraense. A viagem durou cerca de cinco horas.
A Marinha do Brasil informou que o barco passaria por perícia para buscar indícios que esclareçam as causas do acidente.
Há suspeitas de que ao menos 25 pessoas estavam no barco, que pode ter atravessado o Oceano Atlântico, da África ao Brasil, sem motor, nem leme.
18 de abril
Segundo a PF, peritos encontraram 27 celulares no barco. Os aparelhos foram encaminhados para exames periciais no Instituto Nacional de Criminalística em Brasília (DF).
Os agentes federais e a Polícia Científica do Pará realizaram os exames dos oito corpos retirados do barco e do nono, encontrado próximo.
A PF afirmou que os nove corpos serão temporariamente sepultados em Belém, até que as identidades sejam identificadas e as famílias das vítimas comunicadas.
19 de abril
A embarcação encontrada com corpos no litoral do Pará tinha espaço para um motor de pequeno porte, segundo o capitão dos Portos da Amazônia Oriental, Ewerton Calfa.
A perícia apontou que o barco foi construído de forma artesanal, encontrado sem motor, leme ou sistema de direção.
23 de abril
A PF disse que os trabalhos de perícia para tentar decifrar a identidade das vítimas ainda estão em andamento e, por enquanto, não trouxeram resultados decisivos.
Os laudos serão encaminhados para Interpol, que vai solicitar ajuda a países africanos para tentar descobrir as identidades das vítimas.
Os 27 celulares encontrados na embarcação estão danificados. Os aparelhos ficaram muito tempo molhados e as chances de extração de informação são pequenas, segundo fontes que acompanham o caso.
Além das nove vítimas, a investigação acredita que o barco tinha capacidade máxima de comportar entre 30 e 40 pessoas.
Agentes públicos ao lado dos caixões com as vítimas, em Belém.
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25 de abril
Os corpos foram enterrados no cemitério São Jorge, durante uma cerimônia que contou com a presença de agentes que participaram das investigações e perícias.
De acordo com a direção do Instituto Nacional de Criminalística da PF, os nove corpos encontrados são de homens e adultos.
Os peritos conseguiram coletar sete das nove impressões digitais.
O trabalho dos peritos federais continua em Brasília, para tentar decifrar a identidade das vítimas e, consequentemente, seus possíveis parentes.
Infográfico: veja onde barco com corpos foi encontrado no Pará
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