20 de setembro de 2024

Baterista que nasceu com sete dedos em uma das mãos toca em banda de ex-Charlie Brown Jr.; VÍDEO

Morador de Santos (SP) nasceu com malformação no braço esquerdo e passou por uma série de cirurgias. No Dia do Baterista, comemorado nesta sexta-feira (20), ele contou ter superado o preconceito por meio da música. Baterista que nasceu com sete dedos em uma das mãos toca em banda de ex-Charlie Brown Jr.
Lucas Tagore Gonçalves de Souza nasceu com uma malformação no braço esquerdo, tendo sete dedos na mão e o antebraço atrofiado. Ele passou por uma série de cirurgias para a retirada dos membros ‘sobressalentes’ e, aos 34 anos, é professor e baterista profissional, tocando em bandas como a ‘Bula’, do guitarrista Marcão Britto, ex-integrante da formação original do Charlie Brown Jr.
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No Dia do Baterista, comemorado nesta sexta-feira (20), Lucas contou ao g1 que toca o instrumento com uma técnica própria desde os 12 anos (veja no vídeo acima). A trajetória na música, inclusive, ajudou o morador de Santos (SP) a superar o preconceito sofrido por conta da deficiência.
“Faça da sua deficiência a sua maior eficiência. Aplique-se ainda mais, desenvolva sua própria técnica, e assim o instrumento pode soar de uma maneira única”, disse ele. “Música é expressão da alma, e o corpo é só uma ferramenta”.
Baterista Lucas Tagore nasceu com malformação no braço esquerdo
Arquivo Pessoal e Marcus Mavic/Fernando Rezende
Deficiência
Lucas revelou ter se submetido a aproximadamente cinco cirurgias para a “correção” dos dedos e do antebraço esquerdo.
Ao g1, o músico explicou que nasceu com a mão esquerda “espelhada”, ou seja, com dois dedos a mais. Após a amputação dos membros, o maior deles foi “costurado” no lugar onde estaria o polegar.
Baterista nasceu com malformação no braço esquerdo
Arquivo Pessoal
No vídeo enviado pelo artista à equipe de reportagem, ele mostrou que o antigo dedo “médio” foi colocado no lugar do “dedão” por meio de procedimentos cirúrgicos. “Ele se mexe, mas o movimento é mais limitado”, complementou.
Além disso, Lucas disse ter nascido com o antebraço em forma de “L”, passando também por cirurgias para que o membro ficasse “reto”.
Música e família
O primeiro contato de Lucas com a música veio por influência dos pais, que escutavam diversos estilos junto aos filhos. O irmão mais velho foi além, montando uma banda na juventude e o apresentando a diferentes instrumentos.
“Aquilo sempre me atraía. Ele tocava [instrumentos de] cordas. Tinha uma guitarra, violão e contrabaixo. Eu ficava encantado, mas era muito difícil em função da minha deficiência”, lembrou. “Ele [o irmão] comprou a bateria, mas nunca imaginei que iria tocar na vida […]. Comecei a brincar de um jeito bem instintivo, tentando acompanhar as músicas”.
Lucas Tagore começou a tocar bateria quando tinha 12 anos
Arquivo Pessoal
O amor pelo instrumento permaneceu, e a primeira apresentação aconteceu pouco depois, na escola onde estudava em Santos (SP). “A gente levou os instrumentos e fez [o show] na quadra, na hora do intervalo. Muita gente entendeu ali a minha superação”, contou o músico.
Lucas ressaltou que, antes de se desenvolver no meio artístico, tinha “vergonha” de mostrar o braço esquerdo em público, escondendo o membro com roupas.
“Andava sempre com um casaco cobrindo [o braço]. Podia estar 40ºC, naquele calor de Santos, e eu ia de casaco para escola”, disse ele. “As crianças comentavam pois tinham curiosidade, né? Mas algumas tiravam sarro”.
Lucas Tagore nasceu com malformação no braço esquerdo e é baterista profissional
Arquivo Pessoal
Carreira
Professor de bateria desde os 18 anos, Lucas revelou ter dado aulas para ao menos 500 alunos, em escolas e também em estúdios particulares.
Além disso, ele é integrante na ‘Bula’, dividindo os palcos com o guitarrista Marcão Britto, e substitui o baterista Daniel Siqueira, do CPM 22, na banda Garage Fuzz.
Lucas Tagore é professor e baterista profissional
Arquivo Pessoal
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