25 de dezembro de 2024

Bebê de 1 ano e 8 meses morre afogado no quintal de casa em enchente no interior do Acre

Elias da Silva Gonçalves é a quinta vítima de alagamentos no Acre desde o final de fevereiro. Caso ocorreu na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul, na tarde desta quarta-feira (6). Região sofre com cheia do Rio Juruá. Corpo de Bombeiros e Samu foram acionados para encontrar família com bebê afogado
Arquivo/4º Batalhão do Corpo de Bombeiros do Acre
Um bebê de 1 ano e 8 meses morreu afogado no quintal de casa na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul, na tarde desta quarta-feira (6). Elias da Silva Gonçalves é a quinta vítima fatal das enchentes que acontecem em rios e igarapés no Acre desde o final de fevereiro.
LEIA TAMBÉM:
Em meio à emergência por conta de enchentes, nove municípios estão abaixo da cota de transbordo no AC
Enchentes no Acre deixam quatro mortos
Segundo o Corpo de Bombeiros da cidade, a área está alagada pela enchente do Rio Juruá, que já afeta quase 20 mil pessoas apenas em Cruzeiro do Sul. O manancial estabilizou na tarde desta quarta, se mantendo em 13,93 metros. Pelo menos 30 famílias estão abrigadas em escolas do município.
Outras 21 famílias estão desalojadas. Há ainda 14 comunidades rurais atingidas pela cheia do manancial, entre elas a Comunidade Tapiri onde a família do bebê mora.
👉 Contexto: Pelo menos 27.919 pessoas estão fora de casa em todo o estado, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado nesta quarta. Além disso, 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés.
Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e quatro pessoas já morreram em decorrência da cheia.
Afogamento
Sobre o afogamento da criança, o Corpo de Bombeiros informou que a mãe estava distraída com os afazeres de casa quando o bebê se afastou e saiu para o quintal. Cerca de 15 a 20 minutos depois, a mãe sentiu falta do filho e foi procurá-lo.
A mulher achou a criança dentro d’água na parte externa da casa . Como a região fica em uma área alagada sem acesso terrestre, o bebê e a mãe foram colocados em um barco e seguiram até um porto no bairro Remanso, onde aguardavam equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e bombeiros.
Apesar dos esforços, no entanto, o bebê foi declarado morto pelo Samu ainda no porto. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para passar por exames cadavéricos e, posteriormente, ser liberado para os familiares.
Águas do Rio Juruá já atingem unidades de saúde e escolas em Cruzeiro do Sul
Outras vítimas
As primeiras vítimas fatais das enchentes foram pai e filha em Sena Madureira, também no interior do Acre. José Ribamar Feitosa, 38 anos, estava com a família e outras pessoas dentro de uma canoa quando a embarcação naufragou. O acidente ocorreu na tarde de 23 de fevereiro. Os bombeiros foram acionados e iniciaram as buscas logo em seguida.
Segundo populares, José Ribamar conseguiu retirar da água a esposa e uma filha, mas voltou para o rio para buscar a filha Rafaela Feitosa, de 9 anos e sumiu nas águas do rio Caeté.
Os corpos foram resgatados nos rios Purus e Iaco no dia 25 de fevereiro, quando um ribeirinho acionou os bombeiros após encontrar o corpo de Feitosa no Rio Purus a 14 km de distância do naufrágio. Uma equipe foi até o local e resgatou o cadáver. Quando retornavam para zona urbana, os bombeiros acharam o corpo da criança no Rio Iaco, a seis quilômetros de distância do local do acidente.
O jovem Elias Lima, de 30 anos, foi a terceira morte em decorrência da cheia dos rios e igarapés do estado. Ele sumiu após mergulhar no Igarapé São Francisco, na região do bairro Conquista, em Rio Branco, no dia 25 de fevereiro, e foi encontrado três dias depois, no dia 28, no igarapé onde se afogou.
Equipes do Instituto Médico Legal (IML) e da perícia foram acionadas para recolher o cadáver. Os mergulhadores informaram que o corpo de Elias foi achado há 600 metros do local de afogamento. Ainda segundo os bombeiros, o cadáver estava em avançado estado de decomposição.
Por fim, Jorge Lima da Silva Júnior, de 29 anos, morreu após um galho de árvore cair em cima da cabeça dele, na noite do dia 28 de fevereiro, no município de Brasiléia, distante 230 km da capital Rio Branco.
Da seca extrema à cheia histórica
Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre. Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o estado é preciso considerar ao menos três fatores:
a influência do El Niño
o atraso do “inverno amazônico”, como é conhecida a estação chuvosa na região
o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico
Reveja os telejornais do Acre

Mais Notícias