19 de setembro de 2024

Bebê que foi retirado da família após exame apontar cocaína no organismo deve ser devolvido, manda Justiça

Criança estava com família adotiva há quatro meses após exames encontraram cocaína e o medicamento clonazepam no organismo da criança, que é de Várzea Paulista (SP). Justiça determina que bebê volte para família após exames indicarem cocaína no organismo
A Justiça ordenou que um bebê, de dois anos, seja devolvido à família biológica, de Várzea Paulista (SP), que havia perdido a guarda da criança após ela parar no hospital com convulsões. Nos exames, os médicos identificaram a presença de cocaína e clonazepam, um medicamento usado para tratamento de ansiedade, convulsão e epilepsia, no organismo do menino.
Por dois votos a um, os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) aceitaram o recurso da avó da criança, que solicitou a guarda de volta. O bebê vivia com uma nova família há quatro meses. O caso foi denunciado pelo Ministério Público.
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Menino vivia com a família adotiva há quatro meses
Gustavo Netto/TV TEM
À TV TEM, a promotora do Ministério Público do Estado (MP-SP) responsável pelo caso, Luciana Rodrigues Antunes, afirmou que prontuários médicos anteriores demonstraram que a criança já havia sofrido outras convulsões por causas não esclarecidas e que os episódios não se repetiram após o acolhimento da nova família.
“Considerando que a avó que estava responsável pela guarda dele quando foi ministrada essa droga, essa medicação à criança, [que] chegou alcoolizada no Hospital Universitário, que nós tínhamos elementos para afirmar que o pai também era viciado em cocaína, e que essa criança sofreu maus-tratos e risco de vida, ingressei com uma ação de destituição do poder familiar”, explica.
Na primeira instância, a Justiça concordou com o pedido do Ministério Público. Ainda de acordo com a promotora, ministrar o medicamento com cocaína não é um fato aleatório.
“É uma conduta de quem faz uso de drogas ministrar clonazepam depois da cocaína para tentar diminuir os efeitos da droga, mas na verdade, o que acontece, é que os efeitos foram potencializados. Essa criança foi colocada em um risco de vida muito grande”, pontua Luciana.
Os desembargadores que votaram a favor do recurso apresentado pela avó, afirmaram que não se convenceram que o uso da droga na criança era recorrente.
Criança foi atendida no Hospital Universitário de Jundiaí (SP)
Reprodução/TV TEM
Conforme o desembargador Camargo Aranha Filho, a avó sempre foi zelosa com o neto. Por isso, concluiu que “a situação em que foi exposta a criança não pode ser o único fundamento para a determinação do rompimento total do vínculo da criança com sua família de origem, principalmente com a avó paterna, medida extremamente violenta.”
Ainda conforme apurado pela TV TEM, a criança viveu por 11 meses com o pai e a avó paterna, um ano em um abrigo e, há quatro meses, estava com a família adotiva.
A mãe adotiva da criança, que preferiu não se identificar, relatou que o bebê já passou pelo pediatra, foi incluído no plano de saúde da família e que já está até matriculado em uma escola.
“Ele já chama a gente de papai, mamãe. Todos os dias ele acorda [e pergunta] ‘mamãe, o papai tá aí?’. Ele é muito carinhoso. Ele é muito afetivo. Ele adora abraçar, beijar, sabe? E vem, corre dando aquele sorriso”, diz.
Mãe adotiva da criança conversou com a TV TEM a respeito da convivência com o bebê
Reprodução/TV TEM
O que dizem as partes
A TV TEM também questionou a promotoria de Várzea Paulista sobre a responsabilização do uso da droga no bebê, que informou que abriu um procedimento investigatório para apurar o caso e que, durante a apuração, não ficou evidente quem ofertou a droga para a criança e, por isso, o processo criminal acabou sendo arquivado.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) também foi questionada a respeito do caso, mas não retornou até a última atualização desta reportagem, assim como a Procuradoria Geral de Justiça.
O TJ-SP, onde houve uma nova decisão sobre o caso, informou que o processo segue em segredo de Justiça. A família adotiva informou que vai recorrer da decisão. A TV TEM tenta contato com os advogados da avó paterna.
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