A sexta temporada do podcast Frango com Quiabo chega para falar sobre a década de 2010 em Belo Horizonte. Foi neste período que o carnaval de rua foi retomado, a ocupação popular ganhou força, o Duelo de MCs surgiu, a Rua Sapucaí foi revitalizada… ufa. A década de 2010 em Belo Horizonte foi o pano de fundo para uma revolução cultural. Com a proibição de eventos populares na Praça da Estação, no centro da cidade, pela prefeitura na época, a juventude da classe média decidiu se manifestar com muito bom humor.
Era criada uma “praia”. Uma “praia” com direito a biquíni, canga, sunga, boia e até frango assado com farofa. Isso no meio de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Era a “Praia da Estação”, montada bem na praça que tinha sido fechada para eventos públicos.
Com o passar do tempo, os “banhistas” do local começaram a levar instrumentos musicais. Tamborim, caixa, pandeiro e até surdo. Foi aí que grupos de amigos resolveram criar blocos de carnaval. Se antes as ruas de Belo Horizonte ficavam vazias durante o reinado de Momo, com esse movimento, as ruas da cidade passaram a se tornar coloridas.
O Então, Brilha!, o Mamá na Vaca, o Peixoto, a Alcova Libertina e o Juventude Bronzeada são alguns dos blocos que nasceram com esta retomada. É o que conta o jornalista Artênius Daniel no catálogo “BH Anos 10”, obra que investiga o período de revolução cultural de Belo Horizonte.
Ele é o entrevistado do episódio que abre a sexta temporada do podcast Frango com Quiabo. (ouça mais acima)
“Foi uma década em que tudo confluiu para esta efervescência. Se por um lado o jovem universitário da classe média estava ocupando a Praça da Estação com a ‘Praia’, por outro, o jovem de periferia ocupava um espaço para assistir aos duelos de MCs, embaixo do Viaduto Santa Teresa”, disse ele.
O Duelo de Mcs é hoje um dos mais respeitados eventos de hip hop do país, realizando batalhas em vários estados, com a final sempre em BH. Mas na década de 10, este encontro ainda se virava para ligar equipamentos e colocar iluminação no palco improvisado.
Foi lá que surgiram nomes como Djonga, FBC e Iza Sabino.
O catálogo também fala que foi nesta mesma época que a Rua Sapucaí, antes tranquila e vazia, se tornou um dos maiores pontos de bares e restaurantes da cidade. E ainda serviu de mirante para os murais urbanos em empenas dos prédios, produzidos pelo festival Cura.
Final do Duelo Nacional de MCs, em BH
TV Globo
Bloco ‘Então, Brilha!’
Patty Pena
Minibanhista também espantou o calorão na Praia da Estação
Reprodução/TV Globo
Edifício Levy, na Avenida Amazona, Centro de BH, com painel do Cura.
Cura / Divulgação