20 de setembro de 2024

Biden se diz ‘indignado’ após ataque que matou 7 trabalhadores de ONG em Gaza, cobra apuração rápida de Israel e diz: ‘Este não é um incidente isolado’

Funcionários da World Central Kitchen, ONG de chef condecorado por Obama, foram atingidos em carro identificado na segunda (1º). O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu o ataque realizado pelo Exército israelense e disse que não foi intencional. Ataque israelense destrói carro e mata 7 trabalhadores humanitários em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira (2) que está indignado com a morte de sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza. Um americano estava entre as vítimas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu que os trabalhadores foram mortos pelo Exército israelense, mas de forma não intencional. (Leia mais abaixo) A equipe da ONG do chef espanhol José Andrés, famoso nos EUA havia acabado de levar uma carga de alimentos ao território palestino horas antes do bombardeio.
O presidente dos EUA disse que as mortes não são um incidente isolado e afirmou que os funcionários da ONG “foram corajosos e altruístas e suas mortes são uma tragédia”.
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Em fevereiro, mais de cem pessoas morreram durante distribuição de comida e ajuda humanitária na região. Em março, seis pessoas que buscavam ajuda morreram com disparos israelenses, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas.
Biden também cobrou uma investigação minuciosa para descobrir a razão pela qual os carros onde os trabalhadores da ONG estavam foi bombardeado. Segundo a ONG, os veículos tinham o logotipo e o nome desenhados no teto (veja na imagem abaixo) e circulavam sozinhos em uma via de uma área sem conflitos.
“Essa investigação deve ser rápida, deve trazer responsabilização e suas conclusões devem ser divulgadas ao público”, disse Biden.
Um dos veículos da ONG World Central Kitchen após ser atingido por um ataque israelense na Faixa de Gaza, em 1º de abril de 2024.
Ahmed Zakot/ Reuters
O presidente dos EUA também disse que “Israel não faz o suficiente para proteger os trabalhadores humanitários”, que levam ajuda à população da Faixa de Gaza, que está à beira de um colapso de fome.
“Incidentes como o de ontem simplesmente não deveriam acontecer. Israel também não fez o suficiente para proteger os civis. Os Estados Unidos têm solicitado repetidamente para Israel desvincular suas operações militares contra o Hamas das operações humanitárias, a fim de evitar baixas civis”, afirmou Joe Biden em nota.
O presidente Biden também disse que tem uma equipe dos EUA no Cairo, no Egito, negociando um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas com acordo por troca de reféns. Um cessar-fogo foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU em março.
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Netanyahu reconhece erro do Exército israelense
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu nesta terça-feira (2) que o ataque que matou sete membros da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza partiu do Exército israelense.
“Infelizmente, no último dia houve um caso trágico em que as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Acontece em guerras, e estamos verificando até o fim, estamos em contato com os governos, e tudo faremos para que isso não aconteça novamente”, declarou o premiê.
O ataque, que atingiu dois veículos da ONG, ocorreu na segunda-feira (1º). A organização, criada nos Estados Unidos pelo chef espanhol José Andrés, famoso nos EUA, havia levado uma carga de alimentos ao território palestino horas antes do bombardeio. Em comunicado, a World Central Kitchen frisou que os carros eram blindados e estavam identificados.
Segundo a ONG, entre os mortos há três cidadãos do Reino Unido, um da Austrália, um dos Estados Unidos, um da Polônia, e um palestino.
A World Central Kitchen é uma das mais atuantes em Gaza e, há duas semanas, envio o primeiro navio com ajuda humanitária ao território, em uma parceria com a ONG Open Arms, que resgata migrantes naufragados no mar Mediterrâneo. A WCK disse que vai pausar as operações de ajuda na região.
Embarcações atracam em estrutura flutuante com ajuda humanitária transportada por navio de ONG espanhola, que chegou na Faixa de Gaza em 15 de março de 2024.
Forças Armadas de Israel
Após o episódio, o Ministro da Defesa de Israel anunciou que abrirá uma sala de situação para coordenar a distribuição de ajuda humanitária em Gaza em conjunto com “grupos internacionais”.
As Forças Armadas de Israel também emitiram uma nota nesta terça admitindo a culpa e afirmando que o ataque foi um “trágico resultado” de um bombardeio israelense. Em mensagem de vídeo nesta terça-feira (2), o porta-voz do Exército disse ter ligado para o chef espanhol José Andrés para expressar “os mais profundos sentimentos”.
O chef espanhol José Andrés afirmou que a ONG perdeu “diversas irmãs e irmãos em um ataque das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza”. “É uma tragédia. Trabalhadores de organizações humanitárias e civis nunca deveriam ser um alvo. Nunca”, disse Andrés.
O chef espanhol é famoso nos Estados Unidos por atuar em diversos programas de TV, realizar trabalhos de distribuição de comida e ter sido condecorado pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama com uma medalha de serviços humanitários do governo norte-americano.
“Este não é apenas um ataque contra a World Central Kitchen, é um ataque a organizações humanitárias que se apresentam nas situações mais terríveis, em que os alimentos são usados ​​como arma de guerra. Isso é imperdoável”, disse o CEO da ONG, Erin Gore.
Entrega de alimentos
Membros da World Central Kitchen na Faixa de Gaza em 21 de março de 2024
Reprodução/ @chefjoseandres
A ONG World Central Kitchen auxilia na ajuda humanitária ao norte da Faixa de Gaza, onde a população está à beira de uma crise de fome. Imagens em vídeo gravadas em um hospital na cidade de Deir al-Balah, em Gaza, mostram que alguns deles estavam com itens de proteção que tinham o logotipo da ONG.
Nesta semana, a World Central Kitchen enviou um navio com cerca de 400 toneladas de comida e itens de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O carregamento foi organizado pelos Emirados Árabes Unidos e deve chegar na semana que vem à costa de Gaza.
No mês passado, a ONG enviou a primeira entrega, com 200 toneladas e que reabriu a rota marítima a Gaza, que estava fechada por determinação de Israel.
A ONU tem uma agência especializada em atender os palestinos que atua na Faixa de Gaza, mas Israel proibiu essa entidade de fazer entregas no norte do território. Outros grupos de ajuda afirmam que enviar comboios de caminhões para o norte tem sido muito perigoso devido à falta de garantia de segurança por parte do exército.
Veja abaixo um vídeo sobre a possibilidade de crise de fome na Faixa de Gaza.
A Corte Internacional de Justiça – principal órgão judicial da ONU – ordenou que Israel garanta a entrega de alimentos à população palestina na Faixa de Gaza
Campanha militar em hospital
O ataque aconteceu horas depois de as forças de Israel finalizarem um período de duas semanas de ações militares no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. O hospital ficou destruído, e uma parte do prédio foi reduzida a cinzas.
Os militares afirmaram ter matado 200 militantes do Hamas durante a permanência no hospital, mas as principais agências de notícias não conseguiram confirmar se todos realmente pertenciam ao grupo terrorista.
O governo local, controlado pelo Hamas, disse ter retirado corpos de civis dos destroços.

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