O episódio, registrado em Camaçari (BA), revelou o comportamento inusitado de duas cobras-corais disputando uma fêmea em área urbana. Bióloga flagra possível briga entre cobras-corais na Bahia
A bióloga e consultora ambiental Leila Schramm Oliveira flagrou uma cena inusitada entre duas cobras-corais, em uma área residencial no bairro de Catu de Abrantes, em Camaçari (BA). Chamada por um colega, Ravaeliton Costa Cavalcante Nascimento, Leila chegou ao local e se deparou com as serpentes, que impressionavam pelo tamanho.
O episódio foi registrado por Ravaeliton, enquanto a bióloga protegia a área para evitar a aproximação de carros e pedestres, até que os animais desapareceram em um buraco no muro.
“Foi uma sensação de fascínio e realização. Como bióloga, momentos como esse são sempre preciosos, especialmente em um ambiente urbano. Registrar o comportamento dessas serpentes, seja um acasalamento ou uma briga, foi uma oportunidade incrível de aprendizado. Testemunhar algo tão natural e raro em um contexto inesperado foi profundamente gratificante”, relata Leila Oliveira.
As cobras foram encontradas em uma área residencial no bairro de Catu de Abrantes
Leila Oliveira
No início, a bióloga pensou que se tratava de um acasalamento, já que as serpentes estavam muito próximas e o comportamento delas parecia calmo. Contudo, à medida que as observava e depois de trocar informações com especialistas, a hipótese de uma briga entre machos ficou mais forte.
“O movimento delas e a forma como se entrelaçavam me fez repensar. Como bióloga, essa análise constante faz parte do meu trabalho. Infelizmente, sem a possibilidade de verificar a espécie e fazer a sexagem, não pude ter certeza, mas essa dúvida faz parte do fascínio e do desafio de estudar o comportamento animal”, explica Leila.
De acordo com o herpetólogo e especialista em cobras, Willianilson Pessoa, o combate também pode fazer parte do período reprodutivo desses animais, já que as cobras podem disputar as fêmeas. Além disso, a briga pode ter outros motivos, como a disputa por território. Segundo ele, as cobras são duas corais-verdadeiras da espécie Micrurus ibiboboca
Serpente da espécie Micrurus ibiboboca
Willianilson Pessoa
Willianilson também explica que o tipo de combate pode variar entre diferentes serpentes, dependendo do porte e dos hábitos da espécie.
“Os bichos se entrelaçam, outros ficam só parados do lado com o pescoço erguido, tentando derrubar o outro. Nas corais, um macho sobe no outro, se enrola. Aí, para o que está por baixo não “perder”, ele tenta sair, por isso que fica esse movimento espiral como se eles estivessem girando”, explica Willianilson.
O combate entre serpentes é mais comum entre machos, mas as fêmeas também podem entrar em disputas.
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