19 de setembro de 2024

Bioluminescência nos cupinzeiros: conheça fenômeno natural que chama atenção em parque com título de patrimônio mundial

Fenômeno ocorre no Parque Nacional das Emas durante o período chuvoso, sendo mais visível nos meses de outubro e novembro. Evento acontece quando vaga-lumes depositam seus ovos na base do cupinzeiro, formando um círculo de ovos brilhantes. Bioluminescência nos cupinzeiros: veja fenômeno natural em Goiás
A bioluminescência nos cupinzeiros é um fenômeno natural que atrai turistas ao Parque Nacional das Emas, considerado patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Segundo Aluisio Rodrigues Cabral, turismólogo e guia turístico na região há 37 anos, o evento ocorre no período chuvoso, sendo mais visível e bonito nos meses de outubro e novembro.
“É um fenômeno maravilhoso que atrai gente do mundo inteiro. Em alguns meses, recebemos mais estrangeiros do que brasileiros”, disse Aluisio.
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O turismólogo informou que o fenômeno ocorre quando vaga-lumes da espécie Pyrearinus termitilluminans depositam seus ovos na base do cupinzeiro, formando um círculo de ovos brilhantes.
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Bioluminescência nos cupinzeiros
Reprodução/Ary Bassous
Segundo Aluisio, a bioluminescência acontece quando a temperatura atinge cerca de 25 °C e as larvas nos cupinzeiros reativam suas atividades predatórias. Inicialmente, isso ocorre perto do rio, onde há umidade permanente, mas após fortes chuvas, o fenômeno pode se espalhar pelo parque.
“O processo ocorre na fase adulta. Uma fêmea fecundada coloca os ovos no pé do cupinzeiro, próximo ao chão. Com a primavera e o início das chuvas, os ovos eclodem, e surgem pequenas larvas que se esgueiram para subir no cupinzeiro, usando uma garrinha na cabeça para perfurar a estrutura e se abrigar”, explicou Aluisio.
O turismólogo relatou que as larvas luminescentes são predadores vorazes, prontas para capturar qualquer inseto voador que se aproxime. É possível alimentá-las capturando um cupim alado e entregando-o a uma delas.
“Elas não se comunicam com a colônia de cupins, ficando apenas na superfície do cupinzeiro. Com o tempo úmido, as larvas se alimentam dos cupins que emergem para o acasalamento, atraídos pela luz esverdeada e fria produzida pela reação de luciferina e luciferase com oxigênio”, contou Aluisio.
Aluisio relatou que enquanto tudo isso acontece, no horizonte, é possível ver milhares de vaga-lumes adultos da mesma espécie se comunicando por meio de sinais luminosos, criando um verdadeiro festival de acasalamento. O calor e a umidade fazem com que muitas larvas nos cupinzeiros brilhem na mesma noite.
Calor e umidade fazem com que muitas larvas nos cupinzeiros brilhem na mesma noite
Reprodução/Ary Bassous
Raro e mágico
A luminescência dos vaga-lumes ocorre em outros lugares. Contudo, o guia de turismo Nélio Silva Carrijo informou que esse fenômeno é raro na proporção que ocorre no parque. Ele também disse que o evento atrai muitos turistas.
“O parque recebe muitos turistas para ver o fenômeno, normalmente de vários estados brasileiros e alguns do exterior, como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Mas o parque poderia receber mais visitantes se fosse mais divulgado, explicando a raridade do fenômeno na proporção que ocorre aqui”, afirmou Nélio.
Nélio descreveu o “fenômeno da bioluminescência no Parque Nacional das Emas como verdadeiramente mágico, transmitindo uma energia indescritível”. Ele também disse que é uma experiência que todos deveriam ter.
“A observação da bioluminescência nos deixa em êxtase e profunda reflexão sobre o poder e a sutileza da natureza, mostrando como cada ser se formou e se adaptou para superar adversidades. É fascinante ver como esses organismos desenvolveram maneiras criativas de atrair presas e se alimentar sem sair de seus habitats, evitando predadores. Esse fenômeno nos faz refletir profundamente sobre a existência e as complexas relações entre os seres vivos”, finalizou o guia de turismo.
Parque Nacional das Emas
Parque Nacional das Emas
Reprodução/Ary Bassous
O Parque Nacional das Emas, criado em 1961 e revisado em 1972, está localizado na divisa de Goiás com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Abrangendo cerca de 132 mil hectares, inclui partes dos municípios de Mineiros, Chapadão do Céu, Serranópolis (GO), e Costa Rica (MS).
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é uma das mais importantes unidades de conservação do bioma Cerrado devido à sua extensão, integridade de habitats, e presença de espécies raras e ameaçadas. O parque é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Mundial.
O parque, situado entre 350 e 1000 metros de altitude, apresenta uma variedade de tipologias do Cerrado e é atravessado por rios importantes. Possui uma rica fauna com 350 espécies de aves e diversos mamíferos.
“O parque oferece várias atrações, como safáris de carro, bioluminescência, passeios aquáticos e observação de pássaros. A diversidade de animais e plantas, incluindo inúmeras plantas medicinais, também é um grande diferencial do parque, tornando-o um local muito conservado e cheio de vida” relatou Aluísio.
Parque Nacional das Emas possui uma rica fauna
Reprodução/Ary Bassous
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