9 de janeiro de 2025

Bolsonaro deu a ordem para emitir certificados de vacinação para ele e filha, disse Cid em delação

Documentos foram impressos no Palácio da Alvorada e entregues em mãos para o presidente, diz ex-ajudante de ordens. PF indiciou Bolsonaro, Cid e mais 15 com base nessa investigação. Cid: Bolsonaro pediu certificado de vacina falso para ele e a filha
O tenente-coronel Mauro Barbosa Cid disse à Polícia Federal, em depoimento, que emitiu os certificados falsos de vacinação contra a Covid em nome do então presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022, e da filha de 12 anos de Bolsonaro.
Segundo o depoimento, que compõe a delação premiada de Mauro Cid, a ordem para emitir esses documentos falsos partiu de Jair Bolsonaro.
Segundo Cid, os dois documentos foram impressos no Palácio do Alvorada – residência oficial da Presidência da República – e entregues em mãos a Bolsonaro.
A delação de Mauro Cid ainda é mantida em sigilo, mas trechos foram incluídos pela Polícia Federal no relatório que embasou o indiciamento de Bolsonaro, Mauro Cid e mais 15 pela suposta fraude nos cartões de vacina.
Relator do inquérito, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo desse relatório nesta terça-feira (19).
Os trechos da delação de Cid dizem o seguinte:
QUE o presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha […]; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON [Barros] que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do expresidente e sua filha […] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, expresidente JAIR BOLSONARO e de sua filha, […];
“QUE confirma recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha […]; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente;”
Segundo a PF, o “modus operandi” (modo de operação) do esquema era o seguinte:
Mauro Barbosa Cid encaminhava o pedido de fraude ao ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
Ailton enviava os dados ao secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha;
João Carlos usava suas senhas para inserir os dados falsos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde.
Neste caso, o grupo nem sequer precisava dos cartões físicos de vacinação.
Segundo a PF, os dados forjados eram inseridos diretamente no sistema do Ministério da Saúde – e, com isso, os suspeitos conseguiam imprimir certificados de vacinação pelo sistema oficial do ConecteSUS.

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