21 de fevereiro de 2025

Bolsonaro deveria estar dizendo ‘sou inocente’, e não pedindo anistia, diz Lula sobre denúncias


Na terça, PGR denunciou ex-presidente e mais 33 por suposta trama golpista; STF deve julgar caso ainda em 2025. Lula vem defendendo ampla defesa, mas criticando pedidos de anistia. Lula participa de entrevista à rádio do Rio de Janeiro.
Reprodução/ CanalGov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (20) que o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro estar defendendo a anistia (perdão) a acusados de cometer atentados contra o Estado democrático de direito e tramar um golpe de Estado é, em sua visão, uma confissão de culpa.
“As pessoas que ficam querendo antecipar uma discussão sobre anistia estão acusando. Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, está provando que é culpado, que cometeu crime. Ele deveria estar falando ‘vou provar minha inocência'”, disse Lula em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
“Ele [Bolsonaro] deveria estar dizendo ‘sou inocente, vou provar minha inocência’. Mas está pedindo anistia. Ou seja, ele está dizendo: ‘Gente, eu sou culpado. Tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes, não deu certo porque tive uma diarreia, fiquei com medo, tive que voar para os Estados Unidos”, seguiu Lula.
Lula disse, ainda na entrevista, que o processo vai mostrar que a Justiça é “verdadeiramente para todos”.
E defendeu – como vem fazendo desde que foi preso no âmbito da operação Lava Jato em 2018 – que os acusados tenham direito à ampla defesa e ao contraditório.
🔎 Na terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República denunciou Jair Bolsonaro e outros 33 suspeitos de terem arquitetado uma tentativa de golpe entre 2021 e janeiro de 2023 para impedir a derrota de Bolsonaro nas urnas e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
🔎 A delação de Mauro Cid, que embasou parte dessa e de outras investigações, foi tornada pública pelo relator dos inquéritos, Alexandre de Moraes, nesta quarta.
Mudança de tom
Na quarta, menos de 24 horas após as denúncias da PGR, Lula tinha adotado um tom mais moderado ao comentar o tema em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
“Eu não vou comentar um processo que está na Justiça. O que eu posso dizer é que nesse país, no tempo em que eu governo o Brasil, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência. Se provarem que não tentaram dar golpe e que não tentaram matar o presidente, o vice e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ficarão livres e serão cidadãos que poderão transitar pelo Brasil inteiro”, disse Lula.
“Se na hora que os juízes forem julgar, chegarem à conclusão que são culpados, eles terão que pagar pelo erro que cometeram. O processo vai para a Suprema Corte, e eles terão todo o direito de se defender. Não posso comentar mais nada do que isso”, seguiu.

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