10 de janeiro de 2025

Bolsonaro ‘enfatizava’ necessidade de parar ‘abusos’ de Moraes, diz ex-comandante da Aeronáutica à PF

Brigadeiro Baptista Júnior foi questionado sobre suposto plano para prender o presidente do TSE. Militar disse que tentou ‘dissuadir’ Bolsonaro de tomar medidas ‘extremas’. O brigadeiro Carlos Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica
CECOMSAER/Divulgação
O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Baptista Junior afirmou, em depoimento à Polícia Federal (PF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfatizava, durante reuniões após as eleições de 2022, a necessidade de parar o que chamava de “abusos” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Baptista Junior prestou depoimento a PF em inquérito que apura suposta tentativa de golpe de Estado arquitetada durante a gestão Bolsonaro.
O brigadeiro foi questionado por investigadores sobre como seria executado um suposto plano para prender o magistrado, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e relator no Supremo de investigações que têm Bolsonaro e aliados como alvos.
Baptista Junior respondeu que, em reuniões no Palácio da Alvorada após o pleito de 2022, Bolsonaro “enfatizava a necessidade de ‘parar eventuais abusos’ do ministro Alexandre de Moraes”.
“Que o depoente [o ex-comandante da Aeronáutica], por ser contrário a qualquer medida ilegal, procurou dissuadir o então presidente [Bolsonaro] de qualquer medida extrema”, diz trecho do depoimento.
O ex-comandante da Aeronáutica disse ainda que não participou de qualquer planejamento para monitorar e prender o ministro Alexandre de Moraes.
O militar afirmou que só ficou sabendo de supostas iniciativas desse tipo após a realização da operação “Tempus Veritatis” (hora da verdade, em latim) pela Polícia Federal.
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Sigilo derrubado
As falas de Baptista Junior estão em um conjunto de documentos do inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado. Nesta sexta-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo desses documentos.
As falas dos depoentes eram mantidas em sigilo até esta sexta, mas trechos já haviam sido divulgados pela imprensa. Por exemplo, aqueles pontos em que o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, relatou reuniões em que Bolsonaro teria tratado da chamada “minuta do golpe”.

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