Carolina Arruda está internada na Santa Casa de Alfenas e no fim de julho implantou eletrodos para bloquear a passagem da dor até o cérebro. Nova cirurgia será feita neste sábado (17). Bomba de analgésicos será a última tentativa de tratamento para aliviar a ‘pior dor do mundo’ em jovem
Carolina Arruda/Arquivo Pessoal
O implante da bomba de analgésicos será a última tentativa do novo tratamento de Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo. O procedimento será feito neste sábado (17), na Santa Casa de Alfenas, para complementar os efeitos dos neuroestimuladores já implantados.
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Pela primeira vez, Carolina Arruda vai implantar uma bomba de medicamentos no corpo. O método permite que os remédios sejam entregues exatamente onde são mais necessários, em vez de percorrerem todo o sistema circulatório até alcançar o local da dor. (Entenda mais abaixo)
A opção era esperada caso os eletrodos não proporcionassem alívio suficiente para melhorar a qualidade de vida da paciente. Conforme documento divulgado pelo hospital, outras duas alternativas estavam previstas no tratamento, mas segundo a jovem, esta será a última vez que tentará uma intervenção para aliviar a “pior dor do mundo”.
“Depois de refletir bastante, eu cheguei a decisão de que a cirurgia da bomba vai ser minha última tentativa. […] Se não houver [redução da dor], antes de partir para uma nova cirurgia, é claro que a gente vai mudar os medicamentos da bomba e tentar ver se algum faz efeito. Meu objetivo é ter pelo menos 50% da dor cessada”, disse a estudante em vídeo.
Médico de jovem em tratamento da “Pior dor do mundo” fala sobre sequência do tratamento
Ao g1, o médico responsável pelo caso, Carlos Marcelo de Barros, explicou que a bomba será implantada no abdômen de Carolina Arruda e, por meio de um cateter fino e flexível, os medicamentos serão direcionados ao sistema nervoso central.
De acordo com o profissional, que também é presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), o dispositivo administra analgésicos especificamente no espaço intratecal, ao redor da medula espinhal, permitindo que uma menor quantidade de medicamento alcance diretamente os receptores de dor na coluna vertebral, sem passar pelo sistema circulatório.
“Uma vez que a bomba libera os medicamentos nos receptores da dor diretamente próximos da coluna vertebral, ao invés de viajar através do sistema circulatório, podem aliviar a dor com uma pequena fração em comparação com doses de medicamentos orais”, explicou.
Uma das grandes vantagens deste sistema é a possibilidade de administração de doses de resgate, conhecidas como bolus.
“A Carolina ganha um controle e toda vez que ela tem crise, ela pode fazer um bolus, como se ela tomasse uma dose extra de remédio”, afirmou o médico.
Inicialmente, os medicamentos escolhidos para a bomba são a morfina e a bupivacaína, um potente anestésico local, que poderão ser ajustados ao longo do tratamento conforme a necessidade.
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Carolina Arruda, de 27 anos, é natural de São Lourenço, no Sul de Minas, e mora em Bambuí, no Centro-Oeste. Ela é estudante de medicina veterinária, casada há três anos e mãe de uma menina de 10 anos. A jovem começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.
A dor e o desgaste de Carolina com a doença são tão intensos, que fizeram ela tomar a decisão para pôr fim ao sofrimento. Ela iniciou uma campanha na internet para conseguir recursos financeiros e ser submetida ao suicídio assistido na Suíça.
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Carolina Arruda/Divulgação
Carolina foi internada no dia 8 de julho na Santa Casa de Alfenas. Nesta primeira internação, a estudante ficou no hospital durante duas semanas. No dia 22 de julho, após receber uma alta temporária, ela relatou ter notado redução na frequência e duração das crises de dor.
A jovem voltou a ser internada na sexta-feira (26) para realizar os cuidados pré-operatórios referentes ao implante de eletrodos. A cirurgia, realizada no sábado (27), foi considerada bem sucedida. Os cuidados pós-operatórios envolvem usar um colar cervical e ficar sem falar por pelo menos cinco dias.
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