26 de dezembro de 2024

Branqueamento de corais: Pernambuco vai perder cerca de um terço das espécies em 2024, dizem pesquisadores

Segundo especialistas, litoral brasileiro vive o maior processo de morte dessas espécies já registrado. Fenômeno é provocado pela alta temperatura dos oceanos. Especialistas alertam para as consequências do branqueamento de corais na costa brasileira
O processo de branqueamento de corais no mar de Pernambuco vai se agravar em 2024, segundo pesquisadores da ONG Projeto Conservação Recifal, que monitora a costa do estado há 10 anos (veja vídeo acima).
Levantamentos recentes da ONG projetam uma perda de mais de 30% dos corais por branqueamento em 2024, superando o índice registrado no ano passado. De acordo com os cientistas, esse é o maior processo de morte dessas espécies já registrado no litoral brasileiro.
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O fenômeno, que leva essas espécies à morte, é provocado pelo aquecimento dos oceanos, que, em 2023, registraram a temperatura mais alta em 65 anos.
Além do aquecimento dos mares, outros fatores, como a pesca predatória e a poluição, podem causar o que os especialistas chamam de “estresse térmico”, afetando os corais.
“O coral é um animal de águas quentes, daqui da região dos trópicos. Em torno de 25 a 29 graus, ele se adapta bastante. Mas, nas nossas medições, a gente chegou a ver temperaturas de 33 graus”, contou o oceanógrafo e pesquisador do Projeto Conservação Recifal, Luís Guilherme França.
Vídeos feitos por especialistas mostram corais esbranquiçados em locais como São José da Coroa Grande, no Litoral Sul pernambucano.
Alguns deles estão completamente sem cor. Quando isso acontece, é sinal de que eles estão liberando zooxantelas, microalgas responsáveis pela coloração característica e pela nutrição deles.
“O diagnóstico é que o coral está doente, suscetível a adquirir outras doenças. Existe uma gama de doenças de corais, pragas, câncer de coral… Tem várias doenças, causadas por uma gama de micro-organismos, principalmente bactérias”, afirmou a pesquisadora Fernanda Amaral, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
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Espécies fundamentais
Os corais são animais invertebrados, formados por uma estrutura de cálcio, que, juntos, formam os recifes. A cor desses agrupamentos é um indicativo do quão estão saudáveis os organismos.
Segundo explicam especialistas, os recifes de coral são fundamentais para a vida marinha porque servem de reservatório de nutrientes para pelo menos um quarto das espécies que vivem no mar. Além disso, esses animais formam uma barreira natural, protegendo a costa do avanço da maré.
“A perda dos recifes de corais causa prejuízos em várias frentes, econômicas, sociais. Por exemplo, a pesca depende fortemente dos ambientes. Então, a morte dos corais e a desestruturação desse ecossistema é um impacto forte na pesca e nas comunidades tradicionais que também dependem da pesca aqui no litoral de Pernambuco e Alagoas, principalmente”, explicou o coordenador do Projeto Conservação Recifal, Pedro Pereira.
Segundo os pesquisadores, o branqueamento dos corais é um processo reversível, mas isso depende da conscientização ambiental das pessoas.
“Se, desde a criancinha, ela tiver essa consciência, acredito que ela vai cuidar tanto cuidar melhor do seu lixo, vai tentar desperdiçar menos água, vai tentar fazer todos os procedimentos para ajudar a natureza como um todo”, disse a pesquisadora Fernanda Amaral.
Corais esbranquiçados em São José da Coroa Grande, no Litoral Sul de Pernambuco
Reprodução/Projeto Conservação Recifal
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