22 de outubro de 2024

Brasil inicia período de chuvas com atenção voltada para o nível dos reservatórios

As previsões do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais mostram que, em outubro, bacias hidrográficas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste devem atingir níveis de estiagem considerados excepcionais e extremos. Brasil começa período de chuvas em atenção para nível dos reservatórios
O Brasil começou o período de chuvas com atenção para o nível dos reservatórios.
Uma represa que parece um córrego. O Globocop flagrou a cena na tarde desta segunda-feira (21), em um trecho da Guarapiranga, na capital paulista. Hoje, o reservatório está com praticamente um terço do volume total.
Às margens da represa, mesmo nos trechos mais cheios, vê-se a água recuando e, com isso, a área seca avança. Um dos sete mananciais responsáveis por abastecer 18,5 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo.
O sistema opera com menos da metade da capacidade, mais baixo do que em 2023, mas ainda bem acima dos níveis de 2014 e 2015, quando São Paulo viveu a maior crise de abastecimento sua história.
O sistema opera com menos da metade da capacidade, mais baixo do que em 2023, mas ainda bem acima dos níveis de 2014 e 2015
Jornal Nacional/ Reprodução
A preocupação com a seca se estende por grande parte do país. As previsões do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais mostram que, em outubro, bacias hidrográficas das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste devem atingir níveis de estiagem considerados excepcionais e extremos.
Estudiosos em recursos hídricos alertam que é momento de usar a água de forma consciente.
“Não é que a situação é gravíssima, mas pode escalar para algo grave se, por acaso, tivermos um verão com menos chuva do que deveria. Ou mesmo com chuva na média, em alguns lugares, pode ser que não seja suficiente para entrarmos no próximo ano com segurança. Então, é uma situação de alerta, e que traz um desafio que é superimportante você agir de forma preventiva. Não dá para você esperar, contar que vai chover, e aí não chover. Então, o momento de começar a pensar sobre isso é agora”, afirma Marussia Whately, diretora do Instituto Água e Saneamento.
Além de servir para o abastecimento da população, a água é importante, também, para o fornecimento de energia, por meio das usinas hidrelétricas. Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estão com 41% da capacidade. É mais do que na última crise, em 2021, mas bem menos do que em 2023. No Nordeste, o nível é de 46%. Em 2023, o subsistema operava com mais de 62% da capacidade.
Brasil inicia período de chuvas com atenção voltada para o nível dos reservatórios
Jornal Nacional/ Reprodução
A queda se repete nos reservatórios da região Sul. Só o subsistema Norte subiu em relação a 2023, puxado pelos reservatórios da bacia do Tocantins, que estão mais cheios.
A represa de Furnas, em Minas Gerais, uma das principais do país, está com 30% da capacidade, abaixo da chamada cota mínima.
O professor da USP, Ildo Sauer, diz que a situação do sistema elétrico exige cautela, mas não vê risco de falta de energia. Especialmente porque o país já acionou outras fontes de energia – como as usinas térmicas – mais poluentes.
“Me parece que está fora do horizonte no momento. Agora, a consequência disso é que estamos usando termelétricas de custo elevado, muito além do que seria desejável se tivéssemos construído mais usinas hidráulicas, eólicas e fotovoltaicas do que temos hoje”, diz Ildo Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico afirmou que os percentuais estão compatíveis com o esperado para o período. A empresa de saneamento do estado de São Paulo declarou que, com a maior interligação, o sistema ficou mais robusto e flexível desde a última crise hídrica.
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