15 de novembro de 2024

Brasileira ajuda a limpar cidade afetada por maior enchente do século na Espanha: ‘Cena horrorosa’; VÍDEO


Ana Paula da Silva França, de 29 anos, caminhou pelas ruas de Alfafar com barro na altura dos joelhos para ajudar a limpar cidade destruída pela enchente. Brasileira na Espanha ajuda a limpar cidade afetada por maior enchente do século no país
Cercada por lama e lixo, a brasileira Ana Paula da Silva França, de 29 anos, é voluntária para ajudar a limpar uma das cidades afetadas pela maior enchente do século na Espanha. Ao g1, a educadora física e professora de samba contou ter andado com barro na altura dos joelhos pelas ruas de Alfafar.
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Nascida em Santos, litoral de São Paulo, Ana Paula mora há cinco anos em Valência, localizada no leste espanhol e considerada a terceira maior cidade do país, onde a enchente tomou parte das ruas, matando ao menos 214 pessoas, empilhando carros e deixando um cenário de “terra arrasada”.
“Nunca tinha vivido isso e a experiência foi triste”, desabafou a brasileira.
Ana Paula da Silva França e seus dois amigos voluntariando em Alfafar, no leste da Espanha.
Arquivo pessoal
Ana Paula contou que a região onde mora não foi afetada, no entanto, a iniciativa de ajudar os outros surgiu após perceber a gravidade da situação. A brasileira relatou que, acompanhada de dois amigos, foi até o limite de Valência e, depois, fez o caminho até Alfafar andado por 1h30.
“A gente foi andando meio sem rumo, porque o único objetivo que a gente tinha era chegar em algum lugar e poder ajudar. No caminho, a gente já via, no meio da estrada, um monte de carros empilhados, lixo, geladeira e sofá. É uma cena horrorosa”, lembrou Ana Paula.
Quando o trio chegou em Alfafar, que fica a aproximadamente 39 km de Valência, percebeu que a situação era mais difícil. “Quando você entra na cidade fica pior ainda porque é muita lama, e a lama está quase no joelho. [..] A gente entrou e começou a limpar meio desorientado”, lembrou ela.
Para a educadora física, o momento mais marcante do voluntariado foi quando ajudava uma jovem moradora a limpar o que havia sobrado de uma casa. “Me deu uma dor no coração tão grande, porque eu me vi vivendo essa situação. A menina tinha vinte e poucos anos, morando sozinha e perdeu tudo. Sei a dificuldade de você ter essa independência, e você perder tudo é complicado”, disse.
Revolta e solidariedade
Apesar da tristeza pela situação em que encontrou a cidade, a educadora contou ter ficado “feliz” por ver a união de voluntários na ação.
Ela revelou, porém, a indignação pelo que considerou “falta de respaldo” do governo espanhol, que demorou três dias para enviar reforços para as cidades afetadas.
“Tinha muita gente trabalhando, foi uma coisa bonita, uma cena bonita. [Mas] os órgãos públicos não fizeram muita coisa. Quem deveria agir, botar a mão na massa, agir de verdade, demorou muito”, afirmou.
Arrecadação de recursos
Mobilizada pela situação catastrófica que a região vive, Ana Paula, que também é protetora dos animais, resolveu destinar todo o dinheiro que ganhar trabalhando como educadora física neste mês para ajudar os pets afetados pelas enchentes.
“Vou usar esse dinheiro [das aulas] pra comprar ração, areia, comidinhas úmidas, cama para gato, para cachorro e vou levar lá. Porque está muito difícil chegar doação”, finalizou a brasileira.
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