9 de outubro de 2024

Brasileira em Israel que trabalha com autistas relata como é viver no país em meio aos confrontos no Oriente Médio: ‘é uma realidade que nunca presenciei’

Mariana Castro é de Iguaba Grande e há mais de um ano vive no país, onde atua como voluntária. Ao g1, ela relatou a rotina em Tel Aviv quando toca sirenes e precisa ir para bunkers se proteger. Brasileira em Israel relata ida para bunkers quando toca sirene por causa de ataques
Mariana Castro/Arquivo pessoal
Quem mora em Israel vive há um ano em meio aos conflitos no Oriente Médio. No dia 7 de outubro de 2023 ocorreram ataques liderados pelo Hamas ao país, e, desde o mês passado, Israel vive um conflito com o grupo extremista Hezbollah.
A Mariana Castro, de 25 anos, é natural de Iguaba Grande, na Região dos Lagos do Rio, e, desde agosto do ano passado, mora em Tel Aviv, na costa israelense. Ela foi para o país para trabalhar com o voluntariado.
“Eu trabalho com pessoas autistas. Antes eu trabalhava em Jerusalém, com pessoas com deficiências, mas me mudei para Tel Aviv e trabalho agora só com autistas”, contou.
Em meio os conflitos que ocorrem no país, ela disse ao g1 que as sirenes começaram a tocar com mais frequência na cidade.
Mariana Castro, é de Iguaba Grande, e mora em Israel há mais de um ano. Ela foi para o país para ser voluntária
Mariana Castro/Arquivo pessoal
“A gente está convivendo com esse novo normal, sempre com essa tensão. A gente não sabe o que vai acontecer amanhã. Desde 7 de outubro do ano passado, a gente sempre é atacado pelo Hezbollah no norte”, disse Mariana, que continuou:
“Israel sempre sendo atacado por mísseis, drones. Milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas no Norte, várias cidades estão inabitadas. A gente está nessa tensão, porque eles não param de mandar míssil pra cá e Israel está revidando. Eu estava dormindo e tocou sirene esses dias”, conta.
A Mariana, que é nutricionista, conta que fica assustada com essa situação, mas como está no país desde do ano passado, acabou se adaptando com tudo que está ocorrendo.
“Sei também que o exército e os equipamentos de defesa dos mísseis são muito bons. Mesmo assim é uma realidade que nunca presenciei. E como trabalho com pessoas autistas, é bem triste a situação, pois eles entram em crises”, relata Mariana.
Quando o conflitos começaram, no ano passado, Mariana disse que pensava em voltar para o Brasil, mas já não pensa mais nisso.
“Eu acredito muito na defesa daqui e me apeguei muito aos autistas da minha instituição. Então, para eu sair agora iria ficar muito triste”, conttou.
LEIA TAMBÉM:
SANDRA COHEN: Um ano depois, o pesadelo que transformou o Oriente Médio está longe do fim
EUA impõem sanções a rede internacional de arrecadação de fundos do Hamas
Israel anuncia operação militar na costa sul do Líbano e declara novas zonas militares na fronteira
Os 97 reféns que seguem desaparecidos um ano após o ataque do Hamas a Israel
Ida para bunker 25 vezes
Mísseis disparados pelo Irã sobrevoam céu de Tel Aviv, capital de Israel, em 1º de outubro de 2024.
REUTERS/Ammar Awad
Ao g1, a voluntária contou que nas duas últimas semanas precisou ir para um bunker pelo menos 25 vezes.
No dia 27 de setembro, foram três vezes. No dia primeiro de outubro, a sirene tocou mais cinco vezes quando já estavam dentro do bunker. No dia seis de outubro e no dia sete, ela foi mais três vezes.
“Depois que toca sirene, você precisa ficar dez minutos dentro do bunker. Quando o Irã atacou, a gente ficou uma hora porque foi um atrás do outro. A gente só poderia sair quando recebesse a mensagem do Exército falando que podia sair, foram bombas bem pesadas. Na segunda, foram mísseis do Líbano e a gente tem que ficar dentro do bunker. Quando acaba a sirene, precisamos ficar dez minutos dentro ainda. Tem alguns mísseis que mesmo sendo interceptados, cai estilhaços. É difícil ficar com eles [autista] dentro do bunker, eles ficam muito nervosos e a gente precisa acalmá-los”, contou Mariana.

Mais Notícias