10 de outubro de 2024

Brasileira que trabalha na Flórida é convocada para atuar em abrigo que recebe vítimas do furacão Milton

Enfermeira Camila Luchesi relata rotina de trabalho das 7h às 19h em abrigo criado para atender até 500 pessoas em meio à passagem do furacão: ‘a gente faz um pouco de tudo’. Camila Luchesi, de Ribeirão Preto (SP), foi convocada pelo governo de Bradenton, costa Leste da Flórida, para trabalhar em abrigo para pessoas afetadas pelo furacão Milton
Arquivo pessoal
Em Bradenton, cidade que fica na costa Leste da Flórida, a enfermeira brasileira Camila Luchesi se preparava, na noite desta quarta-feira (9), para as consequências da passagem furacão Milton – mas de um jeito diferente. A supertempestade tocou o solo por volta das 21h30, com ventos de até 205 km/h.
Como é funcionária do governo local, a brasileira de Ribeirão Preto (SP) foi convocada para trabalhar em um dos abrigos criados para atender as pessoas mais afetadas.
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O espaço foi montado em uma escola infantil da cidade para receber pessoas que deixaram sua casas. Salas de aula deram lugar a camas improvisadas, corredores foram usados para estocar oxigênio e lençóis, e foi montado um lugar específico para pets (veja no vídeo abaixo).
Brasileira mostra abrigo para 500 vítimas do furacão Milton, na Flórida
Camila chegou ao local na tarde de terça-feira (8). Desde então, rotina dela começa às 7h e termina só 19h, que é o momento em que ela tenta descansar. Até a tarde de quarta, 400 pessoas já estavam no abrigo, que tinha capacidade para receber mais 100.
“A gente ajuda a levar para os quartos pessoas que necessitam de cuidados. Tem refeitório, serve três refeições, mas quem prefere comer comida no quarto, a gente ajuda levar. São várias equipes, e a gente, como suporte, faz um pouco de tudo”.
O abrigo é exclusivo para idosos e pessoas com necessidades especiais.
“O furacão está vindo de frente. E é impressionante como o americano se prepara para o pior. O governo divide a cidade em zonas e faz abrigos em áreas que não estão em risco de alagamento, e faz as pessoas evacuarem para essas áreas. As escolas já são construídas preparadas para isso”.
Trajeto onde o furacão Milton irá passar está em vermelho e o ponto azul é onde a babá Natana Lima Machado
Arquivo pessoal
A família de Camila está em segurança, mas não divide o mesmo abrigo que ela. Por conta do risco de alagamento, marido e filhos tiveram de evacuar a residência onde vivem por risco de alagamento e estão em outro local para a passagem do furacão.
“Aqui, nós somos convocados. Funcionários do governo, obrigatoriamente, têm de vir pra ficar. Sou da equipe do dia, que é a equipe suporte. Desde ontem [terça-feira] organizamos camas, o abrigo abriu 10 horas, começamos a inspecionar pessoas com necessidades especiais, dificuldade de mobilidade. As pessoas podem vir com a família, com os cachorro, há vários cachorros aqui. E a gente ajuda no suporte dessas pessoas, acomodar, dar pulseira de identificação, é tudo muito organizado”.
Enfermeira brasileira mostra escola que foi transformada em abrigo para atender vítimas do furacão Milton
Arquivo pessoal
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Milton teve aumento ‘explosivo’ e pode ser um dos piores da Flórida nos últimos 100 anos
Na passagem do furacão Helene, há duas semanas, ela também foi convocada para trabalhar em um abrigo e ficou no local por três dias. Com a intensidade do furacão Milton, que promete ser um dos mais ‘explosivos’ dos últimos 100 anos, a brasileira não tem previsão de voltar para casa.
“Enquanto tiver gente aqui, nós não podemos ir embora. Se a pessoa não tem pra onde voltar, precisa ir pra outros abrigos porque isso é uma escola. A gente tem de ficar até o último”.
Escola em Bradenton, na Flórida, foi transformada em abrigo para vítimas do furacão Milton
Arquivo pessoal
Coração apertado
Camila diz estar com o coração apertado por conta da chegada do furacão.
“A gente não sabe o que vai acontecer. Dizem que vai ser o maior e mais forte dos últimos anos. Eu estou aqui e, aconteça o que acontecer, vou estar aqui. É um sentimento, ao mesmo tempo, de que você precisa ajudar. É horrível. A gente pensa muito no nosso país, o que eu estou fazendo aqui, o que arrumei pra minha cabeça. Minha família não está comigo, mas está em um lugar seguro”.
Na tarde de quarta-feira, o furacão Milton foi rebaixado para a categoria 3 em boletim divulgado pelo Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).
O governo da Flórida preparou a maior evacuação no estado nos últimos oito anos — desde o furacão Irma, em 2017 — e fechou todos os portos na terça-feira.
O Milton se formou no Golfo do México. Na manhã desta quarta-feira, ele passou perto península de Yucatán, no norte do México, onde grandes ondas e ventos fortes são previstos.
O furacão deve atingir área metropolitana de Tampa, densamente populosa — a população é de mais de 3,3 milhões de pessoas —, com um potencial impacto direto e ameaçando a mesma faixa de costa que foi devastada por Helene.
Assista na íntegra a reportagem do EPTV 2:
Região onde vai passar furacão Milton tem muitos moradores de Ribeirão Preto
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