10 de outubro de 2024

Brasileiras na Flórida fazem as malas e estocam alimentos após alerta do furação Milton

Elas vivem na rota do furacão e relataram ao g1 os momentos de tensão em que estão vivendo à espera do fenônmeno. Brasileiras na Flórida relatam ‘cenário de guerra’ ao terem que fazer as malas e estocarem alimentos ao receberem alerta de furacão Milton
Arquivo pessoal/Reprodução
Brasileiras que residem em cidades da Flórida, nos Estados Unidos, estão se preparando para a passagem do furacão Milton. A babá Natana Lima Machado, de 34 anos, e a especialista em cachos, Waléria Zanardi, de 39, vivem na rota do furacão, e relataram ao g1 os momentos de tensão em que estão vivendo à espera do fenônmeno.
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Milton se tornou um furacão de categoria 1 no domingo (6), e tem se deslocado para o leste, pelo Golfo do México, depois de passar pela península mexicana de Yucatán. Ele foi classificado como um furacão de categoria 5 – a mais forte. A previsão é de que o núcleo do furacão passe sobre o centro-oeste da Flórida.
A babá Natana Lima Machado, de 34 anos, é de Santos e contou ao g1 que mora com um casal de amigos em Winter Haven. Em um ano morando no estado da Flórida, ela conta que nunca passou por um forte furacão.
“Semana passada teve o [furacão] Helene, que também só foi chuva, porque ele passou bem longe. Só que esse [furacão Milton] vai passar exatamente em cima da gente. Ele vai passar como furacão mesmo”.
Natana Lima Machado, de 34 anos [direita] e a amiga com quem ela mora, Cristiane Ornellas, de 39 anos [na esquerda].
Arquivo pessoal
O governo da Flórida tem enviado alertas constantes aos moradores com orientações em casos de emergência, evacuação e outras necessidades. Ela e os amigos, que tem dois filhos, estavam em dúvida se deixariam a casa onde vivem ou não.
A região onde eles moram não recebeu o alerta de evacuação do governo. “Está todo mundo apreensivo porque ficou naquele negócio, a gente sai, não sai, a casa é protegida, mas será que vai sustentar? Será que vai chegar aqui e ele vai ganhar força? Não vai?”
Natana conta que ela e o casal optaram por ficar na casa. A partir da decisão, eles começaram a estocar mantimentos básicos como água e comida, mas tiveram que ir algumas vezes no mercado para encontrarem tudo o que precisavam.
“A gente foi umas três, quatro vezes no mercado pra tentar achar água, por exemplo. Você vai no mercado, tem uma galera com um monte de água no carrinho, quando você chega nas prateleiras parece que é o fim do mundo, porque o povo já sai estocando tudo”.
Trajeto onde o furacão Milton irá passar está em vermelho e o ponto azul é onde a babá Natana Lima Machado
Arquivo pessoal
O furacão Milton deve passar pela região onde Natana mora por volta da madrugada desta quinta-feira (10). Segundo ela, tudo está preparado para caso eles precisem evacuar. “A gente tem tudo pronto. Malinha pronta, se acontecer alguma coisa. Carregar celular, a bateria, lanterna. […] Como ele pode vir bem forte, pode faltar luz, pode faltar internet, tudo. Então, você tem que ter tudo. Todo kit furacão”.
Apesar do nervosismo em passar pelo furacão, a babá contou que está tentando transmitir segurança para os filhos dos amigos e para a família, que está no Brasil. “A gente [está] tentando manter a calma para eles [as crianças] não sentirem. A gente vai falando [com a família] para acalmar. Se não, eles ficam doidos e a gente também”.
Natana Lima Machado já preparou o estoque por conta do furacão Milton
Arquivo pessoal
A especialista em cachos, Waléria Zanardi, de 39, saiu de Santos (SP) com o marido e as duas filhas e foi morar em Davenport, na Flórida, há dois meses. Ela contou que ela e a família foram pegos de surpresa pelo furacão. “Confesso que ficamos, assim, um pouco desesperados. [..] A gente vai vendo as notícias e vai acabando se preocupando mais”.
O local onde ela e sua família estão ainda não precisou ser evacuado, mas eles estão acompanhando as orientações do governo para casos de emergência. “Os alertas chegam, desde falando da previsão do tempo, tornado. Seguir as ordens que o governo dá é muito preciso. Se todo mundo sai junto, você acaba ficando preso na estrada. Você atrapalha quem realmente precisa sair”.
Waléria Zinardi e sua família se mudaram a cerca de dois meses para a Flórida.
Arquivo pessoal
Assim como Natana, a especialista em cachos Waléria já fez sua reserva de mantimentos e chegou a guardar água na banheira. Ela conta que estocou muita água e comida.
“As malas estão prontas, porque a qualquer minuto, da mesma forma que eles mandam esses alertas falando do que está acontecendo, eles podem mandar uma ordem de evacuação. É tempo de você colocar um tênis e sair”.
Waléria desabafou que a situação é ainda mais tensa por eles serem recém chegados na Flórida. “A gente está sendo obrigado a descobrir tudo na força. […] É cenário de guerra. Os enlatados não tem mais porque a qualquer minuto pode acabar a água e a eletricidade. Então, tudo que é fácil de comer, as pessoas compram com mais rapidez”.
Estoque de água e as malas em caso de evacuação.
Arquivo pessoal
Furacão Milton
Furacão Milton avança e se aproxima da Flórida
NOAA/Reprodução
Milton é uma das tempestades mais poderosas que se formaram no Atlântico Norte nos últimos anos. O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) prevê que Milton atinja a costa da Flórida como um “furacão extremamente perigoso”
Os meteorologistas alertam para chuvas torrenciais, inundações repentinas, ventos fortes e possíveis marés de tempestade — que ocorrem quando a água se desloca para o interior a partir da costa.
Eles dizem que Milton pode ser a pior tempestade a atingir a área em cerca de um século — com a possibilidade de ondas de 3 a 4,5 metros e até 38 cm de chuvas localizadas.
Como se forma um furacão
BBC

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