Duas mulheres foram presas por suspeita de participação na morte do empresário Luiz Marcelo Ormond: a namorada dele, Júlia Carthemol, e a cigana Suyany Breschak, apontada pela polícia como a mandante do crime. Brigadeirão: à mãe, psicóloga disse que ‘fez uma besteira’ a mando de ‘cigana’
A Polícia Civil tenta esclarecer a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. O corpo dele foi encontrado por bombeiros, em avançado estado de decomposição, no apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio.
Veja quem é quem e a cronologia do caso
Até o momento, duas pessoas foram presas pelo crime: a psicóloga Júlia Andrade Carthemol Pimenta, namorada da vítima e suspeita de matar Luiz Marcelo; e Suyany Breschak, a cigana apontada pela polícia como a mandante do crime.
Namorada é suspeita de dopar e matar empresário no Engenho Novo com ajuda de cigana
Reprodução/TV Globo
O g1 teve acesso ao depoimento de envolvidos e testemunhas da investigação.
Veja abaixo alguns trechos:
Júlia Andrade Carthemol Pimenta, a namorada
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, no dia do seu primeiro depoimento à Polícia Civil; ela ficou em silêncio depois de ser presa
Reprodução/TV Globo
Júlia prestou um primeiro depoimento no dia 22 de maio, ainda na condição de testemunha. Depois, se tornou a principal investigada pela morte do empresário. No primeiro depoimento disse que:
No dia 19 de abril de 2024, foi morar com Luiz Marcelo, e que vinha mantendo um relacionamento com ele desde 2013, de forma casual.
Que começou a perceber que o namorado estava dormindo demais e que não saía mais.
Que Luiz Marcelo disse que vendeu um estacionamento no Cachambi, mas vinha tendo problemas e aborrecimentos com o negócio.
Que no dia 19 de maio Luiz Marcelo pediu para que ela levasse bolsas e o carro dele na Favela da Maré. Um homem alto e magro, entre 40 e 50 anos, foi responsável por buscar o veículo, e ela voltou de ônibus para casa.
Ao chegar em casa, contou a Luiz Marcelo que bateu o retrovisor antes de entregar o carro, e que este teria dado um tapa em seu rosto.
Que mexeu no computador de Luiz Marcelo, e a máquina não tinha senha.
Que ele descobriu que ele entrava em sites de relacionamento e se comunicava com outras mulheres enquanto ela dormia.
Que ao confrontá-lo, os dois brigaram.
Que os dois pretendiam se casar, e que o namorado teria colocado a declarante como dependente em sua conta do banco.
Que, depois da briga, deixou o apartamento, excluiu Luiz de todas as suas redes sociais e não teve mais contato com ele.
Ao ser presa nesta terça-feira (4), permaneceu em silêncio durante o seu depoimento, de acordo com a polícia.
Suyany Breschak e Júlia Cathermol, presas por suspeita de envolvimento na morte de Luiz Marcelo
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Suyany Breschak, a cigana
Suyani Breschack se apresenta como cigana e é suspeita de envolvimento no envenenamento e morte do empresário Luiz Marcelo Ormond
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Que Júlia a procurou para que a ajudasse a reconquistar um ex-namorado, e que fazia serviços espirituais para ela há 12 anos.
Que Júlia contraiu uma dívida de R$ 600 mil, e que vinha fazendo pagamentos mensais de R$ 5 mil para quitar o débito.
Seu principal trabalho era fazer uma limpeza espiritual para que a família e os namorados de Júlia não soubessem que ela era garota de programa.
Os namorados em questão eram Jean Cavalcante de Azevedo, que ficava com Júlia durante a semana, e Luiz Marcelo Ormond.
Relatou que Júlia contou em detalhes como tinha feito dois brigadeirões: um deles continha 50 comprimidos moídos de um medicamento chamado Dimorf.
Que Júlia ainda teria contado como foram os últimos momentos do namorado: ele começou a respirar de maneira ofegante, fez um barulho alto e, do nada, parou.
Ela também comentou sobre como estava sendo difícil conviver com o cadáver de Luiz Marcelo dentro de casa, inclusive citando a presença de um urubu na janela, por conta do cheiro forte.
O carro de Luiz Marcelo, um Honda CRV, teria sido dado a ela como uma amortização da dívida de Júlia com a mulher que se diz cigana.
O valor do veículo é estimado no depoimento em R$ 75 mil.
Suyany Breschak foi presa por envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond
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Carla Andrade Cathermol, mãe de Júlia
Que na segunda-feira (27), juntamente com seu marido Marino, levou Júlia para sua residência em Maricá, na Região dos Lagos.
Que a filha estava bastante aflita e abatida.
Segundo Carla, Júlia disse à mãe que tinha feito uma besteira, a mando de Suyany.
Júlia contou à mãe exatamente o que teria feito, e estaria sob forte ameaça de uma mulher chamada Suyany.
À mãe, Júlia disse que acreditava que Suyany iria matar ela, Marino (padrasto de Júlia) e o namorado Jean por meio de feitiçarias.
Segundo a mãe, Júlia jamais verbalizou que havia matado alguém, mas a todo tempo dizia que tinha feito uma besteira.
Que na sexta-feira (31) Júlia pediu para que a deixassem perto de uma palmeira, e que desde então não tinha visto mais a filha.
Carla disse ainda que, 10 anos antes, encontrou Júlia dizendo que alguém sabia onde ela estava e iria matá-la; ela acredita que já poderia ser uma influência de Suyany.
Carla disse também que Júlia entregou a Suyany uma quantia de R$ 60 mil.
Marino Bastos Leandro, padrasto de Júlia
Disse que ouviu de Júlia que fora obrigada por uma feiticeira a “fazer uma besteira”.
Que depois de saber do que tinha ocorrido, tentou convencer Júlia a se entregar, mas que Carla, sua mulher, não queria que ela se entregasse.
Que acompanhou policiais civis da 25ª DP (Engenho Novo) até o local onde deixou Júlia, próximo a uma palmeira.
Que discutiu com o pai de Jean, namorado de Júlia, por conta do caso ter revelado que Júlia tinha outro namorado.
Segundo ele, as famílias de ambos esperavam um casamento entre eles e aguardavam a compra de um apartamento para que o casamento fosse celebrado.
Disse que Júlia, volta e meia, pedia desculpas a ele, e citou um pedido de R$ 60 mil, que ele transferiu para a conta dela.
Depois, Júlia disse que entregou todo o dinheiro para Suyany. Marino contou que brigou com ela, perguntou como ela pôde fazer isso e afirmou que Júlia nada disse.
Que considera Júlia como uma filha sua.
Também namorado de Júlia, Jean Cavalcante Azevedo disse, em depoimento, disse que não fazia a menor ideia sobre outro relacionamento de Júlia, e que ficou sabendo do envolvimento dela com Luiz Marcelo pela reportagem exibida no Fantástico.
Já Orlando Ianoviche Neto, ex-marido de Suyany, apresentou na delegacia diversas acusações contra a mulher que se diz cigana, como furto, tentativa de sequestro e ameaça de envenenar os próprios filhos.