10 de janeiro de 2025

Brigadeirão envenenado: veja quem é quem e a cronologia do caso

História de Ormond e Júlia começou há mais de 10 anos. Suspeita se entregou nesta terça (4), após 12 dias de buscas. Suspeita de dar brigadeirão envenenado a empresário se entrega em delegacia do Rio
Júlia Andrade Carthemol, suspeita de matar o namorado, Luiz Marcelo Antônio Ormond, com um brigadeirão envenenado, se entregou no fim da noite desta terça-feira (4), após ficar 12 dias foragida. Ela ficou em silêncio na delegacia.
A história de Júlia e Ormond começou em 2013, entre idas e vindas, e se intensificou há 2 meses. O empresário foi encontrado morto em 20 de maio dentro de casa, no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em estado avançado de decomposição.
O g1 traz agora a cronologia do caso — mas, antes, apresenta quem é quem.
Júlia Andrade Cathermol Pimenta está foragida da Justiça desde o dia 22 de maio, quando prestou depoimento e foi liberada.
Reprodução TV Globo
Os personagens
Luiz Marcelo Antônio Ormond, 44 anos, empresário, administrador de imóveis, encontrado morto dia 20 de maio;
Júlia Andrade Carthemol, 29 anos, psicóloga e, segundo a polícia, garota de programa. Apontada como assassina de Ormond;
Suyany Breschak, 27 anos, se apresenta como cigana e diz ter feito trabalhos espirituais para Júlia, pelos quais teria a receber R$ 600 mil. Foi presa por envolvimento no crime — segundo a polícia, é a mentora do plano.
Victor Ernesto de Souza Chaffi, ex-namorado de Suyany, preso por receptação, solto após pagar fiança.
Júlia Andrade Carthemol e Luiz Marcelo Antônio Ormond
Reprodução/TV Globo
A cronologia
2013
Ormond conhece Júlia numa sala de bate-papo na internet. Até 2017, eles têm relacionamentos curtos e esporádicos.
2023
Ormond e Júlia retomam contato, mas o romance só engata este ano.
19 de abril, sexta-feira
Júlia se muda para a casa de Ormond.
24 de abril, quarta-feira
Ormond muda o status de relacionamento no Facebook para “casado”.
25 de abril, quinta-feira
Ormond e Júlia comemoram o aniversário dela. Ela completa 29 anos.
6 de maio, terça-feira
Júlia vai a uma farmácia e compra, com receita, R$ 158 em Dimorf, um medicamento à base de morfina. Os 60 comprimidos seriam moídos e adicionados ao brigadeirão.
Farmácia onde Júlia comprou a morfina
Reprodução/TV Globo
11 de maio, sábado
Ormond e Júlia passam o Dia das Mães na casa de uma tia dele.
17 de maio, sexta-feira
Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina
Reprodução/TV Globo
Às 17h04, Ormond e Júlia são gravados no elevador do prédio dele, descendo para a piscina. O empresário segura um prato coberto com papel-alumínio onde, segundo a polícia, está o brigadeirão com morfina.
Ainda de acordo com a investigação, Ormond come o doce manipulado.
Às 17h47, o casal sobe até o apartamento. A câmera do elevador registra Ormond tossindo muito e desatento — ele chega a prender o dedo na porta do equipamento. Uma vizinha que também subia nota o estado alterado do empresário. Ele ainda diz: “Não tô bem não”.
Segundo a perícia, Ormond provavelmente morreu naquela sexta-feira.
Ormond prende o dedo no elevador
Reprodução/TV Globo
18 de maio, sábado
Júlia aparece na garagem do prédio.
A polícia e a suspeita divergem a partir deste ponto. No depoimento prestado em 22 de maio, Júlia narra 2 sequências de eventos aparentemente contraditórias — e os investigadores refutam ambas.
Primeira sequência, segundo Júlia: ela desce com Ormond “para tomar umas cervejas na parte da tarde”. De volta ao apartamento, Ormond toma 1 cerveja e passa a “suar muito”. Ele toma “um banho demorado”, e depois o casal fica vendo TV. Júlia vai dormir às 22h.
Segunda sequência narrada por Júlia: pela manhã, ela acorda e vê “a sala repleta de bolsas”. Por volta das 11h, Ormond pede à namorada para levar tudo até o carro, um Honda CRV, e dirigir até a Favela da Maré, onde deveria “deixar o veículo”. Ela obedece. Ao manobrar, bate o retrovisor na garagem. Já no complexo, estaciona o CRV “na primeira rua após passar a [filial do supermercado] Vianense, à direita” [o que seria a Rua Teixeira Ribeiro, uma transversal da Avenida Brasil] e salta. Já distante, vê um “homem alto, magro, de bochecha meio caída, com cerca de 40 a 50 anos, moreno, tipo árabe” pegar o automóvel. Ela embarca em um ônibus até o Méier, onde “ficou um tempo passeando”, e voltou no fim da tarde para a casa do namorado de táxi. Ela conta que avariou o Honda, e Ormond, “bravo, lhe dá um tapa no rosto”. Ela chora, toma um banho, e se senta no sofá. Ormond pede desculpas e se deita no colo dela. Ambos vão dormir.
Suyany Breschak e Júlia Cathermol
Reprodução/TV Globo
O que diz a polícia: Júlia não foi para a Maré. O rastreamento do CRV de Ormond aponta que a namorada dirigiu até Araruama, na Região dos Lagos, a 120 km do Rio de Janeiro. Lá, a mulher entregou o veículo para Suyany a fim de quitar parte da dívida de R$ 600 mil.
Suyany declarou em depoimento que Júlia lhe disse que já naquele sábado “não estava suportando o cheiro do cadáver”, “que havia até um urubu na janela” e que “cobriu o corpo com cobertor e jogou água sanitária no apartamento”.
19 de maio, domingo
O que diz a polícia: uma câmera no prédio de Ormond registra Júlia malhando na academia do condomínio.
Júlia desce para a academia do prédio
Reprodução/TV Globo
O que diz Júlia: Ormond vai tomar banho, e ela aproveita para vasculhar o computador do namorado, descobrindo que o empresário “entrava em sites de relacionamento e se comunicava com outras mulheres”. O casal briga.
No depoimento, Júlia não faz qualquer menção sobre ter descido para malhar.
20 de maio, segunda-feira
O que diz a polícia: no início da manhã, segundo um porteiro, Júlia desce e pergunta se chegou alguma coisa para Ormond. Às 11h, uma correspondência chega, Júlia é avisada e desce, já com malas. Ela pega a carta e vai embora.
Segundo as investigações, era um cartão de banco de uma conta conjunta recém-criada pelo casal, e Júlia estava justamente esperando chegar para deixar o prédio.
Júlia pega o cartão de banco na portaria
Reprodução/TV Globo
Júlia deixa o prédio de Ormond
Reprodução/TV Globo
Incomodados com um mau cheiro, vizinhos acionam os bombeiros, que arrombam a porta do apartamento de Ormond e o encontram morto, em estado avançado de decomposição.
Peritos dizem que Ormond morreu entre 3 e 6 dias antes. Como a câmera do condomínio o gravou na sexta-feira anterior, a data da morte provavelmente foi o 17 ou o 18 de maio.
O que diz Júlia: eles acordaram, e Ormond fez o café. Ela tomou banho para ir embora, apesar de o namorado pedir para reconsiderar. Ela deixa o prédio quando o cartão chega. Ela “pegou a carta, viu que era o cartão, mas deixou com Luiz e foi embora”.
22 de maio, quarta-feira
Júlia depõe à polícia na 25ª DP (Engenho Novo) na condição de envolvida. Naquele momento, segundo o delegado Marcos Buss, não havia base legal para a prisão.
Depois que Júlia deixou a delegacia, Buss representou pela prisão da suspeita, e a Justiça expediu o mandado. Mas Júlia já tinha desaparecido. Começava ali uma busca de 12 dias.
Júlia deixa a 25ª DP após depor
Reprodução/TV Globo
29 de maio, quarta-feira
Suyany e Victor são presos. Ela, por envolvimento na morte; ele, por receptação.
Suyany Breschak
Reprodução/TV Globo
4 de junho, terça-feira
A mãe e o padrasto de Júlia são conduzidos de Maricá até a 25ª DP para depor — uma vez que não compareceram espontaneamente.
A advogada de Júlia passa a negociar a rendição da cliente. Foram 12 horas de tratativas até que a psicóloga se entregou no fim da noite.
Júlia Andrade Carthemol se apresentou à polícia acompanhada de uma advogada, no Rio
Reprodução/TV Globo

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