11 de janeiro de 2025

Bruno e Dom: dois anos após duplo homicídio acusados seguem presos aguardando julgamento

Caso ocorreu no dia 5 de junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas. MPF afirmou que segue trabalhando de forma ativa para obter a condenação de todos os envolvidos. Caso ocorreu no dia 5 de junho de 2022, na região do Vale do Javari, no Amazonas.
Reuters/Ueslei Marcelino
Dois anos após os assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, os acusados de envolvimento no crime seguem impunes. O caso ocorreu no dia 5 de junho de 2022, na região do Vale do Javari, no interior do Amazonas. Atualmente, o Ministério Público Federal segue trabalhando de forma ativa para obter a condenação de todos os envolvidos, além de buscar melhores condições de vida e de segurança para as populações que habitam a região.
Os presos são:
Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR),
Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS),
Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, também custodiado na Penitenciária Federal de Campo Grande.
Ruben Dário da Silva Villar, o “Colômbia”, apontado como mandante dos assassinatos
Jânio Freitas de Souza, apontado como braço direito do mandante, ambos também presos em presídios federais.
Amarildo e Jefferson serão julgados por homicídio por motivo torpe e mediante emboscada no caso de Bruno e por homicídio mediante emboscada no caso de Dom, bem como pela ocultação dos cadáveres das vítimas.
Já Oseney será julgado apenas pelos homicídios. Os réus recorreram ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região e, se a pronúncia for confirmada, o processo irá a julgamento pelo plenário do Tribunal do Júri.
Em outubro do ano passado, a Justiça Federal decidiu que os réus iriam ser julgados pelo Tribunal do Júri. Mas, a defesa recorreu alegando a tese de legítima defesa. Em fevereiro deste ano, no entanto, o pedido foi negado pela justiça, que manteve o julgamento inicial.
A defesa, por sua vez, recorreu para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tentando adiar o julgamento. No pedido, os advogados alegaram que a 3ª Turma Federal, responsável pela apreciação do caso, não seria a instância correta, uma vez que o processo já havia recebido decisões prévias da 4ª Turma Federal. O TRF1 concordou com o pedido e determinou a retirada do julgamento da pauta.
Segundo a acusação, os procuradores trabalham em três frentes de atuação. A primeira delas é contra os executores dos crimes: Amarildo, Oseney e Jefferson.
Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima
Rede Amazônica
Amarildo e Jefferson serão julgados por homicídio por motivo torpe e mediante emboscada no caso de Bruno e por homicídio mediante emboscada e para assegurar a impunidade do crime anterior no caso de Dom, bem como pela ocultação dos cadáveres das vítimas. Já Oseney irá a júri popular apenas pelos homicídios.
Em abril de 2024, em outro inquérito, o MPF denunciou cinco pessoas por ocultação de cadáver. Segundo a acusação, Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira, Edivaldo da Costa de Oliveira (parentes dos réus Amarildo e Oseney) e Francisco Conceição de Freitas ajudaram os executores a esconderem os corpos de Bruno e Dom na mata, na tentativa de livrá-los do crime.
“A investigação tramita sob sigilo e está em fase de diligências finais. Além disso, em inquérito que é desdobramento do caso, o MPF denunciou Ruben Dário da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, por organização criminosa para a pesca predatória no Vale do Javari (AM)”, explicou o órgão ministerial.
O caso
O documentário do Globoplay Vale dos Isolados: O assassinato de Bruno e Dom ganhou o prêmio Vladimir Herzog
Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez no dia 5 de junho de 2022, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael, em Atalaia do Norte, no Amazonas.
De São Rafael, seguiriam para a sede de Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
As buscas pelos dois começaram no mesmo dia, por integrantes União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que acionaram as autoridades.
Após dias de buscas, os restos mortais de Bruno e Dom foram encontrados enterrados, em uma área de mata de difícil acesso, no dia 15 de junho de 2022.
As investigações concluíram que as vítimas foram mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da Polícia Federal, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.
Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos santos”, e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”, foram presos suspeitos de cometerem os assassinatos.
Além dos três acusados, no fim de janeiro de 2023, a Polícia Federal (PF) apontou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, como o mandante dos homicídios.
Colômbia está preso desde dezembro de 2022. Ele chegou a ser solto após pagar uma fiança de R$ 15 mil, em outubro.
A prisão foi decretada novamente pela Justiça Federal após ele descumprir condições impostas quando obteve liberdade provisória. Colômbia também é investigado por pesca ilegal e tráfico de drogas.
Segundo as investigações, “Colômbia” tinha relação direta com Amarildo. No processo, o Ministério Público Federal denunciou Amarildo, Oseney e Jefferson pelo assassinato das vítimas.
As buscas pelos dois começaram no mesmo dia, por integrantes União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que acionaram as autoridades.

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