Entre 2019 e 2023, Brasil registrou quase 27 mil casos envolvendo o inseto. Somente o gênero Lonomia tem impactos na saúde pública. Lagartas do gênero Lonomia são as únicas que têm maior relevância para a saúde pública
José Felipe Batista/Comunicação Butantan
Com a chegada da época de chuva e calor, o Instituto Butantan alerta para o aumento de acidentes com lagartas. Erucismo é nome dado ao quadro clínico de envenenamento decorrente do contato com cerdas urticantes de lagartas, onde o veneno fica armazenado.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), as lagartas do gênero Lonomia são as únicas que têm maior relevância para a saúde pública, pois ocasionam envenenamentos graves que podem levar à morte. Por isso, é importante saber identificá-las para proceder da maneira adequada em caso de acidentes.
No Brasil, entre 2019 e 2023, foram registrados 4,3 mil casos de acidentes com animais do gênero, de acordo com o último Boletim Epidemiológico do MS. Na totalidade de casos ocorridos com todos os outros tipos de lagartas, o número chega a quase 27 mil.
Maioria dos acidentes acontece nas regiões Sul e Sudeste do país
José Felipe Batista/Comunicação Butantan
A maioria dos acidentes acontece nas regiões Sul e Sudeste do país. De acordo com o Butantan, apesar das lagartas desse gênero estarem presentes em todo o país, fatores como o clima mais ameno, maior densidade populacional e a perda de habitat primário causada pela ação humana contribuem para uma maior incidência de casos nessas localizações.
Jefferson Murad, médico do Hospital Vital Brazil, afirma que as pessoas tendem a achar que um acidente com lagarta não é grave, que só vai arder um pouco. “Na maioria das vezes, é justamente isso que vai acontecer, mas é aí que mora o perigo de se negligenciar um caso com potencial de agravos”.
Como diferenciar
Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”)
Medem até 8 centímetros, são geralmente solitárias e não-agressivas. Possuem “pelos” dorsais inofensivos longos e sedosos, de colorido variado (castanho, branco, negro, róseo) que camuflam as cerdas pontiagudas que podem irritar a pele.
Os sintomas em caso de acidente envolvem dor imediata e intensa, com sensação de queimação, que irradia do local afetado para outras partes do membro. Os gêneros dessas lagartas podem ser Megalopyge, Podalia, entre outros.
Lagarta-cachorrinha em cima de folha na mão de biólogo em Jaraguá do Sul
Reprodução/Redes sociais
Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”)
Vivem em grupos, têm coloração marrom-esverdeada e medem cerca de 5 cm de comprimento. Possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes, distribuídos no dorso da lagarta. Estes “espinhos” mimetizam muitas vezes as plantas que as lagartas habitam, o que dificulta enxegá-la. Não possuem pelos sedosos.
Brasil registrou quase 27 mil casos envolvendo lagartas
José Felipe Batista/Comunicação Butantan
Nesta família se inclui o gênero Lonomia, Automeris, Dirphya, entre outros – no entanto, só Lonomia causa envenenamentos graves. Os sintomas são extremamente preocupantes e indicam a necessidade imediata de atendimento médico.
Começa com dor e queimação, irritação local, vermelhidão e inchaço leve. Algumas pessoas podem apresentar dor de cabeça, náuseas e vômitos, seguidos por sangramentos na gengiva, nariz e urina, além do aparecimento de manchas arroxeadas pelo corpo.
Como evitar acidentes
De acordo com o instituto, que realiza a produção do Soro Antilonômico (SALon), usado para tratar acidentados por lagartas Lonomia, algumas medidas podem ajudar a evitar o contato. São elas:
Atenção ao se apoiar no tronco de árvores, principalmente as frutíferas;
Usar luvas ao realizar jardinagem ou outras atividades ao ar livre;
Nunca tocar ou tentar remover uma lagarta do local onde ela se encontra.
Como agir em caso de acidente
Em caso de contato com qualquer tipo de lagarta, o médico recomenda lavar bem o local atingido com água corrente e sabão neutro, utilizar gaze ou pano limpo para auxiliar na remoção de resquícios de cerdas do bicho, utilizar compressas de gelo para aliviar a dor e seguir para a unidade de saúde mais próxima para uma avaliação do quadro.
Se for possível e não houver nenhum risco, é importante tirar uma foto da lagarta. “Pessoas que tiveram contato com lagarta e observaram o surgimento de manchas pelo corpo devem procurar auxílio médico imediato”, reforça o profissional.
Somente a fase larval de mariposas é capaz de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) e larvas de borboletas são inofensivas. A única exceção é a mariposa fêmea adulta do gênero Hylesia, que apresenta cerdas urticantes no abdômen.
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