3 de outubro de 2024

Café provoca gastrite? Entenda a verdadeira relação da bebida com o estômago

O café pode ser tanto benéfico quanto prejudicial ao trato gastrointestinal. Isso vai depender de fatores como a quantidade ingerida e a predisposição individual. Brasil é o segundo maior consumidor da bebida
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Quem resiste a uma boa xícara de café para começar o dia? Seja para despertar ou simplesmente pelo prazer do sabor, o café está presente na rotina de muitos brasileiros. O país é o segundo maior consumidor da bebida, atrás apenas dos Estados Unidos.
Mas o cafezinho é mesmo um vilão para o trato gastrointestinal? Ou será que é só questão de moderação?
O café pode ser tanto benéfico quanto prejudicial ao trato gastrointestinal. Isso vai depender de fatores como a quantidade ingerida e a predisposição individual. Como ele estimula a produção de ácido gástrico, pode causar desconforto em pessoas com estômago mais sensível. Em contrapartida, ele também pode aliviar a constipação.
“Ele provoca um estímulo à motilidade intestinal, esse é um efeito bom do café para o aparelho digestivo. Inclusive, tem sido cada vez mais comprovada que a utilização do café em pós-operatório traz os movimentos intestinais de volta. Várias sociedades orientam o consumo de café no pós-operatório como um fator de estimular o retorno da motilidade intestinal”, explica Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo e presidente do Einstein.
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☕ Café provoca gastrite?
“O café pode estimular a produção de ácido gástrico, o que pode causar desconforto em pessoas com estômago mais sensível. Ele contém substâncias como cafeína e compostos fenólicos que podem irritar o revestimento do estômago em alguns indivíduos, agravando condições como gastrite e refluxo gastroesofágico”, explica Rogério Alves, gastroenterologista e hepatologista clínico da BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Contudo, nem todo mundo vai sentir esse desconforto, como lembra a cirurgiã do aparelho digestivo Vanessa Prado. “Não é que você vai tomar um café e ele vai dar gastrite. O café é um irritativo da mucosa gástrica. Pode ser que você não tenha nada, mas pode ser que irrite a mucosa gástrica e você pode ter gastrite”, diz.
Em alguns casos, não é o café que causa dor de estômago. A indisposição estomacal pode ser causada por aditivos como leite, creme, adoçante ou açúcar.
☕ Quantidade recomendada de café por dia
Não há problema tomar café todos os dias, mas é preciso dosar. Segundo Sidney Klajner, existe uma dose máxima recomendada para o consumo de cafeína, para evitar os efeitos colaterais do estimulante, como irritabilidade, insônia. A quantidade segura é de 400mg de cafeína, equivalente a 3 ou 4 xícaras de café.
“A mais importante é adequar a quantidade de café para cada tipo de paciente e para cada tipo de complicação que o estímulo pode causar”, pontua o cirurgião do aparelho digestivo.
Já quem tem problemas intestinais precisa ouvir o corpo e se atentar aos sinais. Se o paciente não quiser evitar o consumo, pode tomar até duas xícaras, dando preferência ao descafeinado ou de menor acidez.
Sobre o consumo em jejum, os especialistas ressaltam que tomar café com o estômago vazio não é recomendado, principalmente para quem já tem alguma sensibilidade, já que pode ocorrer uma produção maior de ácido gástrico.
Quantidade segura é de 400mg de cafeína, equivalente a 3 ou 4 xícaras de café
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☕ Descafeinado é melhor?
Por não ter a cafeína como estimulante, o café descafeinado deixa de ter um dos componentes de geração de acidez e de estímulo no estômago. Optar por essa versão pode reduzir o desconforto em pessoas com sensibilidade gástrica.
☕ Atenção aos sintomas
Os especialistas explicam que os sintomas mais comuns são:
Queimação (azia)
Dor epigástrica (na boca do estômago)
Sensação de estufamento e má digestão
Se esses sintomas surgirem, a orientação é reduzir ou suspender o consumo do café e consultar um médico.
“O mais importante é não ignorar os sintomas. Precisa prestar atenção. Se permaneceu por mais de 24 horas, é preciso procurar um médico para ter o diagnóstico correto. Não minimize os sintomas”, alerta Vanessa Prado.
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