Cachorro Joca, o golden retriever que morreu em um voo da Gol, será velado e cremado neste sábado (15), em Pindamonhangaba, no interior de SP. Entenda como funciona a cerimônia de despedida para animais. Cão Joca será cremado neste sábado (15)
Reprodução
A despedida ao cão Joca, golden retriever que morreu em um voo da Gol, será realizada neste sábado (15), em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo. O animal será velado em uma cerimônia aberta ao público e depois será cremado.
O g1 conversou com Adriele Prina, veterinária e diretora geral do crematório de animais Rip Pet, onde Joca será cremado, pra explicar como funciona o funeral de pets.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp
De acordo com Adriele, a cerimônia de despedida conta com os mesmos serviços que são oferecidos para humanos, com caixão, coroa de flores, translado do corpo e urnas personalizadas, com atendimento 24 horas por dia.
“O serviço que a gente presta é similar com o serviço funerário humano, todo o trâmite está incluso no serviço, como o translado 24h de forma imediata onde o óbito acontecer. A ornamentação também funciona parecida com o velório humano, com o animal dentro do caixão, coberto por flores e um véu, coroa de flores, tudo conforme a preferência do tutor”, conta.
Local em que o cão Joca será cremado
Divulgação/Rip Pet
Ainda segundo a proprietária, o local atende clientes em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de cães e gatos, tutores de outros tipos de pets também procuram o local para dar uma despedida digna ao animal de estimação.
“Hoje a gente tem oito unidades, atendendo todo o estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e o sul fluminense do Rio de Janeiro. No início eram mais os tutores de cães que nos procuravam, depois os gatos também ocuparam um papel importante e hoje a gente nota uma crescente para despedida de animais silvestres, como coelhos, porquinhos da índia, chinchilas. Essa semana mesmo, a gente cremou um peixinho”, explica.
O cão Joca será cremado após a cerimônia de velório no interior de São Paulo
Divulgação/RIP PET
Diferente dos velórios de humanos, que costumam reunir dezenas de pessoas para dar um último adeus e duram horas, os velórios de animais costumam ser mais intimistas e realizados em um tempo menor.
“Um velório humano demora mais tempo, porque muitas pessoas se deslocam de outras cidades, mas o velório de pet é só a família, só os membros mais próximos do animal. Costuma durar de 30 minutos a 1 hora”, narra.
No entanto, a previsão é que o velório de Joca, por ser um caso de grande repercussão nacional, seja mais longo e receba muitas pessoas na despedida, já que ele será aberto ao público, além de ter transmissão online.
“Casos que geram mais comoção e são abertos ao público acabam durando mais tempo, porque mais pessoas vêm prestar solidariedade ao tutor. Mas o tempo é definido pelo tutor. No caso do cão Fox (que morreu após ser atacado por um bull terrier e também foi aberto ao público), a cerimônia durou cerca de 5 horas”, lembra.
O cão Joca será cremado após a cerimônia de velório no interior de São Paulo
Divulgação/RIP PET
Após o velório, é dado início ao processo de cremação do animal, que pode ser acompanhado pelo tutor. O equipamento utilizado é similar ao de cremação humana. O tempo varia conforme o porte do animal, demorando de 20 a 90 minutos. No caso de Joca, deve demorar 1h30.
“Para o processo de cremação, a gente investe em alta tecnologia, usando equipamentos dos mesmos fabricantes para cremação humana. É sem odor, calor ou fumaça, então o tutor pode acompanhar”, disse.
Urna para colocar cinzas dos animais após cremação.
Divulgação/Rip Pet
Para colocar as cinzas do animal, o tutor pode escolher uma urna simples, que já vem inclusa no pacote mais básico – que custa a partir de R$ 990 – ou então investir em uma urna personalizada, com fotos ou que tenha o material esculpido.
“São mais de 170 itens de urnas e acessórios. A urna pode ser personalizada com uma miniatura da raça, plaquinha com o nome do pet, data de nascimento e de óbito, porta-retrato com molde da patinha ou até fazer uma joia com as cinzas do animal. Há também urnas biodegradáveis para plantar”, contou.
Urna para colocar cinzas dos animais após cremação.
Divulgação/ Rip Pet
Por fim, Adriele afirma que o propósito do local é possibilitar que os tutores consigam dar uma despedida digna para os animais de estimação, até como forma de enfrentar o luto.
“Eu e meu sócio somos veterinários, abrimos o crematório a partir de vivenciar as perdas dos nossos clientes, que não encontravam formas de se despedir dos animais. Antes, ou o tutor acionava a prefeitura para fazer a coleta do corpo como resíduo sanitário hospitalar ou então enterrava por conta própria, mas enterrar é um crime ambiental”, narra
“A gente entrou para esse ramo, porque a gente ama os animais e queria levar conforto para os tutores. Cada processo de luto é único, cada tutor tem uma demanda, mas a despedida é muito importante para a elaboração do processo de luto. Quando a gente perde e não tem oportunidade de se despedir, fica algo inacabado. Dar tanto amor para um animal e não conseguir dar uma despedida à altura do pet, é como se o ciclo não tivesse finalizado”, avalia.
Joca, Golden Retriever de 5 anos, que morreu depois de falha em transporte aéreo admitido por Gol
Arquivo pessoal
Caso Joca
O cão morreu em abril, após um erro de logística da Gol. Ele deveria ter sido levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop (MT), mas foi colocado num avião que embarcou para Fortaleza (CE).
O animal acabou sendo mandado de volta para Guarulhos e, quando o tutor chegou para encontrá-lo, já estava morto.
João Fantazzini, tutor de Joca, disse que o veterinário havia dado um atestado indicando que o animal suportaria uma viagem de 2 horas e meia, mas, com o erro, o cachorro ficou quase 8 horas no avião.
Nas redes sociais, João fez uma publicação de despedida em homenagem ao cão dizendo que vai lutar e se lembrar dele todos os dias:
“Você é o amor da minha vida e tiraram você de mim! Lembra quando eu te dizia que jamais sairia do seu lado? Me perdoa, pois eu não pude estar com você naquela hora! Saiba meu dorado que você vai viver dentro de mim para sempre! Ainda vou comprar suas maçãs e rúculas porque eu sei o quanto você amava. Você virou o meu anjo! E saiba que eu vou lembrar de você todos os dias e lutar por você! Me perdoa por ter tido a ideia de te levar na minha mudança, pois você estaria aqui! Olha por mim meu filho, “MEU DOLADO” O pai te ama para sempre 🖤🍎”, escreveu.
João Fantazzini e Joca, cão que morreu em transporte aéreo da Gol
Arquivo pessoal
O golden retriever de 5 anos estava no Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo para fazer exame de necrópsia desde o dia 13 de maio; o corpo do pet foi liberado na última quarta-feira (12).
Antes disso, Joca estava em uma clínica particular para realizar exames solicitados pela família.
Nova testemunha diz que cão Joca viajou solto em avião
Interrupção do serviço da Gol
Após a morte do golden retriever, a Gol anunciou a suspensão do transporte aéreo de animais no porão, que segue em vigor. Segundo o comunicado da companhia aérea, os clientes ainda podem transportar seus pets de até 10 kg na cabine do avião.
Protestos em aeroportos
Dias após a morte de Joca, donos de cachorros e ONGs de defesa dos animais realizam protestos em memória do golden retriever.
Numa das faixas penduradas no terminal doméstico de embarque de Guarulhos, uma faixa exibia a frase “Justiça por Joca” e “Não somos bagagem, somos o amor de alguém”.
As entidades de defesa dos animais pediram às autoridades brasileiras modificações nas regras de transporte de bichos de estimação no país e punição severa às empresas que violarem as leis de proteção animal.
A família do engenheiro João Fantazzini Júnior, tutor do cãozinho Joca, esteve no ato e agradeceu o carinho das pessoas com a dor dele.
Câmara Federal aprova “Lei Joca” que obriga companhias aéreas oferecem serviços de rastrea
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina