13 de outubro de 2024

Calçadão do Novo Mercado Velho cede 1 centímetro a cada dois dias, diz Defesa Civil

Laudo técnico pede interdição imediata do espaço e remanejamento dos comerciantes para outros locais. Calçadão do Novo Mercado Velho apresenta grandes rachaduras e compromete estabelecimentos. Calçadão do Novo Mercado Velho, em Rio Branco, cede 1 centímetro a cada dois dias, diz Defesa Civil
Reprodução/Rede Amazônica Acre
A situação de erosão do Calçadão do Novo Mercado Velho, no Centro de Rio Branco, segue preocupando pedestres e a própria Defesa Civil, que emitiu um alerta nesta sexta-feira (11) para que os comerciantes desocupem os locais antes da interdição da região. Ainda segundo o órgão, o solo está cedendo cerca de 1 centímetro a cada dois dias.
O parecer técnico da região, concluído nesta semana, pede ainda que os resultados de monitoramento indicam progressão do problema e pede que não haja mais trânsito de pedestres na região.
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Segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, o objetivo da vistoria feita nesta sexta visa iniciar os procedimentos de interdição, tendo em vista a complexidade da obra que envolve a própria Passarela Joaquim Macedo e áreas tombadas, bem como a movimentação das taludes, que dão sustentação à terra.
“Não é a obra rápida de se fazer, é uma obra demorada, temos que ter vários entendimentos, tem que fazer várias análises para que iniciemos esse processo aqui de reconstrução. A empresa responsável por esse trabalho de sondagem identificou que nos últimos dias, devido às chuvas que estão ocorrendo esse movimento, esse maciço desse talude está descendo com a velocidade de um centímetro a cada dois dias”, falou.
Ainda de acordo com Batista, foi contratada uma equipe de engenheiros e geotécnicos para fazer o trabalho de sondagem e verificar as características do solo antes da tomada de decisões. O projeto está sendo finalizado e não há uma previsão de conclusão, já que segundo ele, é uma obra complexa.
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Calçadão do Novo Mercado Velho, em Rio Branco, apresenta riscos a pedestres e comerciantes
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Com relação à segurança das pessoas que transitam pela região, a decisão tomada é baseada nos riscos identificados de possível desabamento. Os comerciantes, segundo a Defesa Civil, devem ser realocados em locais que ainda não foram definidos.
“A gente tem que assegurar que as pessoas não vejam se acidentar aqui. Então a nossa preocupação é com a segurança das pessoas que aqui transitam. Vamos fazer a interdição, fechamento dos comércios, interdição de várias áreas, e realocar, tanto essas pessoas como ali da feirinha [Economia Solidária], buscar outros locais, outras alternativas para que a gente continue em busca das soluções de restabelecer essa área de onde está ocorrendo essa movimentação”, destacou.
O Calçadão, que fica no Centro da capital, é um dos principais pontos turísticos de Rio Branco. No dia 12 de julho, parte do espaço, mais precisamente 270 metros, foi interditado por conta dos riscos para a população. Duas semanas antes, a Passarela Joaquim Macêdo, também na mesma região, foi interditada pelo mesmo motivo.
O doutor em Engenharia de Água e Meio Ambiente, Tarcísio Fernandes, apontou a cheia como uma das causadoras da erosão.
“A medida que a gente avança para esses cenários de mudança climática que tem potencializado as frequências desses eventos extremos, a perspectiva que temos não é tão boa em relação a esse espaço, se a gente tiver realmente uma alagação no próximo ano em um outro evento desse. A gente não sabe até quando essa estrutura aqui vai suportar tamanho e impacto seguidos”, alertou.
Calçadão do Novo Mercado Velho apresenta rachaduras e erosões ocasionados por conta da cheia e seca do Rio Acre
José Rodinei/Rede Amazônica
Erosões
O decreto de nº 11.524, referente às erosões, foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e considera a constatação em várias áreas situadas nas margens dos leitos dos dois mananciais nas últimas semanas.
Em Rio Branco, o documento aponta para o rompimento de calçadas, movimentação do Calçadão do Novo Mercado Velho e ‘potencial risco aos prédios históricos e construções vizinhas’, ocasionados pelas sucessivas reduções no nível do Rio Acre, que banha a capital acreana.
O decreto pontua estes dois tópicos e frisa para o que chama de fenômeno classificado e codificado como ‘desastre natural geológico’.
“Estas áreas sofrem com a alternância de períodos de cheias e secas e, com o avanço e retrocesso do nível d´água, material sedimentar, detritos e resíduos são carreados aos Rios, entupindo os drenos e canais de drenagem, contribuindo fortemente para a formação de espaços vazios que causam voçorocas e movimentações de massa, as quais vêm ocorrendo de forma progressiva e considerável”, destaca o documento.
Em situação de emergência desde o dia 11 de junho por conta da seca antecipada, o Rio Acre, principal afluente do estado, está abaixo de 2 metros na capital há mais de 100 dias. Nesta quinta-feira (11), o manancial marcou 1,43 metro.
*Colaborou o repórter Jardel Angelim, da Rede Amazônica Acre.
Passarela Joaquim Macedo é interditada por tempo indeterminado em Rio Branco
Marcos Vicentti/Secom
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