28 de dezembro de 2024

Calcinhas usadas, vestidos de noiva e pinheiro de Natal: itens ‘sem noção’ são encontrados em centros de distribuição de doações no RS

Locais auxiliam na triagem de roupas e no envio dos donativos aos abrigos. Cerca de 616,6 mil pessoas estão fora de casa, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual Doações inapropriadas chegam em centros de distribuição em Porto Alegre
Danielle Mattos/ Arquivo pessoal
Os centros de distribuição de doações em Porto Alegre têm encontrado um cenário recorrente desde o início da enchente no Rio Grande do Sul: donativos considerados “inapropriados” ou “sem noção”. Voluntários relatam terem encontrado calcinhas usadas, vestidos de noiva e até um pinheiro de Natal.
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Durante o processo de triagem das doações, os voluntários frequentemente se deparam com itens que fogem completamente do esperado e necessário pelos desabrigados.
Doações natalinas chegam para triagem no Rio Grande do Sul
Danielle Mattos/ Arquivo pessoal e Reprodução/ TV Globo
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul devastaram 475 dos 497 municípios gaúchos, levando inúmeras famílias a perderem tudo. Cerca de 616,6 mil pessoas estão fora de casa, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual na manhã desta segunda-feira (3). Em meio a essa calamidade, centros de distribuição de doações têm desempenhado um papel crucial no auxílio às vítimas.
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Jossana Gonçalves, biomédica de 34 anos, atua como voluntária no Centro de Distribuição do CTG 35. Ela relata que, infelizmente, muitas doações não estão em condições adequadas para uso.
“Recebemos roupas rasgadas, muito manchadas, sapatos em más condições, sem pares ou sem cadarços, e roupas de cama com mau cheiro”, relata Jossana.
A voluntária conta que já chegou doação de roupas molhadas. “Tivemos que mandar lavar com voluntários”, disse a biomédica.
Jossana Gonçalves (no centro, de capa amarela) se envolveu com a coordenação do centro de distribuição no CTG 35.
Jossana Gonçalves/ Arquivo pessoal
O relato da voluntária Danielle Mattos, relações públicas de 32 anos, não é diferente. Ela conta que já encontrou os mais diversos objetos que chegaram no Centro de Distribuição do Clube Farrapos.
“A gente já recebeu doações de perucas, calcinhas com enchimento no bumbum e roupas íntimas usadas”, conta.
No entanto, esses itens não vão fora. As voluntárias explicam que as roupas em más condições para o uso de desabrigados são destinadas para abrigos de pets, onde são feitas roupinhas para os animais, além de cobertores ou até mesmo paninhos de limpeza.
Roupas em mau estado são doadas para pets
Danielle Mattos/ Arquivo pessoal
Entre os donativos também são encontradas peças em boas condições, mas inapropriadas para o momento. “A gente recebeu um grande número de roupas de festa, de 15 anos, de casamento”, relata Jossana, explicando que essas roupas são destinadas a organizações não governamentais para debutantes de famílias de baixa renda.
Doações “para confortar o coração”
Bilhetes chegam aos centros de distribuição de doações
Na mesma medida que itens “sem noção” chegam para a triagem, muitos recados “motivacionais” são encontradas entre as roupas.
“Tem dois tipos de pessoas: a que nos doa árvore de Natal e a pessoa que nos envia uma carta para confortar o coração”, revela o voluntário Eduardo Baldasso.
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Eduardo, relações públicas de 32 anos, que atua no Centro de Distribuição do Clube Farrapos, é casado com Danielle.
Ele relata que foi criado um “mural de cartas” na central voluntária, onde são colocados recados e desenhos de crianças com mensagens empáticas aos gaúchos.
Recados de crianças chegam junto com doações ao Rio Grande do Sul
Danielle Mattos/ Arquivo pessoal
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