20 de setembro de 2024

Câmeras de facção apontadas para a área em que PM da Rota foi morto ajudaram na fuga de criminosos, diz delegado; VÍDEO

Central de monitoramento da principal facção criminosa do país foi desativada pela Polícia Civil em São Vicente (SP). Segundo a corporação, equipamentos podem ter ajudado na fuga de suspeitos que estavam em ‘ponto de drogas’ durante a ação que terminou com a morte do PM da Rota Samuel Wesley Cosmo. Central de monitoramento de câmeras instaladas por facção para vigiar policiais é fechada
A central de monitoramento da principal facção criminosa de São Paulo, que foi desativada pela Polícia Civil em São Vicente, no litoral do estado, tinha câmeras posicionadas na área de tráfico de drogas onde o PM da Rota Samuel Wesley Cosmo foi baleado e morreu. Segundo a Polícia Civil, os equipamentos podem, inclusive, ter flagrado a presença dos policiais no local e auxiliado na fuga dos suspeitos.
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O imóvel onde funcionava a central de monitoramento da facção estava localizado no bairro Catiapoã. No entanto, as imagens obtidas pelo g1 mostram a televisão e o notebook que passavam as imagens das câmeras instaladas em postes da Zona Noroeste de Santos, região onde o PM da Rota foi baleado em fevereiro deste ano. A ação fez parte da Operação Verão.
‘Câmeras do crime’ podem ter ajudado na fuga de suspeitos durante ação que terminou com a morte de PM da Rota
Divulgação/Polícia Civil e Reprodução
Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), as câmeras posicionadas no local onde a equipe do PM Cosmo atuava podem ter monitorado a presença dos agentes e ‘alertado’ os demais criminosos sobre a necessidade de fuga.
“A ação furtiva dos criminosos no momento da incursão da equipe do PM Cosmo foi muito precisa”, explicou o delegado. “A probabilidade deles perceberem a aproximação da PM e conseguirem fugir foi muito eficiente, então, certamente esse sistema já estava em funcionamento”.
Delegado Fabiano Barbeiro, da Deic de Santos, concedeu entrevista coletiva sobre a central de monitoramento
Thiago D’Almeida/g1
Câmeras na Zona Noroeste
O delegado acrescentou que, embora as câmeras não estivessem posicionadas necessariamente no ponto onde o PM foi baleado, elas filmavam os arredores da região.
“Traçamos um perímetro no ponto onde aconteceu o incidente com o PM Cosmo e fizemos a ação no bairro inteiro. Temos as informações de que o tráfico de drogas ocorre bairro a bairro, então, cada um tem até mais de três pontos de venda coordenado por um grupo criminoso”, explicou Barbeiro.
Central de monitoramento
Câmeras estavam instaladas próximas aos pontos de tráfico de drogas de Santos (SP)
Divulgação/Polícia Civil
No local, os criminosos controlavam 13 câmeras instaladas perto de pontos de tráfico de drogas de Santos (SP). Segundo apurado pelo g1, os equipamentos eram usados para vigiar a movimentação de policiais. Três homens foram presos e um menor apreendido.
Os policiais da Deic deram cumprimento a 10 mandados de busca e apreensão em locais que eram utilizados pela facção criminosa. Em um desses cumprimentos, os agentes encontraram uma casa onde funcionava a central de monitoramento, em São Vicente.
Câmeras foram instaladas para vigiar a movimentação de policiais em Santos (SP)
Divulgação/Polícia Civil
Operação Verão
A Operação Verão foi estabelecida na Baixada Santista desde dezembro de 2023. No entanto, com a morte do PM Samuel Wesley Cosmo, em 2 de fevereiro, o estado deflagrou no dia seguinte a 2ª fase da ação com o reforço policial na região. De lá, para cá foram 39 mortes de suspeitos.
Em 7 de fevereiro, mais um PM foi morto, o cabo José Silveira dos Santos. Na ocasião, começou a 3ª fase da operação, que foi marcada pela instalação do gabinete de Segurança Pública em Santos e mais policiais nas cidades do litoral paulista. A equipe da SSP-SP manteve a sede na Baixada Santista por 13 dias.
Policiais militares Marcelo Augusto da Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada Santista (SP)
Reprodução/Redes Sociais e g1 Santos
A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog pedem fim da operação policial na região e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo e as entidades de segurança pública e proteção de direitos humanos também denunciaram à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado irregularidades nas abordagens de policiais durante a Operação Verão na Baixada Santista.
Além das denúncias, o documento conta com uma série de recomendações aos órgãos públicos para que cessem as violações de direitos humanos praticadas pela polícia.
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