Segundo a polícia, a organização criminosa é composta por lojistas e por pessoas que furtam e roubam os veículos. Operação prendeu 27 pessoas em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Caminhoneiro suspeito de integrar grupo que furtava carros e vendia peças confessa crime
Um caminhoneiro suspeito de integrar um grupo que furtava carros em São Paulo e vendia peças em Goiás confessa em um áudio a carga roubada. Segundo a polícia, a organização criminosa é composta por lojistas e por pessoas que furtam e roubam os veículos.
“Bora, moço! Esquenta não! Estou com 14 carros roubados dentro do caminhão e não estou preocupado”, diz o suspeito em um áudio.
A operação realizada pelas polícias Civil e Rodoviária Federal no fim de janeiro, 27 pessoas foram presas em Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
“Goiás se revela um polo de recebimento destes componentes veiculares adulterados”, conta a delegada Rafaela Azzi.
Segundo a polícia, no Bairro Vila Canaã, em Goiânia, funciona um dos maiores comércios clandestinos de peças de carros, motos e caminhões do país. Segundo o Detran de Goiás são cerca de 1 mil lojas e mais de 20% são legalizadas.
“Aqui é conhecido como Robauto. Vem peças de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, e daqui, acaba indo para outros estados. Não sei por que motivo por muito tempo isso aqui não foi enfrentado”, presidente do Detran, Waldir Soares.
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Segundo o Ministério da Justiça, no Brasil, todos os dias, acontecem em média quase 1 mil roubos e furtos de veículos. Os dados de 2023 mostram que São Paulo está em primeiro lugar com 43% das ocorrências. Já Goiás, aparece com 2% dos casos de furtos e menos de 1% de roubos.
A queda dos números em Goiás, segundo especialistas, é resultado de uma política de segurança pública de combate a estes tipos de crime, mas o comércio ilegal de peças automotivas segue até durante o dia.
Um vídeo de câmera de segurança mostra um caminhão estacionado em uma rua da Vila Canaã e treze homens descarregam a mercadoria. Segundo a polícia, são peças de carros roubados de São Paulo.
“Muitas pessoas são agrupadas para que haja um fluxo muito rápido para que aquela mercadoria não seja mais vista, que ocupe galpões”, conta a delegada.
De acordo com a investigação, só esse caminhão fez mais de 60 viagens transportando peças com nota fiscal adulterada. Os investigadores também encontraram listas de encomendas em celulares apreendidos com suspeitos.
“Havia uma lista circulando na Vila Canaã dizendo que determinados veículos eram de fato furtados e roubados. Listas em que aparece o modelo do veículo, o ano, com o que vem equipado e a partir disso existe um valor para esses lojistas voltados à atividade criminosa”, conta a delegada.
Treze homens descarregam a mercadoria roubada na Vila Canaã, em Goiânia
Reprodução/TV Globo
O chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Newton Morais, conta que antes, os carros eram trazidos desmontados dentro de caminhões com notas fiscais fraudulentas
“Agora não, a fiscalização é rigorosa e intensiva em todo o estado, nas rodovias federais e estaduais A ideia deles agora é trazer carros inteiros, veículos roubados, de outros estados para Goiás”, conta Newton.
A polícia fez a apreensão de uma caminhonete de luxo com placa adulterada em Goiás, no dia 12 de janeiro. Com isso, deu início a uma outra investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Com o apoio da Polícia Rodoviária Federal, foi possível descobrir a rota usada pelos criminosos. A caminhonete, avaliada em mais de R$ 260 mil, tinha sido furtada há uma semana antes, na cidade de Cabo Frio.
Só em janeiro outras sete picapes iguais foram levadas na mesma área, o que chamou atenção da polícia. Imagens mostram quando dois homens se aproximam de um veículo estacionado em uma rua da cidade. Em apenas 13 segundos, eles abrem o carro e fogem.
Segundo a polícia, os criminosos usaram um programador de chaves eletrônicas. Um equipamento que exige conhecimento técnico para abrir e ligar os carros sem acionar o alarme.
A polícia conseguiu outro registro, em que os criminosos levam uma caminhonete na cidade de Macaé, no Rio de Janeiro.
Com imagens de câmeras de segurança, a polícia identificou dois carros de passeio que estavam sempre nas cenas dos crimes e chegou aos donos dos veículos que serviam de auxílio operacional para a quadrilha. Dois mecânicos e também donos de oficinas em Belo Horizonte.
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Conforme a polícia, os carros roubados eram levados para a capital mineira antes de serem vendidos para receptadores de Goiás.
Os criminosos também agiam dentro de estacionamentos de aeroportos no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória. Segundo a polícia, eles subtraíram cerca de 30 veículos, no ano de 2023, dessa marca, desse modelo nos aeroportos.
No fim de fevereiro, a quadrilha foi para o Espírito Santo, na cidade de Anchieta. A polícia já monitorava e durante uma tentativa de fuga, os criminosos bateram contra um poste e cinco suspeitos foram presos.
De acordo com a investigação, Goiânia é o melhor local do Brasil para se vender peças desse tipo de pick-up.
O Detran de Goiás informou que vai aumentar as fiscalizações e ressaltou que vender peças usadas não é crime, mas comercializar peças roubadas sim.
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