Mobilização dos Munduruku começou na última terça-feira (25), no km 1104 da BR-230. Neste trecho há uma sobreposição com a BR-163. Protesto indígena na BR-230
Foto: Frank Akay Munduruku
Caminhoneiros furaram o bloqueio feito por indígenas da etnia Munduruku na BR-230, em Itaituba, no sudOeste do Pará. Os indígenas relataram ainda que foram alvo de tiros de arma de fogo disparados por caminhoneiros que estão impedidos de trafegar pelo trecho.
A mobilização dos Munduruku começou na última terça-feira (25), no km 1104 da BR-230. Neste trecho há uma sobreposição com a BR-163. Eles pedem a revogação da Lei 14.701/2023, que trata do reconhecimento, da demarcação, do uso e gestão das terras indígenas. Para eles, a lei autoriza a mineração e retira o poder de veto das comunidades originárias.
De acordo com os indígenas, nesta quinta-feira (28), por volta das 20h, um caminhoneiro disparou três tiros contra os indígenas. Uma hora depois, por volta de 21h, outro motorista disparou mais um tiro. Não há registro de feridos pelos disparos.
“O protesto é pacífico e inclui mulheres, gestantes, idosos e crianças. Os manifestantes relatam terem sido ameaçados e agredidos por motoristas, sem intervenção das forças de segurança”, apontou o Ministério Público Federal (MPF)
Ainda na quinta (27), um dos caminhoneiros avançou o bloqueio e fez uma manobra arriscada em direção aos indígenas e à imprensa que cobria o movimento. Veja no vídeo abaixo.
Indígenas denunciam ações de caminhoneiros durante bloqueio da BR-230, no Pará
Na madrugada desta sexta (28), houve um novo furo no bloqueio, mas a ocupação foi retomada em seguida, por volta de 6h30.
Segundo os indígenas, os motoristas ainda atropelaram as barricadas e destruído parte dos equipamentos usados para alimentação e abrigo. De acordo com o grupo, pelo menos dois indígenas ficaram feridos com pedradas.
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nesta sexta-feira (28) que recorreu contra decisão judicial que determinou a reintegração de posse da BR-230. O MPF argumentou que a decisão não considera a necessidade de um “diálogo interétnico e intercultural previsto em resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”.
A instituição indicou, também, que poder haver repressão ou violência contra os manifestantes indígenas, já que a decisão autoriza o uso de força policial, ainda que contida.
O MPF disse que está em contato permanente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para cobrar que sejam tomadas todas as medidas possíveis para evitar agressões e violências.
Caminhoneiro furou o bloqueio na madrugada desta sexta-feira (28).
Reprodução / Redes sociais
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