O primeiro passo para participar da campanha do Ministério da Justiça é registrar um boletim de ocorrência informando os dados da pessoa desaparecida. Depois, um parente próximo deve procurar a polícia técnica e coletar o material genético para o confronto de informações. Ministério da Justiça faz campanha de coleta de DNA para identificar desaparecidos
O Ministério da Justiça e Segurança Pública começou nesta segunda-feira (26) uma campanha nacional de coleta de DNA para identificar pessoas desaparecidas.
A Eliana Santana vive uma angústia de mais de nove meses. No dia 1º de novembro de 2023, o pai dela, Benedito Delfino da Cruz, de 74 anos, saiu para ir ao banco e nunca mais voltou.
“É uma dor muito grande que a gente carrega dentro da gente. A gente não sabe mais o que fazer. Só queria saber do meu pai”, diz Eliana Santana, operária da construção civil.
Nesta segunda-feira (26), ela aproveitou a campanha do Ministério da Justiça e Segurança Pública e fez a coleta do material genético para ver se existe compatibilidade com perfis genéticos de pessoas encontradas vivas ou mortas, mas ainda sem identificação.
O primeiro passo para participar da campanha é registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia informando os dados da pessoa desaparecida. Depois, um parente próximo – que pode ser pai, mãe, filho ou irmão – deve procurar a polícia técnica e coletar o material genético para o confronto de informações.
“O boletim de ocorrência é o índice que a gente estipula como desaparecido. Que a gente possa, a partir dele, ter os dados mínimos que subsidiam a investigação pelo núcleo de pessoas desaparecidas”, explica o delegado Rodrigo Azem, da Polícia Civil de MT.
Campanha nacional coleta DNA para identificar pessoas desaparecidas
Jornal Nacional/ Reprodução
O processo de coleta do DNA é simples e de graça. Com um cotonete, peritos retiram uma amostra da saliva.
“No universo da genética, a extração desse código, que é único de cada ser humano, é possível através da fonte que nos é entregue. É uma ossada que a gente não faz ideia de que pessoa que é, mas nós temos a informação genética dela. Com essa informação genética, nós conseguimos cruzar com quem pode ser o familiar dela através do banco de doação, que são esses familiares que estão vindo fazer a coleta”, afirma Rosângela Ventura, coordenadora de Biologia Molecular Politec MT.
Segundo o Ministério da Justiça, o Brasil tem hoje mais de 45 mil pessoas desaparecidas. Em média, 25 desaparecem a cada dia. A campanha vai ajudar a polícia nas investigações e aliviar a dor de famílias com parentes desaparecidos.
Alexia Meireles, da cidade de Sinop, estava desde 2021 à procura do pai. Agora descobriu que ele está morto pelo exame de DNA.
“Então, neste ano, a gente teve a conclusão desse caso do meu pai. Teve um final não feliz. Mas um ponto final, e isso que é importante. Então, trouxe um sentimento de alívio para a gente”, diz a corretora de imóveis Alexia Meireles.