18 de janeiro de 2025

Campos Neto, aborto, taxa de até US$ 50, corte de gastos: veja os principais pontos da entrevista de Lula à CBN

Presidente do BC ‘trabalha para prejudicar o país’; cobrar imposto sobre compras internacionais é ‘equivocado’; ‘nada é descartável’ no corte de gastos, pautas de costumes ‘não têm nada a ver com a realidade’; ‘eu poderei ser candidato’ em 2026. Presidente Lula em entrevista à rádio CBN
Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, nesta terça-feira (18), uma entrevista à rádio CNB e falou sobre assuntos envolvendo política e economia do Brasil, como taxações de compras internacionais, Banco Central e gastos do governo. Veja, abaixo, os principais pontos da entrevista:
Banco Central

‘Só temos uma coisa desajustada no Brasil: é o comportamento do Banco Central’, diz Lula
Lula disse que o comportamento do Banco Central, que define a taxa básica de juros da economia brasileira, é a única “coisa desajustada” que existe no Brasil neste momento.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou Lula.
“Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real”, completou Lula.

Comportamento do Banco Central é a única ‘coisa desajustada’ que há no país, diz Lula
Campos Neto
Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, no plenário do Senado
Pedro França/Agência Senado
Em relação a Roberto Campos Neto, Lula disse que o presidente do BC, cujo mandato termina neste ano, tem pretensões políticas.
“A quem esse rapaz é submetido? Como vai a festa em SP quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a economia dele?”, indagou.
Sobre o sucessor de Campos Neto, Lula disse que indicará para a presidência do Banco Central uma pessoa que tenha “compromisso com o crescimento do país”.
Taxa sobre compras de até US$ 50
‘Acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes’, diz Lula
Perguntado sobre a taxação de compras internacionais de até US$ 50, o presidente disse ser contrário à tributação. Na contramão, afirmou que assumiu um compromisso com a medida provisória (MP) que altera regras do Pis e Cofins.
“Por que taxar o pobre e não taxa o cara que vai no free shop gastar US$ 1 mil? Essa foi minha divergência, por isso vetei, houve acordo e eu assumi compromisso que eu aceitaria Pis e Cofins que dá mais ou menos 20%. Isso tá garantido. Eu pessoalmente, acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes.”
‘Acho equivocado a gente taxar as pessoas humildes’, diz Lula sobre taxação de compras internacionais de até US$ 50
PL do Aborto
O presidente afirmou que pautas de costume debatidas no Congresso Nacional “não têm nada a ver” com a realidade do país e que não deveriam estar no centro dos debates do país. Questionado se havia “subestimado” a capacidade da ala conservadora do Legislativo, Lula comentou a recente polêmica envolvendo a PL que pretende equiparar o aborto ao crime de homicídio.
“Acho que pautas de costume, não gosto muito de discutir, não têm nada a ver com a realidade que vivemos. Quem está abortando são meninas de 12, 13, 14 anos. É crime hediondo o cidadão estuprar menina e depois querer que ela tenha um filho. Um filho de monstro”, afirmou Lula.
Para o petista, discussão sobre o tema deve ser “mais madura” e não feita de forma ‘banal’ como, na avaliação dele, ocorre atualmente.
‘Pautas de costume não têm nada a ver com a realidade que vivemos’, diz Lula ao ser questionado sobre PL antiaborto legal
Saidinha de presos
Lula disse que vetou a proposta que acaba com a saída temporária dos presos, a “saidinha”, em feriados e datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal por princípios e que sabia que seria derrubada.
“Eu tomei a decisão de vetar por uma questão de princípio. Se a família é a base da sociedade brasileira, como você pode proibir um cidadão que está preso pagando uma pena, que não cometeu crime hediondo, estupro. Como pode proibir esse cidadão de encontrar a sua família, se a família pode ser a base da recuperação dele?”, disse Lula.
O presidente diz que a decisão do veto foi dele e que a bancada do PT não foi favorável.
“Eu vetei sabendo que quando fosse pra lá eu ia perder, mas não tem problema. Eu queria que ficasse para história que o Lula vetou a proibição da saidinha porque o Lula acha que a família é a base da sociedade e que pode recuperar a pessoa”, completou.
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Exploração de petróleo na Margem Equatorial
Mapa com os Estados das Bacias da Margem Equatorial
Divulgação
Sobre a exploração de petróleo, Lula disse que não vai abrir mão de explorar as reservas na chamada Margem Equatorial.
“Não tem contradição. Temos Guiana, Suriname explorando petróleo, próximo de nós. Não é uma coisa que está ali na Amazônia. Vamos debater tecnicamente. O que não dá é pra dizer, a priori, que vai abrir mão de explorar riqueza que é muito grande do Brasil. É contraditório? É, porque estamos apostando na transição energética. Mas Brasil tem que ganhar dinheiro com petróleo”, disse Lula.
A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas.
Em abril, a Petrobras informou que descobriu acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.
‘Não vamos abrir mão de explorar uma reserva tão valiosa’, diz Lula
Gastos com saúde, educação e aposentadoria de militares
Questionado sobre os gastos públicos, Lula falou sobre pragmatismo e necessidade de mudanças.
“Nada é descartável. Eu sou um político muito pragmático. A hora que mostrarem provas que coisas estão erradas, a gente vai mudar”, declarou.
‘Eu poderei ser candidato’ em 2026
Urna eletrônica, 2022
Bruna Bonfim/g1
Questionado se poderia ser candidato em 2026, aos 80 anos, o presidente afirmou que essa é uma possibilidade.
“Quando chegar o momento, se tiver muita gente boa pra ser candidato, eu não preciso ser candidato. Agora se for necessário ser candidato, para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar, pode ficar certo que os meus oitenta anos virará em quarenta e eu poderei ser candidato”, disse.
O presidente afirmou que essa não é a primeira hipótese e que irá avaliar sua condição de saúde para poder anunciar uma eventual candidatura.
Lula diz que pode tentar a reeleição ‘para evitar que trogloditas voltem a governar’ o país

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