10 de janeiro de 2025

Câncer de colo do útero: entenda doença que pode ser evitada com vacinação

Campanha ‘Março Lilás’ busca conscientizar a população sobre a prevenção e combate ao câncer, que é o terceiro tipo mais diagnosticado entre mulheres no Brasil. Câncer de colo de útero é o terceiro tipo mais diagnosticado entre mulheres no Brasil
Reprodução/Freepik
Apesar de 90% das mulheres que entram em contato com o vírus do HPV eliminarem ele espontaneamente, o câncer de colo do útero ainda é o terceiro tipo mais diagnosticado entre mulheres no Brasil. Além disso, ele também pode ser evitado através da vacinação, disponível tanto para meninas quanto para meninos.
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Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cada ano entre 2023 e 2025 são esperados 17 mil novos casos diagnosticados no Brasil. Enquanto isso, a cobertura vacinal do HPV segue abaixo do esperado para que a doença seja erradicada do território nacional.
Entre as três maiores cidades da região de Ribeirão Preto (SP), Barretos (SP) é a que possui maior taxa de vacinação. Já Franca (SP) apresenta as menores taxas, tanto entre meninas, de 9 a 14 anos, quanto meninos, de 11 a 14 anos.

💉Qual a importância da vacinação?
“Março Lilás” é uma campanha que busca conscientizar a população sobre a prevenção e combate ao câncer de colo do útero.
De acordo com o coordenador do Programa de Prevenção de Câncer Ginecológico do Hospital de Amor de Barretos, Julio Possti, é importante que a cobertura vacinal do HPV alcance ou ultrapasse 80% nos municípios para que, daqui 10, 15 anos, haja um bom resultado.
“Se a gente vacina as meninas com 10, 11 anos e a gente sabe que o câncer é mais importante a partir dos 35, 40 anos, nós temos aí uma evolução de 20 anos entre você tomar a vacina e você ter um efeito benéfico dela lá na frente”, explica Possti.
O infectologista e epidemiologista Fernando Bellissimo Rodrigues acrescenta que com uma alta taxa de vacinação é possível quase que eliminar a doença.
“Então a gente pode afirmar que se as coberturas vacinais fossem ótimas, a gente teria não a erradicação, mas há quase eliminação completa dessas doenças na população geral”, conta Bellissimo.
Mês de conscientização sobre os perigos do câncer de colo do útero
Reprodução
HPV e o câncer
O papilomavírus humano, também conhecido como HPV, pode infectar tanto mulheres quanto homens. Segundo Possti, a principal forma de transmissão do vírus é através de relações sexuais, por isso a importância de utilizar preservativos e, além deles, se vacinar.
Ele também conta que a maioria das pessoas que entra em contato com o vírus, não percebe, já que a infecção costuma ser assintomática e, normalmente, leva de 12 a 24 meses para o organismo elimine o vírus.
“São lesões que ainda não são consideradas câncer, mas que podem virar câncer depois de algum tempo, se não descobertas e não tratadas. Por isso, a importância da prevenção, a importância de após os 25 anos, principalmente, as mulheres começarem a fazer os exames de prevenção para descobrir se tem as lesões precursoras”, explica Possti.
Nas mulheres, o principal teste de prevenção é o papanicolau. Além dele, o médico pontua que o SUS implementará os testes moleculares, que são mais sensíveis e, se a paciente está infectada pelo vírus do HPV, é possível identificar qual dos 14 tipos de alto risco está presente.
Já nos homens, o vírus está relacionado a cânceres de pênis, de garganta e de canal anal. “Para os homens, o HPV quando se fala em câncer, ele pode estar associado a câncer de pênis, câncer de garganta, que a gente chama de orofaringe, e câncer de canal anal. Mas o principal tipo de câncer desenvolvido pelo HPV é, sem dúvida, o colo do útero nas mulheres“ explica.
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GETTY IMAGES
Altas chances de cura
O médico explica que para a maioria das mulheres infectadas com o HPV, diagnosticadas de forma precoce, é possível realizar um tratamento simples com altas chances de cura.
“Quando você só tem lesão precursora, você trata e praticamente 100% das mulheres vão ficar curadas e não vão chegar a desenvolver o câncer. Por isso, a importância do diagnóstico precoce”, alerta o médico.
Já para quem recebe o diagnóstico de câncer de colo de útero em um estágio mais avançado, muitas vezes, há chances do tratamento levar à infertilidade.
“A maioria das mulheres que já vem com diagnóstico de câncer de colo do útero não vão poder depois ter filhos, porque elas passam, geralmente, por uma cirurgia que prevê a retirada do útero, dos ovários e das trompas ou elas vão ser submetidas à radioterapia e quimioterapia, o que também induz à infertilidade”, explica.
Vacinação
A vacina do HPV foi desenvolvida por pesquisadores australianos em 2006. Desde então, é utilizada em mais de 50 países em programas de imunização por conta da alta eficácia que apresenta.
Segundo o infectologista, a vacina protege contra os tipos de HPV que são, frequentemente, associados ao câncer de colo do útero, de pênis, da boca e da orofaringe. Além de proteger contra outros dois tipos que causam as verrugas genitais.
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No Brasil, a vacina foi disponibilizada à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015. Nesse primeiro momento, ela era recomendada apenas para meninas de 9 a 11 anos e esperava-se proteger os meninos através da imunidade de rebanho.
A partir de 2022, o Programa Nacional de Imunização (PNI) começou a ofertá-la também para os meninos. “O PNI incluiu os meninos para proteger aqueles que fazem sexo com meninos, que não estariam protegidos pela vacinação das meninas”, explica o infectologista.
Vacina contra HPV é um dos métodos de prevenção contra o câncer de colo do útero
Olena Ivanova/ BBC
Vacina x infecção
Algumas pessoas acreditam que a vacina pode diminuir o sistema imune, desencadeando em alergias ou outras reações, porém essa não é a realidade, de acordo com o infectologista.
“Não passam de crendices. Claro, toda vacina, todo medicamento, tem efeitos colaterais, mas essa vacina é muito segura e, para a imensa maioria das pessoas, não causa reação absolutamente nenhuma”.
O infectologista também pontua que na maioria dos casos, ter contato com um vírus pode gerar uma imunidade melhor. Porém, em relação ao papilomavírus humano, a situação é o contrário.
“Essa vacina protege melhor do que a própria infecção natural. Para a imensa maioria das doenças infecciosas, a exposição ao agente infeccioso produz uma imunidade mais robusta e mais intensa do que a vacina criada contra aquela doença. No HPV, isso é o contrário”, explica.
Vacina contra o HPV
MGTV/Reprodução
*Sob supervisão de Larissa Vieira
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