13 de janeiro de 2025

Cão-robô com inteligência artificial participa de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba; entenda como funciona a tecnologia

Robô deve atuar em conjunto com a Guarda Civil Municipal e a Defesa Civil, em ações educativas nas escolas, e também em varreduras nas unidades. Especialista afirma que tecnologia pode trazer benefícios, mas deve ser usada com ética e responsabilidade. Cão-robô com inteligência artificial participa de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Um cão-robô que utiliza Inteligência Artificial (IA) vai participar de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba (SP). A tecnologia, conforme a prefeitura, também será testada como alternativa para realização de varreduras em áreas de risco. O g1 conversou com uma especialista em tecnologia para entender como estes dispositivos podem beneficiar uma cidade e seus moradores.
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Desenvolvido pela startup chinesa Unitree Robotics, o robô possui quatro pernas articuladas, além de câmeras, sensores térmicos, microfones e caixas de som. O equipamento é controlado por meio de um software instalado em um tablet e é conectado ao 5G.
De acordo com um vídeo publicado pelo prefeito, Rodrigo Manga (Republicanos), nas redes sociais, o cão-robô deve atuar em conjunto com a Guarda Civil Municipal e a Defesa Civil, em ações educativas nas escolas, e também em varreduras nos arredores das unidades.
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Rodrigo Manga/Instagram/Reprodução
Ainda conforme o prefeito, o equipamento, apelidado de Rambo, também deve auxiliar as equipes entrando em prédios com risco de desabamento. Em nota, a prefeitura informou que a aquisição do robô foi feita por meio de uma parceria com uma empresa privada “em caráter experimental e sem custos”.
Conforme apurado pelo g1, o cão-robô, do modelo Unitree Go2, custa a partir de U$ 1,6 mil. Seu modelo mais completo, com maior duração de bateria e um sistema mais automatizado, chega a custar mais de U$ 3 mil. Na conversão para o real, o valor ultrapassa R$ 16 mil.
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De acordo com a professora Regiane Relva Romano, doutora em Tecnologia da Informação e diretora de Cidades Inteligentes do Centro Universitário Facens, em Sorocaba (SP), a virtualização dos serviços básicos oferecem uma gama de soluções que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, e o cão-robô é um exemplo prático disso, quando utilizado em ações bem planejadas e estruturadas.
“Eles podem auxiliar na segurança por meio da visão computacional a identificar padrões suspeitos e acionar a polícia ou o Corpo de Bombeiros no caso de fogo ou até a ambulância, no caso de acidentes”, explica.
Regiane reforça que o cão-robô também pode ser interessante para diversas outras áreas de uma cidade, principalmente os modelos mais completos, que contam com sensores, câmeras, comandos de voz, GPS, entre outros recursos.
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“Uma das principais vantagens são suas articulações que permitem que ele ande em terrenos diversos, suba e desça escadas, acesse ambientes restritos, bem como as câmeras e sensores que permitem o reconhecimento de perímetro, de biometria facial, de reconhecimento de voz, além da visão computacional, tudo integrado à Inteligência Artificial”, afirma.
“Quando colocamos próximos à escolas, por exemplo, vão encantar as crianças pelo design e ao mesmo tempo, poderão ser um instrumento de aumento da segurança de forma gamificada”, pontua.
Cão-robô com inteligência artificial participa de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
Evolução da IA no serviço público
Regiane explica que o uso da IA no serviço público foi potencializado pela transformação digital presenciada durante a pandemia de Covid-19.
“A pandemia acelerou a transformação digital em todas as áreas, incluindo a governamental. Os serviços públicos já estão suportados pela IA. Vários serviços que só poderiam ser realizados presencialmente, hoje são executados na palma da mão, como prova de vida, comprovantes de vacinas, consultas de multas, transferências, assinaturas de documentos com autenticação digital, pagamento de contas, aposentadoria, entre outras tantas”, explica.
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A professora também reforça que os dados coletados por meio dessas tecnologias podem ajudar a gestão pública a desenvolver soluções preditivas, que podem ser benéficas para a experiência do cidadão com os serviços públicos.
Aplicativos com algoritmos inteligentes, agendamento online de consultas e exames por meio da geolocalização, além do uso de câmeras de monitoramento que leem placas de carros e identificam veículos roubados, IPVA vencido, etc., são alguns dos exemplos do uso da IA em benefício da cidade.
Aliada ou inimiga?
Em 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criou a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia), que visa nortear ações de desenvolvimento de soluções em IA, priorizando o uso consciente, ético e alinhado com as diretrizes do Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com a Ebia, o debate sobre as potencialidades da IA ocorre no Brasil há cerca de cinco décadas, e aglomera discussões técnicas e jurídicas acerca de seu uso, suas aplicações e até sua interação com os seres humanos nos processos de tomada de decisões.
Regiane Relva Romano é professora, doutora em Tecnologia da Informação e diretora de Cidades Inteligentes da Facens, de Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
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Para Regiane, a tecnologia é uma ferramenta, e deve ser tratada como um meio, “e não um fim em si mesma”. “Temos que nos policiar para não sermos dominados e até ‘manipulados’ por ela. Atualmente, estamos aprendendo a utilizar alguns de seus recursos, que estão sendo incorporados ao nosso cotidiano de uma forma transparente, como é o caso dos dispositivos com comando de voz, nossos dispositivos móveis, as redes sociais, entre outros”, afirma.
A professora afirma que o futuro aponta para uma “personalização na massificação como um dos maiores benefícios de aplicativos de IA”.
“A promessa é que traga uma experiência verdadeiramente personalizada e adaptada ao seu usuário, de acordo com seus gostos musicais, culturais, tecnológicos, educacionais, profissionais, etc., aumentando a eficiência no desenvolvimento de tarefas rotineiras e repetidas, como organização de e-mails, gerenciamento de calendários e até mesmo para aprender um novo idioma ou uma nova competência”, relata.
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“Neste momento, estamos na infância da IA para o cotidiano. Descobriremos muitos outros usos e aplicações da IA integrado aos dispositivos IoT (Internet das Coisas), que permitirão uma nova experiência para o usuário final”, diz.
Uso consciente das tecnologias
A professora afirma que é necessário investir em educação, principalmente na educação básica, para que as gerações futuras possam exercer um uso consciente das tecnologias, e usufruir de seus benefícios de forma ética e responsável.
“Temos que melhor preparar os jovens para acessar o mercado de trabalho que exigirá novas competências, bem diferentes das atuais. Saber programar deveria ser disciplina básica nas escolas fundamentais. Temos que incentivar o ensino de STEHAM – sigla em inglês que significa Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes, Humanidades e Matemática, para que os nossos jovens aprendam a aprender e possam saber o que fazer com esta parafernália tecnológica que já está disponível”, afirma.
Segundo Regiane, pode-se afirmar que o uso de tecnologias avançadas e dispositivos com IA deve causar um impacto considerável no mercado de trabalho.
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Divulgação
“Se analisarmos o passado, entenderemos que estamos no meio de uma grande mudança e que está sendo agilizada pelos meios de comunicação e o acesso à tecnologia na palma da mão, que impactará fortemente a forma como vivemos, convivemos, estudamos, trabalhamos e nos cuidamos”, diz.
No entanto, para que este impacto seja positivo, é necessário trabalhar para que a tecnologia seja cada vez mais evoluída, com base em educação e longe de estigmas sociais.
“Os algoritmos são treinados por pessoas e, infelizmente, poderão ter os mesmos vieses humanos, como por exemplo, os preconceitos. Para evoluir, novamente, teremos que investir na educação, no respeito, na inclusão, na diversidade e, principalmente, no desenvolvimento da ética, tornando os modelos de IA mais transparentes, fazendo com que os algoritmos não sejam utilizados de modo inadequado; caso contrário, eu não acredito que teremos uma evolução e sim poderemos ter sérios problemas sociais”, finaliza.
Cão-robô com inteligência artificial participa de testes para auxiliar na segurança em escolas de Sorocaba (SP)
Prefeitura de Sorocaba/Divulgação
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