Tutores anteriores tiveram problemas pessoais e ONG tem se dedicado a encontrar um responsável que fique com o animal em definitivo. Devoluções constantes afetam vínculos e prejudicam bem-estar. Cão adotado e devolvido três vezes busca novo tutor em Ribeirão Preto
O cãozinho Karamelo tem apenas 2 anos, mas já enfrentou uma jornada difícil. Adotado e devolvido três vezes, ele já viveu nas ruas e, agora, busca um lar definitivo, onde possa receber amor e carinho.
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A EPTV, afiliada da TV Globo, e o g1 acompanham essa história desde 2023. Na primeira adoção, em 2023, Karamelo foi levado junto com a cadela Kiara, mas voltou para o abrigo depois que o dono do imóvel pediu a desocupação da casa onde morava.
Na segunda vez, o cão foi adotado por um casal de empresários que, ao se mudar, o deixou para trás. Na terceira tentativa, ele se separou de Kiara e foi morar com uma idosa. No entanto, acabou devolvido porque a tutora se mudou para um apartamento onde não havia espaço suficiente para ele.
Segundo a protetora de animais Edna Fernandes, essas mudanças constantes são extremamente desgastantes para o animal e afetam seu desenvolvimento e bem-estar.
“O animal se apega ao tutor e à nova casa. Eles sentem um amor puro e verdadeiro, então, cada separação causa trauma e estresse. Mas a gente não perde a esperança. Quando uma pessoa adota um animal e depois o devolve, isso causa grandes prejuízos para a saúde física e psicológica dele”, explica.
Cachorro Karamelo busca um lar pela quarta vez
Reprodução/EPTV
Treinamento e busca por um novo lar
Apesar das dificuldades, Karamelo não desistiu de encontrar um lar. Segundo Mércia Spares, vice-presidente da ONG CãoPaixão, ele segue no abrigo, onde aprende a conviver com outros cães, brinca, passeia e recebe treinamento para bom comportamento. No entanto, a expectativa é que seja adotado logo.
“Ele precisa e merece ser adotado. Aqui, trabalhamos a socialização dele com outros animais. O Karamelo é extremamente dócil e pode ir para qualquer lugar. Ele só precisa de amor e carinho”, afirma.
Adoção responsável
Mércia explica que, em todas as adoções, os tutores assinaram um termo de responsabilidade, que não foi respeitado. Ela reforça a importância de um compromisso real antes de levar um animal para casa.
“Existe um contrato em que constam todos os deveres do adotante. Quando alguém adota um animal, assume a responsabilidade pela vida dele. É essencial que a pessoa tenha consciência disso”, alerta.
A advogada Caroline Ferreira Salione, especialista em direito dos animais, destaca que a adoção responsável exige planejamento financeiro e espacial. O ambiente precisa ser adequado para garantir saúde e bem-estar ao pet.
Karamelo foi devolvido três vezes para ONG
Reprodução/EPTV
“Todos na casa concordam com a adoção? Há um espaço adequado para o animal? Se ele estragar algum móvel, você o devolveria por isso? É fundamental conversar com um veterinário sobre vacinação, vermifugação e castração”, orienta.
Caroline reforça que um animal não é um presente, mas uma responsabilidade legal. O abandono e o descarte de pets são crimes, e o tutor que negligenciar os cuidados pode responder por maus-tratos, caso seja constatada a irregularidade.
Organização do tutor é essencial
Para evitar que outros cães passem pelo mesmo sofrimento de Karamelo, a advogada destaca que quem adota deve se planejar e considerar o compromisso a longo prazo.
“O tutor precisa ter tempo para o animal. Não basta dar comida e água. Ele precisa passear, brincar, interagir com pessoas e outros animais. Esse convívio é essencial para o bem-estar do pet”, explica.
Além disso, é importante planejar como o animal será cuidado durante viagens, com visitas regulares, passeios ou até hospedagens em hotéis para pets.
Kiara e Karamelo juntos em 2023
Sérgio Oliveira/EPTV
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