12 de outubro de 2024

Casal de brasileiros tem 1° filho em meio à chegada do furacão Milton: ‘tensão até agora’

Jorge Campos e a esposa, Eduarda, tinham se mudado de Florianópolis para a Flórida há 3 meses. Pai de primeira viagem narra tensão no hospital e como filho dormiu durante passagem do furacão enquanto casal vigiava o tempo pela janela. Jorge com a esposa Eduarda e o filho do casal, George, que nasceu durante os alertas do furacão Milton na Flórida
Arquivo pessoal
Momentos de tensão, pouca comida no mercado e a solidariedade de vizinhos desconhecidos marcaram a vinda do bebê George, primeiro filho do casal de Florianópolis Jorge e Eduarda Campos. Eles tiveram o menino na Flórida, nos Estados Unidos, em meio à chegada do furacão Milton, na segunda-feira (7).
Papai de primeira viagem, Jorge contou ao g1 Santa Catarina como foi a chegada do bebê no hospital, em meio aos alertas, e como George dormiu enquanto o casal assistia à força do fenômeno pela janela.
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Chegada aos Estados Unidos
A mudança para o país norte-americano ocorreu há três meses e por causa de Eduarda, que é dentista. O marido conta que, na época da pandemia da Covid-19, ela trabalhava no serviço público em Florianópolis e estava bastante estressada.
Um amigo a convidou para ser dentista com ele nos Estados Unidos, no estado da Carolina do Norte. Para isso, ela precisou fazer uma prova de validação do diploma. Ela passou nesse exame e, mais tarde, o casal conseguiu o visto para poder morar nos Estados Unidos.
“A gente acabou vindo para a Flórida primeiro por causa da comunidade brasileira”, relata Jorge. O casal em uma cidade vizinha a Orlando.
Primeiros alertas
Há uma semana, os alertas sobre a passagem do furacão começaram a ficar mais fortes. “A gente ficou naquela ‘vamos fugir, não vamos’. Chegou no domingo [6], foi dada a notícia de que seria categoria 1. A gente não ficou tão preocupado. Quando chegou ao hospital, mudou para categoria 3. Estava com sogra sozinha em casa naquele momento, sem comida, sem água, sem lanterna”, conta Jorge.
No hospital, houve uma conversa com a médica até decidirem que seria feita a cesárea, mesmo com os alertas. Caso o furacão chegasse, a equipe poderia dar alta a Eduarda e o casal seguiria para casa com o filho. Ou poderiam ficar no hospital, em uma parte mais segura do lugar.
Nascimento
Com a decisão de seguir com a cesárea, Jorge relata que houve momentos de tensão.
“Estava deitado na maca cirúrgica. De repente, tocaram os celulares de todos os médicos ao mesmo tempo. Me senti numa cena de terror. Fingi que estava tudo bem, mas dei uma chorada. A tensão até agora não saiu”, conta.
George, recém-nascido, com o pai Jorge em um hospital na Flórida, nos Estados Unidos
Arquivo pessoal
Ele explica que, nos Estados Unidos, o governo manda um alerta para os celulares, mesmo se o aparelho estiver no silencioso.
Em seguida, veio um alerta do próprio hospital. Eduarda estava na parte da anestesia. As médicas novamente debateram o melhor a se fazer e foi decidido continuar a cirurgia.
Dessa forma, nasceu George, com 55 centímetros e 3,4 quilos. Ele veio ao mundo na segunda (7), às 17h20. A equipe médica decidiu que Eduarda ficaria internada mais um tempo.
Falta de comida nos supermercados e solidariedade
Na noite seguinte, uma nova tensão tomou conta da família, já que não só o casal e o filho recém-nascido estavam na Flórida. A sogra de Jorge e uma prima também haviam viajado para ajudar os novos pais.
As duas foram ao hospital visitar George. Mas a equipe médica alertou que elas precisariam ir embora e ficar em casa. Mas estavam sem comida.
“Minha sogra e a prima dela foram na terça à noite comprar coisas no supermercado e não tinha nada para comprar. Fiquei escondendo da minha esposa”, disse Jorge.
No dia seguinte, o casal com o recém-nascido foram liberados às 15h do hospital. “A gente chegou em casa. Peguei o carro e saí correndo. Fui a três supermercados. Só um mercado de brasileiro que ainda estava aberto e com pouca coisa. Comprei comida para o dia”, relata.
Na hora de contar sobre a solidariedade que recebeu dos vizinhos, que mal conhecia, Jorge se emociona.
“Cheguei no meu condomínio. Escrevi [em um grupo de mensagens] ‘minha esposa e eu acabamos de ter um filho e a gente não tem nem água em casa’. Os vizinhos se mobilizaram, levaram um fardinho de água, porque ninguém tinha muita coisa, lanterna e mais alguns mantimentos para um dia”.
Os momentos mais tensos aconteceram na quarta (9). “O neném dormiu a noite inteira. [O furacão] Era forte, parecia umas três mangueiras de bombeiro direto na tua janela. Durou de 21h até meia-noite, cada porrada entrava água na casa. À 1h30, deu aliviada. Recomeçou 3h às 4h. Às 4h30, fui dormir”.
A casa da família, mais nova, não sofreu muitos danos, conforme Jorge. No condomínio, houve queda de árvore e muitos vizinhos sofreram com a água entrando nas residências e com destelhamentos.
“Depois, ficou tudo bem. Foi enxugar as janelas, limpar as calhas. Os mercados abriram rápido. A limpeza pública foi rápida”, relata.
Conforme Jorge, não havia mais sujeira na manhã de sexta (11). A limpeza começou no final da tarde de quinta (10).
Ele espera que o pior já tenha passado. “Agora não tem mais alerta, só para não ir nas áreas públicas ainda, que pode ter energizado, caminhar em coisa de grama. Por enquanto, está assim. Ainda não encerrou a temporada de furacão, vai até o dia 20. Mais uns dias ainda para que não aconteça mais nada”.
A família passa bem, apesar de Eduarda ainda estar tensa, segundo Jorge. “Está assim como se ainda fosse ocorrer algo. É uma alegria com o neném, mas está apreensiva”.
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