Nome dos envolvidos não foram divulgados. A polícia também apreendeu contratos de compra e venda que somavam mais R$ 5 milhões em um endereço ligado aos suspeitos. Polícia desmonta esquema de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro no Norte do ES
Um casal é investigado por extorquir dinheiro e perseguir vítimas ao comandar um esquema milionário de agiotagem em São Mateus, no Norte do Espírito Santo. De acordo com a Polícia Civil, o homem foi preso e a mulher vai responder em liberdade.
Mais de R$ 5 milhões em contratos foram apreendidos em um endereço ligado a uma empresa dos investigados. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
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O caso foi divulgado nesta segunda-feira (11), mas a prisão do suspeito ocorreu no dia 1º de novembro durante uma abordagem da polícia no pedágio da BR-101, em São Mateus. Na ocasião, uma arma foi apreendida no interior do veículo.
Segundo a polícia, a investigação faz parte da Operação “Aggio”, realizada por meio da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic).
A Justiça do Espírito Santo também bloqueou 23 contas bancárias e cinco carros dos suspeitos, que ostentavam uma vida de luxo com viagens caros, carros e bens.
Casal que ostentava vida de luxo é indiciado por agiotagem no Norte do ES; homem é preso durante abordagem em pedágio na BR-101, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
O delegado titular da Deic de São Mateus, José Eustáquio, explicou que a mulher não foi presa porque era o marido dela quem comandava o esquema.
”A Justiça deferiu o pedido de bloqueio da Polícia Civil de todas as contas dos indiciados. Quem efetivamente estava a frente das extorsões era o marido da mulher indiciada. Neste momento, a gente entendeu que não era adequado e não havia necessidade de pedir a prisão preventiva dela”, explicou.
Investigações
Segundo o delegado, as investigações começaram em julho deste ano após uma vítima, que pegou R$ 15 mil emprestado com os agiotas, procurar a polícia. Na ocasião, a dívida ultrapassava R$ 200 mil.
“A vítima nos procurou, extremamente abalada psicologicamente, e falou que estava sofrendo extorções em razão de empréstimo que havia contraído com esses agiotas, que estavam perseguindo no local de residência e local onde a vítima frequenta”, comentou.
A partir dessa denúncia, a polícia identificou o escritório onde era realizado esses empréstimos e chegou a uma empresa que não tinha sede comercial e nem funcionários, mas movimentava valores incompatíveis com o faturamento declarado.
”A gente fez levantamento nas cidades vizinhas para poder identificar o endereço [da empresa], mas não encontramos. Então, os investigadores conseguiram localizá-la em um bairro em São Mateus, em um prédio residencial muito discreto e sem nenhuma placa de identificação”, explicou o delegado.
No local, a Polícia Civil apreendeu contratos de compra e venda que somavam mais R$ 5 milhões, um computador e munição.
Arma e munição foram apreendidas no endereço ligado ao casal em São Mateus, no Espírito Santo.
Reprodução/TV Gazeta
“Verificamos que na conta da pessoa física da indiciada, foi movimentado aproximadamente 110 vezes o valor declarado. Também identificamos movimentações de criptoativos em duas redes que demonstra que os indiciados tem muita habilidade também de transicionar artigos digitais”, destacou José Eustáquio.
Modus operandi
De acordo com a polícia, pelo menos duas vítimas já foram identificadas e o casal tinha o mesmo modus operandi. Eles emprestavam dinheiro às vítimas e, no ato do empréstimo, confeccionavam um contrato de compra e venda que servia de garantia.
O casal se mostrava, inicialmente, amistoso e tentava criar um vínculo de amizade com as vítimas. A relação fluía bem até o momento que a pessoa não conseguia mais pagar a dívida. Era neste momento que começavam as perseguições e ameaças, forçando que as pessoas transferissem bens móveis e imóveis como garantia.
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“A cobrança era intensa. Eles iam em vários locais que a vítima frequentava, na residência. As ameaças eram realmente muito pesadas”, explicou o delegado.
Uma das ameaças, segundo o delegado, ocorreu quando o homem foi intimidado a prestar depoimento. Na ocasião, o suspeito chegou a tirar uma foto de dentro da delegacia, em visualização única, e enviar por aplicativo de mensagens a uma das vítimas.
“No momento que foi intimidado para ser interrogado, enviou para a vítima uma mensagem dizendo que um simples boletim de ocorrência não ia pará-lo”, finalizou o delegado.
Segundo a polícia, o homem foi indiciado por extorsão, lavagem de capitais e crime de usura. A mulher por lavagem de capitais e crime de usura. A Polícia Civil não descarta o envolvimento de outras pessoas.
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