Carro roubado por Paulo Rodrigo Juvêncio, principal suspeito de matar Aline Queiroga, pertencia a um cliente que estava na loja no momento do crime. Veículo foi encontrado na Avenida Ipanema, na madrugada deste domingo (16), com um casal. Aline Queiroga trabalhava como atendente de caixa em uma loja de Sorocaba (SP). Ela foi morta a tiros durante o expediente, na tarde desta terça-feira (11)
Arquivo Pessoal
A Polícia Militar encontrou o carro roubado pelo suspeito de matar a Aline Aparecida de Moura Queiroga a tiros em uma loja na zona oeste de Sorocaba (SP), na terça-feira (11). Duas pessoas que estavam no veículo foram presas na madrugada deste domingo (16).
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O suspeito do crime de feminicídio, Paulo Rodrigo Juvêncio, abordou um cliente que estava no comércio, o obrigou a entregar as chaves de seu veículo e fugiu com o carro após o crime.
De acordo com a polícia, o veículo foi encontrado com um casal próximo à Avenida Ipanema, na zona norte da cidade. Segundo os policiais, não havia nada de ilícito com a dupla, mas os agentes constataram após pesquisa que o carro se tratava do veículo roubado por Paulo após matar a ex-namorada, que tinha 34 anos.
A polícia procura por Paulo Rodrigo Juvêncio, principal suspeito dos crimes, que fugiu após o feminicídio em Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
Segundo a polícia, o casal disse que o veículo foi deixado com eles por uma terceira pessoa, que não seria o suposto autor do feminicídio.
Os policias fizeram buscas em dois endereços, indicados pela dupla como possíveis paradeiros de Paulo, mas não encontraram o suspeito.
O casal foi preso em flagrante pelo crime de receptação. Segundo a PM, a mulher foi liberada após prestar depoimento. O homem permanece preso.
Carro roubado por suspeito de matar a ex-namorada a tiros em loja de Sorocaba (SP) é encontrado pela polícia 5 dias após o crime
Polícia Militar/Divulgação
Morta a tiros
Conforme a polícia, Paulo entrou no estabelecimento fingindo ser um cliente e iniciou uma discussão com a ex-namorada. Em determinado momento, ele sacou a arma e disparou contra Aline.
Jovem é preso suspeito de arrancar parte da orelha de companheira com mordida no interior de SP
O agressor abordou um cliente que estava no comércio, o obrigou a entregar as chaves de seu veículo e fugiu com o carro.
A Polícia Militar foi acionada, mas Aline já estava morta quando as equipes de resgate chegaram. A loja foi isolada e passou por perícia.
Crime aconteceu no bairro Wanel Ville, em Sorocaba
Thaís Pimenta/TV TEM
Ficha criminal
O g1 preparou uma cronologia dos crimes cometidos por Paulo antes do feminicídio de terça-feira.
Roubo a carro
Conforme apurado pela reportagem, no dia 6 de fevereiro de 2020, Paulo roubou o carro de uma mulher na Avenida Barão de Tatuí. Em uma parte do embasamento da condenação de Paulo pelo crime, é relatado que a vítima foi até um restaurante para almoçar e, quando estava no estacionamento, um rapas ofereceu ajuda para manobrar o carro.
Quando a mulher abriria a porta do carro, foi abordada por Paulo, que mostrou uma faca e mandou a motorista sair do veículo que ele roubou. No carro, havia joias e lingeries que foram levadas por ele, que depois enviou uma mensagem para o pessoal do restaurante contando que vendeu as lingeries e conseguiu R$ 2 mil, depositando a quantia na conta dele no mesmo dia do crime.
Suspeito de matar ex-namorada tinha extensa ficha criminal
Reprodução/TV TEM
O Centro de Operações da Polícia Militar recebeu a informação de que o carro roubado circulava pela Avenida Dom Aguirre. Paulo desobedeceu a ordem de parada e tentou fugir. Ele confessou que havia roubado o veículo e usado uma faca. Ao pesquisar o nome do rapaz, a polícia descobriu que Paulo era procurado por não ter pago pensão alimentícia.
O advogado de Paulo entrou com hábeas corpus para tentar converter o crime de roubo para furto, mas a juíza Daniella Camberlingo Querobim, da 3ª Vara Criminal de Sorocaba, não aceitou e manteve o crime como roubo, condenando Paulo a cinco anos e 4 meses de reclusão e 13 dias multa, podendo recorrer em liberdade. A decisão é do dia 19 de outubro de 2020.
A defesa de Paulo conseguiu a redução da pena para quatro anos de prisão. A TV TEM apurou que, como há no processo a condição de “extinção de punibilidade”, possivelmente o homem tenha cumprido a pena.
Suspeito de matar ex-namorada tinha extensa ficha criminal
Reprodução/TV TEM
Falta de pagamento de pensão e violência doméstica
Em 2020, Paulo foi preso por violência doméstica. A primeira passagem dele na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no entanto, foi quase dez anos antes, em 2011.
Na folha de antecedentes criminais, a qual a reportagem teve acesso, é apontado que Paulo é um egresso do sistema penitenciário, quando alguém cumpre sua pena e passa a viver em sociedade.
No sistema, estão indicados os dois processos que envolvem a prisão dele:
Falta de pagamento de pensão alimentícia, em 2010;
Roubo do carro, em 2020.
Ainda na ficha dele, há informações de que ele foi libertado, em 2011, da Cadeia de Pilar do Sul (SP), e em 2020, quando deixou Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba.
Suspeito de matar ex-namorada tinha extensa ficha criminal
Reprodução/TV TEM
A TV TEM questionou a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de Paulo cumpriu as penas, mas não teve retornou até a última atualização desta reportagem.
Feminicídio contra Aline
Aline Queiroga foi morta a tiros enquanto trabalhava em uma loja em Sorocaba (SP). Ela pediu ajuda para amigas, além de procurar a polícia para relatar as ameaças e o descumprimento das medidas protetivas que tinha contra ele.
Conforme apurado pelo g1, Paulo ameaçava Aline presencialmente e, após ser bloqueado das redes sociais, passou a fazer transferências via PIX com recados para amedrontá-la.
Em uma das mensagens recebidas, Paulo escreve: “Tá feliz, fazendo eu perder meu emprego? Te dei a chance de resolvermos tudo isso e olha a m**** que você continua fazendo! Última mensagem”.
Segundo a família, Paulo culpava Aline por ter perdido o emprego, mas a família foi informada pela empresa onde o homem trabalhava que ele havia pedido demissão.
Aline era ameaçada com mensagens via PIX, enviadas pelo ex-namorado, principal suspeito do crime
Arquivo pessoal
Pedido de ajuda por áudio
Após umas das discussões entre Aline e Paulo, a mulher enviou um áudio para o irmão pedindo ajuda. Com a voz embargada, ela relata na mensagem que havia encontrado o ex e que ele teria “surtado” com ela e pede para que o irmão vá até a casa dela para ajudá-la.
“Ficou bravo, começou a me xingar. Eu não sei, eu só não queria estar sozinha. Se você puder vir, que eu estou um pouco apavorada, meu Deus do céu, estou morrendo de medo. E eu preciso que ele saia da casa, entregue a chave, desapareça. E eu estou com muito medo. Meu Deus do céu, ele ficou extremamente violento, sabe? Ele não me agrediu, mas ele vem pra cima, ele veio cuspindo na minha cara, sabe?”, relatou a vítima.
Vítima de feminicídio pediu ajuda após ser ameaçada pelo ex, principal suspeito do crime
Protesto
Aline fez um desabafo em um grupo de WhatsApp com colegas psicólogos, área na qual era formada, sobre a situação de descaso que vivenciou ao procurar ajuda na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade. Na ocasião, a vítima foi denunciar as ameaças que estava sofrendo do suspeito.
Nesta sexta-feira (14), um grupo de mulheres fez uma manifestação em frente à DDM de Sorocaba. Com cartazes, as manifestantes pediram por justiça pela morte de Aline, e também reivindicaram melhorias no atendimento às vítimas de violência.
“Temos ouvidos relatos diários de mulheres que vêm até a DDM e relatam descaso no atendimento. Relatam que não adianta virem na DDM, procurar a estrutura, porque não funciona. Estamos aqui hoje, cobrando do poder público, cobrando da DDM uma postura firme. Queremos humanização no tratamento”, afirma Márcia Viana, secretária de mulheres da CUT São Paulo.
Grupo de mulheres faz manifestação em frente à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba
Larissa Pandori/g1
Autoridades investigam atendimento
Em entrevista ao TEM Notícias, o diretor do Deinter-7, que é responsável pela DDM, Wilson Negrão, informou que Aline foi atendida, pela primeira vez, no dia 26 de março, quando foi solicitada e autorizada a emissão da medida protetiva.
Em seguida, no dia 24 de maio, a jovem foi até a delegacia para informar sobre o descumprimento da medida. E, segundo Negrão, também foi atendida no mesmo dia.
Com relação à demora, ele afirma que havia muitos atendimentos sendo realizados no dia e que, enquanto Aline passava por atendimento com uma psicóloga, a equipe precisou dar andamento em outras ocorrências.
Ainda de acordo com o diretor, a ocorrência foi registrada no mesmo dia e o descumprimento da medida protetiva foi enviado à Justiça e ao Ministério Público.
Sobre o atendimento, Negrão afirma que não houve falha no procedimento, uma vez que o caso foi registrado e comunicado ao poder judiciário, porém, que a conduta do servidor que conversou com Aline será apurada por meio da corregedoria.
Caso Aline: delegado fala sobre atendimento à vítima após denúncia de mau atendimento
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