13 de novembro de 2024

Casal que confessou ser ‘corrupto e ladrão’ em diário volta a ser investigado por suposta fraude em contratos com o governo do TO

Em 2019, Geraldo Pereira da Silva Filho e Rosivânia Ribeiro Cunha Silva eram alvos de operação da Polícia Civil. Agora são investigados pela Polícia Federal por suposta participação em esquema de fraude em contratos para aluguel de maquinários pesados pelo governo. Geraldo Pereira e a esposa Rosivânia Ribeiro Cunha Silva agora são investigados pela Polícia Federal
Arquivo Pessoal
Investigados pela Polícia Civil em 2019 por suspeita de envolvimento em fraudes em obras públicas, Geraldo Pereira da Silva Filho e a esposa, Rosivânia Ribeiro Cunha Silva, também estão entre os alvos da operação federal realizada nesta segunda-feira (26) pela Polícia Federal. Segundo a investigação, eles seriam operadores financeiros do suposto esquema para contratação de maquinário pesado pelo governo do estado.
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O g1 não consegui contato com a defesa deles até a publicação desta reportagem.
Geraldo, em 2019, era superintendente de operações e conservação da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto). Na época, a Polícia Civil apreendeu um caderno com anotações durante a Operação Via Avaritia, que investigava fraude em obras no valor de R$ 29 milhões. Em uma das páginas, Rosivânia escreveu um tipo de oração confessando que ela e a família cometeram crimes: “Somos corruptos e ladrões e queremos justificar nossos pecados”, dizia trecho do relato.
O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil e o inquérito tramita em sigilo. O g1 questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre o andamento da investigação, mas não houve resposta até a última atualização desta reportagem.
Nesta segunda-feira (26) o casal voltou a ser alvo da polícia, dessa vez na Operação Timóteo 6:9 da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão no endereço do casal, na região central de Palmas. O ex-governador Mauro Carlesse (Agir) também foi alvo.
A operação da PF investiga supostas fraudes em contratação de empresa para aluguel de máquinas pesadas e fornecimento de combustíveis. São dois contratos que somam cerca de R$ 10 milhões. Para a polícia, os pagamentos eram efetuados, mas os serviços não foram executados integralmente.
A PF não informou o prejuízo gerado aos cofres públicos.
Polícia Federal cumpre mandados em secretaria do Governo do Tocantins, em Palmas
Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
Conforme decisão da 4ª Vara da Justiça Federal, que autorizou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, Geraldo seria responsável pela administração da empresa Proplan Construtora Eireli, que teria sido usada para recebimento de recursos públicos desviados nos contratos da Ageto.
O documento afirma que ele teria tratado sobre o repasse de valores em espécie com outros investigados citados no inquérito. Durante a investigação, a polícia chegou a identificar diálogos entre os investigados no período em que os contratos supostamente fraudulentos estavam em vigor.
O g1 ligou para os números que seriam da empresa, mas as linhas telefônicas agora são de outras pessoas.
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Confissão a Deus sobre corrupção
Em 2019, Geraldo Rosivânia estariam envolvidos em um esquema que teria fraudado contratos no valor de R$ 29 milhões para obras e reformas no Tocantins. A suspeita da polícia é que o ex-superintendente tenha burlado a lei de licitações para subcontratar uma empresa que está no nome de uma filha do casal.
Na época, a investigação encontrou de Geraldo Pereira diálogos nos quais Rosivânia faz a contabilidade da empresa Proplan Construtora e encaminha extratos bancários e de pagamentos efetuados na conta dessa empresa.
O caderno foi apreendido pela polícia em um endereço da família. Além das anotações de contabilidade, havia estudos bíblicos e até orações.
No dia 12 de agosto de 2018, Rosivânia Ribeiro teria escrito uma confissão: “Me perdoe por não ter feito o que o Senhor esperava de mim. Nos perdoe pelo pecado da corrupção, pelo tráfico de influência, por fazer parte do sistema. Gere em meu coração, espírito santo, o verdadeiro arrependimento. Fale comigo e com meu esposo com muita clareza. Somos corruptos e ladrões, e queremos justificar nossos pecados […]”.
Trecho do caderno apreendido na casa de investigados
Reprodução
Geraldo Pereira e a filha Maria Fernanda Cunha Silva chegaram a ser presos em julho de 2019, mas ganharam liberdade.
O contrato investigado pela Polícia Civil foi assinado pela Secretaria da Infraestrutura, Cidades e Habitação em fevereiro daquele ano. Na época, a mulher também teria escrito: “Não permita que meu esposo seja envergonhado, envolvido em escândalo”.
Operação Timóteo 6:9
Nesta segunda-feira (26), mandados expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça foram cumpridos em Palmas, Gurupi e Dianópolis. São investigados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Entre os endereços visitados pelos agentes federais, está a residência de Carlesse.
Um Camaro, da marca Chevrolet, foi apreendido pelos policiais no prédio do ex-governador.
Carro de luxo apreendido pela PF no prédio onde mora Mauro Carlesse
Reprodução/Matheus Dias
Sobre a operação, Mauro Carlesse disse que não teve acesso à decisão, mas que a licitação citada foi iniciada no governo de Marcelo Miranda. Em nota o governo do Tocantins disse que colabora com as investigações da Polícia Federal. (Veja a íntegra das notas abaixo)
Conforme a PF, a suposta licitação tinha por objetivo a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões. Também previa o fornecimento de combustível e a manutenção preventiva e corretiva para atender os escritórios da Ageto.
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O que diz Mauro Carlesse
Sobre a operação da Polícia Federal realizada nesta segunda-feira, 26, com citação ao ex-governador Mauro Carlesse cabe esclarecer que:
O ex-governador Mauro Carlesse não teve acesso à decisão judicial que desencadeou essa operação, mas soube pela imprensa tratar-se de investigação vinculada a processo licitatório iniciado na gestão do ex-governador Marcelo Miranda.
O que diz o governo do Tocantins
A Secretaria das Cidades, Habitação e Desenvolvimento Regional, bem como a Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura informam que colaboram com a Polícia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta segunda-feira, 26, referente a Operação Timóteo 6:9, que investiga supostas irregularidades em licitação que teriam ocorrido na extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins na gestão do ex-governador Mauro Carlesse, entre os anos de 2018 e 2019.
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

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