Gabrielle Gimenez e William Isidoro estavam no carro que foi atingido por Adriano Domingues da Costa, em Boituva (SP), na sexta-feira (14). Suspeito é considerado foragido da Justiça. Polícia Civil convocou coletiva de imprensa em Itapetininga (SP) para dar mais detalhes do caso
Jamie Rafael/TV TEM
O casal que teve o carro atingido por tiros durante uma briga de trânsito em Boituva (SP) disse, durante depoimento à Polícia Civil, que não conhecia o suspeito. A informação foi divulgada pela polícia durante uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (18), em Itapetininga (SP).
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William dos Santos Isidoro e Gabrielle Martinez Gimenez prestaram depoimento por videoconferência, na noite de segunda-feira (17).
Além de um breve resumo do depoimento do casal, a Polícia Civil informou que a Justiça negou o pedido da defesa de Adriano Domingues da Costa para reconsiderar o mandado de prisão temporária contra ele. O suspeito é considerado foragido.
Na tarde de segunda-feira, o advogado de Adriano entregou a arma usada no crime à polícia. Trata-se de uma pistola calibre.380, com numeração raspada. Além disso, a Delegacia Seccional de Itapetininga informou que o motorista não tem porte nem registro da arma.
Arma usada durante briga de trânsito em rodovia de Boituva (SP) é entregue à polícia
Polícia Civil/Divulgação
Briga de trânsito
Diversos vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o suspeito, Adriano Domingues da Costa, dá três disparos: um na direção de Gabrielle e dois no pneu do veículo do casal (assista abaixo). A briga de trânsito aconteceu na Rodovia Castello Branco, na sexta-feira (14).
Antes da ameaça e dos tiros, é possível ver o motorista de uma caminhonete modelo Hilux sendo “fechado” por um veículo Tracker na altura do quilômetro 110 da rodovia, por volta das 14h. Os dois veículos encostam.
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Em seguida, a passageira do primeiro carro diz para as crianças, que seriam filhas dela e do motorista, ficarem no veículo: “Fica aí, crianças. Não deixa descer as crianças”. O homem e a mulher descem e caminham em direção ao outro veículo.
Motorista atira em carro durante briga de trânsito em Boituva
Armado, o homem pede para a passageira abaixar o vidro do outro carro. Durante o ocorrido, é possível notar que a vítima está ao telefone com a Polícia Militar e é orientada a não abrir a janela do carro.
Como não é atendido, o homem dá um tiro em um dos pneus do veículo e, depois, dispara em direção à passageira. A bala acerta apenas o vidro da frente do carro e ninguém fica ferido. A seguir, o suspeito atira novamente contra o pneu do veículo.
Em outro momento, o suspeito aparece dando coronhadas com a arma na janela da passageira e questionando: “o que você quer, filho da p*? Tá feliz, seu filho da p*?”. Por fim, ele e a mulher voltam para o veículo.
Motorista atira em carro durante briga de trânsito em Boituva (SP)
Reprodução/Redes sociais
Versão do casal
Em entrevista ao programa “Encontro com Patrícia Poeta”, na segunda-feira, Gabrielle e William relataram que Adriano teria batido na lateral do carro deles.
“Tudo aconteceu devido a uma colisão. Ele estava em alta velocidade e bateu na lateral do nosso carro. Nós pedimos para ele encostar e, quando encostou, já desceu armado. Na segunda parada, eu já estava em contato com o 190, informando a nossa localização para que eles pudessem enviar uma viatura”, disse Gabrielle.
De acordo com a advogada do casal, Nayara Souza, foram duas paradas após a batida. Na primeira, ainda no acostamento da rodovia, o homem desceu armado e deu uma coronhada no vidro do lado em que Gabrielle estava. Na segunda parada, um pouco mais à frente, o motorista desceu novamente com a arma em punho e atirou contra o carro.
Casal que estava em veículo atingido por tiros diz que motorista dirigia em alta velocidade
Reprodução
O casal teria tentado contato com o outro veículo (o de Adriano) para checar os danos da batida, mas ele teria resistido e iniciado uma discussão.
Segundo a advogada do casal que teve o carro alvejado, foram cinco disparos ao todo. A advogada afirmou que tomará as medidas cabíveis nas esferas cível e criminal, e diz esperar que o atirador seja preso e que a arma utilizada por ele seja apreendida.
Versão do motorista que atirou
Já Adriano disse que o motorista do outro carro atingiu a traseira da caminhonete dele e, durante 40 minutos, teria seguido o veículo, ameaçando a família dele.
O homem disse, ainda, que estava com a esposa e os filhos no carro e que a família havia ido para o interior para comemorar o aniversário de casamento do casal.
Em um pronunciamento, o advogado de Adriano, Luiz Carlos Tucho de Souza, criticou a ação da polícia durante o cumprimento do mandado no domingo. Ele alega que ainda não teve acesso aos documentos do processo e que seu cliente não está em São Paulo.
“Não havia a menor necessidade de se invadir uma casa desse jeito. Deviam ter tocado a campainha. Havia pessoas na casa naquele momento, inclusive duas crianças. Arrebentaram o portão, estouraram a porta da frente”, alega.
“O que temos até o momento, é um porte ilegal e disparo de arma de fogo. A tentativa de homicídio está em uma condição de crime impossível, por conta da blindagem do veículo”, completa.
Investigação
A Polícia Civil registrou um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio por motivo fútil. No sábado (15), a corporação apreendeu o veículo do suspeito em uma pousada em Piraju (SP), que fica a cerca de 215 quilômetros de distância de Boituva. Segundo a Polícia Civil, ele conseguiu fugir antes da chegada da equipe.
Já no domingo (16), os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do homem, que fica na cidade de Mairiporã (SP). Foram apreendidos um cofre, uma tonfa — tipo de arma branca originária das artes marciais de Okinawa, no Japão — e o passaporte de Adriano.
Imagens de câmeras de segurança registraram a ação da polícia no imóvel. No vídeo, é possível ver que os policiais pulam o muro e vasculham os cômodos da casa (assista abaixo). Novamente, Adriano não foi localizado.
O advogado do motorista foi ouvido pela polícia na manhã de segunda-feira. Luiz Carlos Tucho de Souza representou o cliente na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itapetininga. Segundo ele, Adriano vai se apresentar à polícia, porém, só depois que ficar por dentro de todos os fatos.
Luiz Carlos chegou a pedir a reconsideração da prisão de Adriano à Justiça, mas a solicitação foi indeferida.
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