26 de dezembro de 2024

Caseiro que matou namorada de 16 anos com tiro no olho deve ir a júri popular no Acre

Mateus Sousa é acusado de matar Lauane do Nascimento Melo. Crime ocorreu em julho do ano passado. Mateus Sousa deve ser julgado por um júri popular
Reprodução
O caseiro Mateus Lima de Sousa, acusado de matar a namorada Lauane do Nascimento Melo, de 16 anos, com um tiro no olho, em julho do ano passado, foi deve ir a júri popular pela 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).
A advogada de Sousa, Viviane dos Santos, disse que esta analisando a decisão para estabelecer a a próxima estratégia da defesa.
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Lauane Melo foi morta em 21 de julho do ano passado em uma chácara da Estrada do Barro Vermelho, em uma região após o Complexo Prisional de Rio Branco. Mateus Sousa alega tiro acidental. Porém, a família afirma que já tinha presenciado Lauane ser ameaçada de morte pelo companheiro anteriormente.
O acusado foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) em dezembro de 2023 pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica. Ele está preso no Complexo Prisional de Rio Branco.
Também em dezembro do ano passado, Mateus Sousa passou por audiência de instrução na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar. Já no último dia 1º, a Justiça pronunciou o acusado a júri popular levando em consideração os testemunhos dos parentes das vítimas
“Assim sendo, diante das provas constantes nos autos, percebo que a acusação reúne os elementos mínimos necessários capazes de autorizar o julgamento pelo Júri, ou seja, materialidade e indícios suficientes de autoria”, pontua o juiz Alesson Braz.
Motivado por vingança
A defesa do acusado tentou derrubar as qualificadoras motivo torpe e defesa que dificultou a defesa da vítima. Porém, o juiz as manteve porque, segundo o processo, o crime pode ter sido motivado por vingança contra a mãe de Lauane, que tinha um relacionamento com o irmão de Mateus.
Segundo as testemunhas, Mateus Sousa culpa a mãe de Lauane pela morte do irmão, que também trabalhava como caseiro. Contudo, não há mais detalhes do porquê o homem teria essa suspeita.
“Pelos depoimentos colhidos nos autos, notadamente pelo depoimento de [nome da testemunha],evidencia-se a possibilidade do crime ter sido praticado por conta dessa motivação, vingança pela morte do irmão do réu, razão pela qual a incidência da qualificadora deve ser submetida ao juízo natural”, argumenta.
Ainda segundo a Justiça, Lauane não teve chance de se defender quando foi baleada. “Visto que o modus operandi empregado pelo denunciado dificultou que esta pudesse desconfiar do mal que lhe sobreviria, aproveitando-se o denunciado da circunstância de que a vítima estava sozinha dentro de uma residência localizada em zona rural, efetuando disparo em sua cabeça”, aponta.
Tiro acidental
No processo, Mateus Sousa alega que o tiro foi acidental. Durante audiência de instrução na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar em dezembro do ano passado, ele ficou calado. Contudo, durante as investigações, chegou a alegar que estava manuseando uma espingarda caseira quando a arma disparou e atingiu Lauane que estava sentada na cama.
No processo é descrito a versão dele após o tiro. “Se aproximou e viu que ela estava morta. Ficou transtornado e apena levantou as pernas dela porque estavam penduradas, a acomodou melhor na cama, deu um beijo no rosto, por isso ficou com a ‘cara’ melada de sangue, e em segunda pegou sua motocicleta e foi até a casa do seu Bebé (caseiro do fundo)”, diz.
Ainda em depoimento, Mateus Sousa alegou que não contou nada para o outro caseiro porque estava transtornado. Sousa fugiu e só se apresentou na delegacia de Sena Madureira, no interior do Acre, três dias depois.
A mãe da vítima afirmou que já tinha presenciado o rapaz ameaçar a filha de morte.
No dia 30 de julho, o Plantão Judiciário de Rio Branco negou liminar de um habeas corpus que pedia a soltura do suspeito. Para fundamentar o pedido, a defesa alegou que o disparo foi acidental, levando em conta que o acusado tem pouca visão e no dia do crime tinha ingerido álcool misturado com medicamento diazepam.
Contudo, após a conversão da prisão temporária para preventiva, o juiz Alesson Braz analisou o mérito do pedido e negou a liberdade para Mateus Sousa.
Lauane do Nascimento Melo foi morta no dia 21 de julho deste ano
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Investigação
Ao g1, na época do crime, a delegada Elenice Frez disse que o laudo pericial indicou que a arma foi encostada no rosto da vítima e, em seguida, disparada. “Porém, como não havia nenhuma testemunha no local e ele não falou a verdade é impossível saber o que de fato aconteceu no momento do crime. Familiares da vítima informaram que ele a ameaçava desde o início do relacionamento, inclusive de tiro no rosto”, complementou.
A autoridade policial contou também que o crime foi praticado mediante “mistura de agressividade com uso de drogas juntamente com medicamento de uso controlado obtido sem receita”. Com o resultado do laudo, para a delegada, o suspeito agiu dolosamente, e não de modo culposo como alegou no interrogatório.
O suspeito trabalhava como caseiro na chácara onde ocorreu o crime. Antes de fugir, ele foi até o gerente da propriedade e contou que tinha matado a mulher. O gerente foi até a chácara, encontrou a vítima morta em cima da cama e avisou para o dono da propriedade, que chamou a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
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