Ministério Público tinha dado parecer favorável para revogação da prisão de Ademar, mas Justiça negou o habeas corpus. Ademar Cardoso, irmão da ex-sinhazinha achada morta em Manaus
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A Justiça do Amazonas negou o pedido de revogação da prisão preventiva de Ademar Cardoso, irmão da ex-sinhazinha Djidja, encontrada morta no fim do mês de maio, em Manaus. Ademar e a mãe, Cleusimar Cardoso, estão presos desde o dia 30 de maio. Eles, juntos de mais oito pessoas, viraram réus e vão responder pelo crime de tráfico de drogas.
Segundo a investigação, a família de Djidja criou o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, que promovia o uso indiscriminado da droga sintética cetamina, de uso humano e veterinário, que causa alucinações e dependência.
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A decisão, assinada na quinta-feira (22), é do juiz Celso de Paula, titular da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes (Vecute). No documento, o juiz afirmou não ter identificado motivação que justificasse a revogação da prisão de Ademar.
“Outrossim, atesto que o feito está tramitando eficientemente e celeremente, na medida da complexidade e peculiaridades da causa, respeitando-se os ditames dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, não havendo desídia deste Juízo em proceder com o andamento processual”, diz a decisão.
No documento também é informado que o Ministério Público tinha dado parecer favorável a soltura de Ademar Cardoso para que pudesse responder o processo em liberdade, isto, com algumas restrições. Entre elas, não sair da cidade e não se comunicar com os envolvidos no caso.
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Quem se tornou réu
A Justiça do Amazonas aceitou a denúncia, no dia 26 de julho, do Ministério Público (MP) contra a mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar Cardoso, o irmão dela, Ademar Cardoso, e o ex-namorado dela, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas, tornando-os réus. Outras sete pessoas também foram denunciadas pelo crime.
Com o recebimento da denúncia, a Justiça pautou a audiência de instrução inaugural para 4 de setembro deste ano. Na ocasião, serão ouvidas as testemunhas de acusação, depois as de defesa e, por último, os acusados.
Dos 10 acusados, quatro respondem ao processo em liberdade e seis estão presos.
Por ora, o Ministério Público só denunciou o grupo por tráfico de drogas. No entanto, o órgão ministerial, por meio de outras promotorias de Justiça, pode denunciar os envolvidos por outros crimes, tais como, charlatanismo, curandeirismo, estupro de vulnerável, organização criminosa, dentre outros.
Veja abaixo quem são os denunciados pelo MP e os crimes pelos quais devem responder:
Cleusimar Cardoso Rodrigues (mãe de Djidja): denunciada por tráfico de drogas e associação para o tráfico – presa;
Ademar Farias Cardoso Neto (irmão de Djidja): denunciado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – preso;
José Máximo Silva de Oliveira (dono de uma clínica veterinária que fornecia a cetamina): denunciado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – preso;
Sávio Soares Pereira (sócio de José Máximo na clínica veterinária): denunciado por tráfico de drogas e associação para o tráfico – preso;
Hatus Moraes Silveira (coach que se passava por personal da família de Djidja): denunciado por tráfico de drogas e associação pra o tráfico – preso;
Marlisson Vasconcelos Dantas (cabeleireiro em uma rede de salões de beleza da família de Djidja): denunciado por tráfico de drogas – em prisão domiciliar;
Claudiele Santos Silva (maquiadora em uma rede de salões de beleza da família de Djidja): denunciado por tráfico de drogas – em prisão domiciliar;
Verônica da Costa Seixas (gerente de uma rede de salões de beleza da família de Djidja): denunciado por tráfico de drogas – presa;
Emicley Araújo Freitas (funcionário da clínica veterinária de José Máximo): denunciado por tráfico de drogas – em prisão domiciliar.
Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja): também denunciado por tráfico de drogas – em prisão domiciliar.
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Além de responder pelo crime de tráfico de drogas, o MP também denunciou Ademar pelo estupro de uma de suas ex-namoradas após aplicar cetamina nela.
“O denunciado Ademar, de posse de seringas contendo Cetamina, as aplicava na vítima em quantidade suficiente para deixá-la em transe, aproveitando-se para praticar sexo não consentido”.
Ainda conforme o promotor, Ademar e a mãe impediram que a família de uma outra ex-namorada dele, que também ficou viciada na substância, conseguisse resgatá-la da casa onde ela morava com o indiciado.
“Eles dificultaram ao máximo que os pais da mãe do filho dele, sabendo que a mesma estava envolvida com uso de substância entorpecente, pudessem resgata-la para dispender os cuidados necessários ao restabelecimento de sua saúde”.
Entretanto, até o momento, a Justiça aceitou apenas a denúncia por tráfico de drogas contra o irmão da empresária Djidja Cardoso.
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