Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido morreu na última terça-feira (28). Segundo a Polícia Civil, o irmão, a mãe e ela se viam como representações de Jesus Cristo, Maria de Nazaré e Madalena. Caso Djidja Cardoso: a investigação sobre a morte da jovem que ganhou fama como estrela do Festival de Parintins
A empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso, que morreu na última terça-feira (28) por suspeita de overdose, fazia parte de uma seita com a mãe e o irmão em que os três se viam como representações de figuras bíblicas, aponta a investigação.
A Polícia Civil aponta que eles criaram um grupo religioso chamado “Pai, Mãe, Vida”, em que incentivavam o uso de cetamina, anestésico injetável de uso veterinário também chamado de ketamina, para alcançar uma falsa plenitude espiritual.
A família teve o primeiro contato com a droga há pouco mais de um ano. Djidja, o irmão Ademar e a mãe Cleusimar passaram a ter alucinações por conta do uso excessivo da substância.
Em abril, eles passaram a ser investigados por tráfico de cetamina. Verônica da Costa, gerente de um salão de beleza de Djidja, foi apontada como a responsável por comprar a droga de clínicas veterinárias ilegalmente, sem receita médica.
“Passavam todo dia se utilizando daquela substância que é altamente viciante e participavam também de alguns rituais, colocavam vídeos na internet”, disse o delegado Cícero Túlio.
O que é cetamina, droga usada em ritual mantido por presos após morte de Djidja Cardoso
Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido que morreu por suspeita de overdose
TV Globo/Reprodução
Segundo o delegado, os três liam livros relacionados à seita que se imaginavam como líderes e representações de figuras bíblicas.
“Eles consideravam que o Ademar era a representação de Jesus Cristo na Terra, enquanto a sua mãe seria Maria de Nazaré e a sua irmã Djidja seria a representação da Madalena”.
Ademar, Cleusimar, Verônica e outros dois funcionários foram presos na quinta-feira (30). A polícia também apreendeu seringas e frascos na casa da família e em uma clínica veterinária.
“Neste momento, a nossa prioridade é o bem-estar e a saúde mental dos meus clientes. Então, a gente vai tentar, de todas as formas, interná-los”, disse Lidiane Roque, advogada de Ademar, Cleusimar e Verônica.
“Os meus clientes precisam de ajuda médica”, afirmou. “A gente vai aguardar, de fato, qual vai ser a conclusão da autoridade policial, do que eles vão ser indiciados, para os meus colegas construírem a estratégia de defesa”.
O Fantástico procurou o dono da clínica veterinária que foi alvo de buscas, mas não obteve retorno.
Djidja Cardoso, empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido que morreu por suspeita de overdose
TV Globo/Reprodução
Investigação por estupro
Uma ex-namorada de Ademar que preferiu não se identificar diz que foi aliciada por ele para entrar na seita e que passou a usar a droga.
“Você só podia frequentar a casa se você usasse droga e meditasse. ‘Pai, Mãe, Vida vai cuidar de você. Pai, Mãe, Vida vai te curar'”.
Investigadores apuram se Ademar teve relações sexuais com a vítima enquanto ela estava sob efeito da cetamina, o que caracterizaria estupro de vulnerável. Também há indícios de que ela sofreu um aborto dentro da casa devido ao uso da droga.
Dependência química
A cetamina é uma substância com efeito anestésico que é usada principalmente para a realização de cirurgias em animais de grande porte, segundo o delegado.
“É um componente químico altamente viciante”, afirmou. “Acaba passando a sensação ali de a pessoa acabar por vezes adormecendo e chegando a um estado de quase morte com essa utilização”.
A substância também serve como um anestésico para humanos, mas seu uso só pode ser feito por anestesiologistas, explicou o psiquiatra Arthur Guerra.
“O uso que está sendo feito por muitas pessoas é o uso inapropriado. Nós chamamos de abuso. É um uso buscando outros efeitos. Nós chamamos de efeitos colaterais, efeitos adversos”.
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