Justiça concedeu a liberdade para Carmélio da Silva Bezerra, de 68 anos, apontado como um dos mandantes da morte do ex-prefeito Gedeon Barros. Carmelio da Silva Bezerra foi autorizado a ficar com a família em Plácido de Castro
Arquivo pessoal
A Justiça do Acre concedeu liberdade para Carmélio da Silva Bezerra, de 68 anos, suspeito de ser um dos mandantes da morte do ex-prefeito Gedeon Barros, que ocorreu em 2021 quando ele chegava em Rio Branco. Ele saiu da cadeia no último dia 18 e foi autorizado a ir para Plácido de Castro, interior do Acre.
O idoso e Liomar de Jesus Mariano, conhecido como Mazinho Mariano, foram presos em 20 de dezembro do ano passado durante operação da Polícia Civil em três cidades. Um terceiro acusado na morte já estava preso por outro crime e a polícia cumpriu um novo mandado judicial.
Em 18 de janeiro desde ano, a Justiça negou o relaxamento da prisão. Já em fevereiro, um acreano de 38 anos, suspeito de participar do assassinato do ex-prefeito, foi preso em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
A captura do suspeito ocorreu durante a Operação Crime Cracker, que cumpriu dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco e um mandado de prisão preventiva da Justiça acreana.
Em março, a Câmara Criminal de Rio Branco havia negado um pedido de liberdade para Carmélio Bezerra. A defesa entrou com um habeas corpus questionando o tempo da prisão preventiva e alegando que o acusado tem problemas de saúde.
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O advogado do idoso, Silvano Santiago, disse que argumentou no habeas corpus novamente o excesso de prazo para formação da culpa e a lentidão do Poder Judiciário na formação de provas como empecilhos na presunção de inocência.
“Teve a prisão decretada em dezembro, passaram sete meses e nenhuma audiência foi realizada acerca dessa situação. Nosso processo penal brasileiro prevê prazos para ocorrências dessas chamadas de instrução. A prisão preventiva não se deve confundir com pena e quando ultrapassa essa razoabilidade já se assemelha a uma pena”, pontuou.
Outro argumento utilizado no pedido foi o fato de Carmélio Bezerra ser réu primário, ter bons antecedentes, possuir endereço fixo e não ter atrapalhado as investigações, o que convenceu a maioria dos magistrados a votarem a favor da soltura.
“Se coloca à inteira disposição quando for intimado para os atos processuais. Foi o suficiente para a Câmara Criminal entender e conceder a ele a revogação da prisão preventiva sob a condição de algumas medidas cautelares.
O advogado de Mazinho, Wellington Silva, confirmou que o cliente teve a liminar de um pedido de liberdade indeferida. Agora, a defesa aguarda o julgamento do habeas corpus.
Réus
A 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco recebeu denúncia contra sete suspeitos pela morte do ex-prefeito de Plácido de Castro Gedeon Barros e tornou réus por homicídio qualificado. A informação foi confirmada ao g1 no dia 24 de janeiro pela assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).
Confira abaixo os denunciados no caso e o que é atribuído a cada um deles:
Carmélio da Silva Bezerra e Liomar de Jesus Mariano – apontados como mandantes do crime. Também responderão por coação no curso do processo;
Clebson Rodrigues do Nascimento e Weverton Monteiro Oliveira – apontados como responsáveis pela contratação dos executores;
Antônio Severino de Souza – apontado como responsável por repassar informações sobre Gedeon Barros e contribuir para a emboscada;
João da Silva Cavalcante Junior e Sairo Gonçalvez Petronilio – o primeiro é apontado como condutor da motocicleta utilizada no crime, e o segundo é apontado como autor dos disparos contra Barros. Também responderão por homicídio por motivo torpe e com recurso que dificultou defesa da vítima;
No processo, a Justiça destaca que um dos envolvidos fez uma delação premiada e entregou os demais suspeitos do crime. Segundo o delator, ‘os mandantes do crime seriam um agiota residente do município de Plácido de Castro e um boliviano, em virtude de uma dívida que a vítima teria com estes’.
Ainda de acordo com o relato do suspeito, Carmélio da Silva Bezerra, mais conhecido como Véio, e Liomar de Jesus Mariano, Mazinho, que em conformidade com o declarado pelo delator estavam presentes em várias oportunidades durante as reuniões de planejamento do crime’.
Prefeito Gedeon Barros foi morto em 20 de maio de 2021
Arquivo pessoal
O delator diz também que a ideia inicial era de que crime parecesse um latrocínio, roubo seguido de morte, para que a polícia não chegasse aos mandantes.
Ao analisar o pedido de soltura para Carmélio Bezerra, o juiz de Direito Danniel Gustavo Bomfim destacou que o ‘pedido da “pena restritiva de liberdade” formulado pelo advogado não encontra qualquer lógica nesse momento, eis que se trata de prisão provisória e estando os autos ainda em instrução, não havendo qualquer pena imposta, apesar do que alega o requerente’.
Além disso, o magistrado destaca a gravidade do crime e a garantia de manter a ordem pública.
“Diante desse panorama até então obtido pela investigação, evidente a presença do pressuposto da garantia da ordem pública, pois a motivação acima exposta em que denota-se o alto poder financeiro dos criminosos, por si só, causa insegurança, temor e instabilidade na sociedade visto que o alto grau de premeditação e planejamento do crime em tela demonstra terem os mesmos experiência e influência no cenário criminoso, detendo de meios suficientes a, inclusive, determinar uma tentativa de assassinato dentro de um estabelecimento criminal apenas com o intuito de queimar o arquivo vivo, que é o delator”, diz.
Gedeon Barros foi morto dentro do carro
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Vítima devia dinheiro para ex-secretário de esportes
De acordo com o processo, Gedeon devia R$ 130 mil a Mazinho Mariano, um dos presos pela Polícia Civil. Mazinho era aliado político de Gedeon, tendo, inclusive, disputado as Eleições 2020 como candidato a vice na chapa do ex-prefeito.
O suspeito também atuou como secretário de esporte de Plácido de Castro. Em fevereiro de 2021, três meses antes de Gedeon ser assassinado a tiros em Rio Branco, Mazinho entrou com uma ação monitória na Justiça contra o ex-prefeito e a mulher dele, Maria Lúcia Dias da Silva Barros.
No processo, Mazinho Mariano alegou que o casal devia R$ 102.620,37, decorrentes de negociações relativas à compra e venda de produtos entre eles em 2017 e tendo uma nota promissória entregue para ele como garantia de pagamento.
O advogado Wellington Silva confirmou que Mazinho Mariano e Gedeon eram amigos e ele colaborava com as investigações desde o início. Ainda segundo a defesa, Mazinho apresentou dados bancários, telefônicos e outros solicitados pela polícia ao longo das investigações.
A defesa alega que Mazinho é inocente e chamou a prisão de injusta.
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