Estela Almagro (PT), uma das possíveis vítimas das invasões, foi convocada para prestar depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF. Hacker teria sido contratado por Walmir Braga, cunhado de Suéllen Rosim (PSD). PF abre investigação sobre suposta invasão de hacker a redes sociais de políticos em Bauru
A Polícia Federal (PF) abriu uma investigação para apurar crimes cibernéticos que teriam como alvos políticos no interior de SP.
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A vereadora de Bauru (SP) Estela Almagro (PT), uma das possíveis vítimas das invasões, foi convocada para prestar depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF. A parlamentar prestará depoimento no prazo de 40 dias.
Além dela, um jornalista da cidade, Nelson Itaberá, também teria sido vítima do ataque, supostamente ordenado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSD).
Walmir é assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD)
Arquivo pessoal
A investigação apura se, em 2021, Walmir teria contratado o hacker para invadir as redes sociais de políticos e monitorar adversários políticos. O hacker em questão é Patrick César da Silva Brito, que chegou a ser preso na Sérvia após ter sido detido pela Interpol, mas foi solto no fim do ano passado.
A Polícia Civil de Araçatuba (SP), por meio da 10ª Corregedoria Auxiliar, também abriu uma apuração preliminar para investigar a conduta de um policial civil, que teria apresentado o hacker a possíveis contratantes do serviço ilegal. O agente é irmão de Walmir Braga.
Patrick passou a ser investigado depois que o e-mail de Dilador Borges (PSDB), prefeito de Araçatuba, foi invadido, em dezembro de 2020.
Hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba (SP), foi preso na Sérvia
Reprodução
Investigação na esfera política
Uma Comissão Temporária (CT) foi aberta pela Câmara de Bauru para apurar o suposto ataque cibernético.
A CT tinha duração de 90 dias, com término previsto para esta quarta-feira (6), mas os membros da comissão decidiram estendê-la por mais 30 dias.
Durante os trabalhos, o hacker Patrick, o assessor do gabinete da prefeita, Leonardo Marcari, e as supostas vítimas do ataque cibernético prestaram depoimentos. A prefeita Suéllen Rosim e o cunhado dela, Walmir Braga, foram convocados a depor, mas não compareceram.
De acordo com os membros da comissão, a justificativa para a extensão se deve a um comunicado emitido por Walmir Braga, no qual ele afirma conhecer o hacker, e disse que teve contato com ele, mas por outros motivos.
Walmir Braga é ex-assessor parlamentar do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD)
Reprodução
Na nota, ele justifica que foi procurado por Patrick após ataques sofridos nas redes sociais pela esposa, irmã da prefeita de Bauru. Ele contou que o hacker ofereceu serviços cibernéticos para apurar os ataques contra ela.
Walmir afirmou, ainda, que achava que era um serviço legal, que não teria nenhum problema, mas que depois descobriu que o hacker tinha métodos ilegais para realizar esse trabalho e encerrou a negociação.
A comissão não acredita nessa versão e, por isso, irá encaminhar um oficio para o Ministério Público (MP) e para a Polícia Civil para descobrir mais informações sobre esses ataques à esposa de Walmir. Eles querem ter acesso ao boletim de ocorrência, que, segundo Walmir, teriam sido feitos à época sobre as ameaças.
Além disso, os vereadores da comissão pretendem enviar outro ofício ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco) para investigar uma possível organização criminosa.
Os vereadores da comissão acreditam que há uma ligação entre os membros do núcleo político da prefeita da cidade na organização da invasão a adversários políticos. Esse será o segundo pedido ao Gaeco, que negou o primeiro pedido de abertura de investigação.
Em nota, a prefeita Suéllen Rosim disse que não possui ligação alguma com o assunto, e não tem o que manifestar a respeito.
Já Walmir Braga afirmou que não teve ciência de quaisquer novas movimentações da Câmara quanto a ele e que reitera inocência com relação a todas as acusações. Ele ainda pontuou que não foi intimado de qualquer procedimento formal que tenha por finalidade apurar qualquer fato.
Hacker contratado?
O hacker Patrick César da Silva Brito é investigado por supostamente ter invadido redes sociais de políticos de Bauru.
Em depoimento à Câmara de Vereadores de Bauru, o hacker confirmou ter invadido as redes sociais da Vereadora Estela Almagro (PT) e do jornalista Nelson Itaberá, a mando de Walmir Braga.
Hacker confirma invasão de redes sociais de vereadora a mando de cunhado da prefeita
A declaração foi feita durante uma sessão da Comissão Temporária (CT) aberta no legislativo para investigar o caso.
“O Walmir entrou em contato comigo explicou que era cunhado da prefeita de Bauru e que tinha mostrado o material que eu tinha enviado para ele por e-mail para a prefeita e que ela tinha gostado muito. E ele pediu para que eu hackeasse a Estela [vereadora]”, disse Patrick durante o depoimento.
Ele confirmou que derrubou as redes sociais da parlamentar e que chegou a especular com Walmir sobre fazer o mesmo com outros vereadores e até com o vice-prefeito Orlando Costas Dias, mas que não prosseguiu com a invasão.
Entenda o caso
A Comissão de Fiscalização e Justiça da Câmara de Vereadores de Bauru protocolou em outubro de 2023 um pedido de apuração da conduta do até então assessor parlamentar Walmir Braga.
Segundo o documento enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 2021, ele teria contratado Patrick para invadir as redes sociais de políticos e adversários.
O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público, mas corre em segredo de Justiça e Walmir foi exonerado após as denúncias.
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