15 de novembro de 2024

Caso Lorenza: médico que atestou morte de esposa de promotor condenado por assassinato é absolvido em segunda instância


MP denunciou profissional de saúde por falsidade ideológica. Segundo defesa, absolvição comprova tese de que cardiologista tinha interesse apenas em atender chamado de assistência domiciliar. Lorenza Pinho e o promotor André Luís Garcia de Pinho em foto publicada nas redes sociais
Reprodução/Facebook
O médico Itamar Tadeu Gonçalves Cardoso, responsável pelo atestado de óbito de Lorenza Maria de Pinho, foi absolvido em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) nesta terça-feira (5). A vítima foi assassinada pelo marido, o promotor André Luís Garcia de Pinho, em abril de 2021 (relembre o caso mais abaixo).
O Ministério Público denunciou o profissional de saúde por falsidade ideológica, entendendo que ele inseriu declarações falsas no documento. Segundo Virgínia Afonso, advogada de defesa, a absolvição por unanimidade de forma colegiada comprova a tese de que o cardiologista, acionado para prestar socorro à mulher, tinha interesse apenas de atender ao chamado de assistência domiciliar.
O julgamento do recurso feito pela promotoria confirmou a decisão de primeira instância, que considerou Itamar Cardoso inocente da acusação de “alterar a verdade sobre os fatos”.
Durante uma audiência no ano passado, o médico argumentou que foi acionado pela emergência do Hospital Mater Dei, onde a vítima, com “histórico de abuso de medicamentos e opioides”, era atendida de forma recorrente. Ao chegar ao apartamento do promotor, ele afirmou que a mulher já estava sem pulso e que tentou reanimá-la.
Relembre o caso
Promotor André de Pinho foi denunciado pela morte de sua mulher, Lorenza.
Arquivo g1
Lorenza Maria de Pinho foi morta no dia 2 de abril de 2021, em Belo Horizonte, deixando cinco filhos. O marido dela, o promotor de Justiça André Luís Garcia de Pinho, foi condenado a 22 anos de prisão por feminicídio.
O corpo chegou a ser levado para uma funerária, mas um delegado pediu que fosse encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
O laudo da Polícia Civil apontou que a causa da morte foi constrição mecânica na coluna cervical, na altura do pescoço. O documento também constatou que a vítima sofreu lesão cervical, hemorragia, lesão leve no crânio e que tinha álcool em excesso no sangue.
A denúncia do Ministério Público apontou que André Pinho matou a esposa, porque ela “havia se tornado um peso para ele”. Por causa de problemas com bebidas alcoólicas e remédios, além de uma depressão profunda, a vítima não estaria “cumprindo papel de esposa e mãe” esperado pelo promotor.
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