21 de setembro de 2024

Caso Marielle: ‘Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar’, diz Ronnie Lessa

Em depoimento no STF, assassino confesso da vereadora diz que cometeu o crime por ganância. Ronnie Lessa em depoimento nesta terça-feira (27) no STF
Reprodução
Em depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), Ronnie Lessa contou que matou a vereadora Marielle Franco por ganância.
Segundo ele, os valores beiravam R$ 25 milhões, que seria o valor estimado dos dois terrenos prometidos pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, numa localidade no Tanque, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade.
“Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar. Era o preço pela morte da vereadora que seria o valor dos terrenos”
Segundo Lessa, esses terrenos e esses valores seriam destinados a ele. Edmílson Oliveira da Silva, o Macalé, ficaria com outros R$ 25 milhões. Os irmãos Brazão ficaria com terras ao lado. O ex-policial contou que o local deveria passar por obras para a instalação de água.
A “Medelín da milícia”, como já era chamada pelos irmãos Brazão, segundo Lessa, ficaria nas encostas de 2 morros então desocupados às margens da Estrada Comandante Luís Souto. Na época da emboscada, em 2018, praticamente toda a Grande Jacarepaguá estava sob o domínio de paramilitares.
“Eu nem precisava, realmente. Eu estava numa fase muito tranquila da minha vida. Minha vida já pronta, e eu caí nessa asneira. Foi ganância mesmo. Uma ilusão danada”, disse.
Lessa prestou depoimento nesta terça-feira (27) por 5 horas. Ele reafirmou conhecer os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão há mais de 20 anos. Com eles se reuniu três vezes para tratar da morte da vereadora Marielle Franco.
Duas, antes do crime. A terceira vez foi após a morte de Marielle e de Anderson. Nesta ocasião, segundo Lessa, Domingos Brazão estava muito nervoso. De acordo com o seu relato, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado falava alto. Já Chiquinho, afirma Lessa, estava de braços cruzados e só observava.
Lessa conta que a todo momento, Domingos Brazão garantia que ele não deveria se preocupar com a elucidação dos crimes. Ele conta que o então chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa “viraria o canhão para o outro lado”.
“Fica tranquilo. O Rivaldo (Barbosa) está vendo isso aí. Se não der, nós temos promotores, juízes, desembargadores. Se for o caso nós vamos por cima”, conta Lessa.
O ex-policial volta a depor nesta quarta-feira (28) por videoconferência.
O que dizem os irmãos Brazão
A defesa de Domingos Brazão afirmou que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa e que não há provas da narrativa apresentada.
Os advogados de Chiquinho afirmaram que a delação de Lessa “é uma desesperada criação mental na busca por benefícios, e que são muitas as contradições, fragilidades e inverdades”.

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