Contato foi para negociar benefícios em processos de Lessa que não estão ligados ao assassinato de Marielle e Anderson. O acordo de delação premiada de Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, só saiu do papel depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou promotores do Rio para validar a unificação de penas e condenações futuras em pelo menos dez casos de processos criminais e investigações que envolvem o ex-PM.
O Ministério Público Federal, em Brasília, acionou os promotores para tentar costurar essa unificação, uma vez que vários promotores não têm conexão direta com as investigações sobre o assassinato da vereadora, seis anos atrás. Eles foram consultados para saber se aceitariam eventuais benefícios legais para Lessa a partir da delação sobre caso Marielle.
A proposta dos termos de uma delação premiada é uma via de mão dupla. O colaborador entrega o que sabe e, em contrapartida, recebe benefícios da Justiça caso a delação avance e se concretize.
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Assim, uma engenharia jurídica do acordo foi costurada pela PGR, considerando todo histórico de casos envolvendo Ronnie Lessa. Uma vez finalmente obtido o sinal verde das partes em outros casos, a delação premiada caminhou para ser referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo fontes envolvidas no caso Marielle, a Polícia Federal (PF) recebeu da PGR diversos pedidos de diligências a partir do relatório final apresentado ao STF.
As partes estão em conversas constantes. As diligências estão em curso e ainda não se bateu martelo de quando uma denúncia será oferecida contra os mandantes.